quinta-feira, 14 de julho de 2011

Nova espécie de Rivulus

Uma nova espécie do gênero Rivulus é descrita da bacia do Rio Negro na Venezuela. Rivulus staecki, pertencente ao subgênero Owiyeye, é descrito do alto rio Negro, no sul da Venezuela (estado Amazonas), próxima ao  Brasil. Se diferencia das espécies do subgênero por uma combinação única de dos seguintes caracteres: Nadadeira caudal truncada, nadadeira pélvicas alargadas nos machos, presença de ocelo na região superior do pedúnculo caudal em ambos os sexos (normalmente encontrado apenas nas fêmeas do gênero Rivulus) e de 35 a 38 escamas na série longitudinal.

 Rivulus staecki - macho

Etimologia. Em homenagem a Wolfang Staeck (Berlim, Alemanha), ex-presidente da Deutsche Cichliden-Gesellschaft, colecionador da espécie-tipo e pelas contribuições a taxonomia das famílias Rivulidae e Cichlidae. 

Distribuição e habitat. Conhecidos apenas na localidade tipo, uma lagoa na bacia do Rio Negro, a cerca de 20 km ao sul de San Carlos de Rio Negro na aldeia Darigua (Amazonas, Venezuela). A água da lagoa era clara de coloração castanha (chá), mole e com pH muito ácido (pH 4,4). A temperatura foi de 25,4 ° C e sua condutividade elétrica <10 mS / cm.

 Rivulus staecki - fêmea

Para saber mais. 
Ingo Schindler and Stefano Valdesalici. Rivulus staecki, a new killifish (Teleostei: Cyprinodontiformes: Rivulidae) from the upper Rio Negro drainage in southern Venezuela. Vertebrate Zoology 61 (1) 2011.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nova espécie de Rivulus

Uma nova espécie de Rivulus é descrita da região norte do Brasil. Nomeada de Rivulus albae, a espécie é membro do subgênero Melanorivulus e se distingue das demais espécies deste clado por possuir barras marrons oblíquas no flanco, freqüentemente em forma de divisa com o vértice posterior. Difere de Rivulus decoratus por ter menos escamas em séries laterais, mais raios branquiostegal e mais raios na nadadeira anal.

Rivulus albae

Etimologia. Nomeado em homenagem a Alba Garcia, a filha do segundo autor.

Nome popular. Conhecido como Rivulus spec. “Savanne” segundo Hessfeld & Bitter 1998

Distribuição. Rivulus albae é conhecido de poucas localidades pertencentes ao Lago Comprido e o rio Tartaruga Grande (Estado do Amapá, nordeste Brasil) a uma altitude média de 50 metros acima do nível do mar.

Rivulus albae recém coletado

Notas do hábitat. Rivulus albae foi coletado em áreas de transição entre cerrado e florestas próximos a corpos d'água de grande porte cristalinos, lagos e lagoas com densa vegetação subaquática.
Na localidade-tipo a temperatura da água foi de cerca de 38 ° C às 12:00 am. A águas apresentava pH levemente ácido (entre pH 6 e 6,5), com uma condutividade muito baixa (cerca de 30 microsiemens / cm). Uma espécie Fluviphylax foi coletada juntamente com R. albae em todos os locais de coleta. Associado a isto, em algumas localidades foram encontradas Copella arnoldi, Hoplias malabaricus, e espécies de Nannostomus.

Localidade tipo

 Para saber mais:
Stefano Valdesalici, José Ramón García Gil and Dalton Tavares Bressane Nielsen. Rivulus albae, a new species of killifish (Teleostei: Cyprinodontiformes: Rivulidae) from northeastern Brazil. Vertebrate Zoology 61 (1) 2011.

domingo, 3 de julho de 2011

Novas espécies de Baryancistrus

Duas espécies novas de hipostomíneos do gênero Baryancistrus são descritas da bacia do rio Xingu. Baryancistrus xanthellus se diferencia de todas as outras espécies de Baryancistrus pela presença de pontos amarelos em todo o corpo e presença de manchas conspícuas amarelas nas pontas das nadadeiras dorsal e caudal. Baryancistrus chrysolomus se distingue de seus congêneres pela sua coloração escura uniforme e presença de uma faixa amarela nas nadadeiras dorsal e caudal. Apesar de não estarem formalmente descritos, esses peixes são muito populares no comércio aquariofilista internacional. Esperamos que essas descrições formais contribuam para melhorar a regulamentação brasileira no comércio internacional de loricariídeos ornamentais.

Baryancistrus xantellus

 
Coloração em vida. Corpo castanho escuro no dorso e laterais mais pálidos, sobre o abdômen. Numerosos e brilhantes pontos amarelos de mesmo tamanho sobre a cabeça, corpo, nadadeira dorsal, peitoral, pélvica, adiposa e caudal. Pontos amarelos quase do tamanho da pupila em juvenis, tornando-se proporcionalmente menores, mais numerosas e um pouco mais pálida em adultos. 
Espécimes jovens apresentam faixa amarela larga no terço distal da nadadeira caudal e nadadeira dorsal. Nos adultos, as manchas das nadadeiras dorsal e caudal tornam-se reduzidas.

Etimologia. Do grego Xanthellus = amarelo, devido a brilhante coloração amarela dos espécimes.

Nome popular. Conhecida no comércio aquaristico como "Amarelinho", Cascudo pepita de ouro", L018 e L085, Golden Nugget Pleco ou Iriri Golden Nugget Pleco - L177.

Notas ecológicas. Baryancistrus xanthellus é um das espécies mais observados nas corredeiras do rio Xingu, na área conhecida como "Volta Grande do Xingu" perto da cidade de Altamira, Estado do Pará. Espécimes jovens de B. xanthellus ocorrem em grupos de vários indivíduos em rochas no fundo do trechos rápidos. loricariid Outras espécies de loricariideos encontradas são Ancistrus spp., Oligancistrus punctatissimus, e uma espécie não descrita de Oligancistrus, indivíduos jovens de Baryancistrus aff. niveatus, Parancistrus nudiventris e Pseudancistrus sp. 
Espécimes adultos ocupam espaços maiores entre e sob pedregulhos submersos, bem como os espécimes maiores de Baryancistrus aff. niveatus, Scobinancistrus aureatus, Scobinancistrus cf. pariolispos e Hypostomus spp. A dieta de três espécimes examinados de B. xanthellus foi composta principalmente de algas diatomáceas e filamentos soltos de Spirogyra, que são comumente encontrados associados com sedimentos finos de areia e nos intestinos longos de loricariídeos (comprimento intestinal até 16 vezes o comprimento do corpo). Briozoários ocasionais e larvas de Chironomidae também foram encontrados. Observações subaquáticas  indicam que o alimento é raspado da superfície submersa rochas suavemente pelos dentes numerosos e bem espaçados.


Baryancistrus chrysolomus


Coloração em vida. Corpo marrom escuro ao verde-oliva no dorso e nas laterais mais pálidas, sobre o abdômen. Manchas muito pálidas sobre o corpo, dificilmente visível nas nadadeiras. Jovens com umaa faixa laranja na região distal das nadadeiras dorsal e caudal, tornando-se estreitas nos adultos.

Etimologia. Do grego Chryso, que significa laranja ou amarela, devido a faixa colorida na borda das nadeiras caudal e dorsal.

Nome Popular. Esta espécie é comumente conhecida no mercado aquaristico como "aba laranja", "Cascudo Magnum", "Mango Pleco" ou L047. 

Notas ecológicas. Baryancistrus chrysolomus parece ser muito mais raro do que B. xanthellus nos trechos rápidos de "Volta Grande "no rio Xingu. Nas áreas de corredeiras marginais, perto das margens do rio, são encontrados um ou dois indivíduos. Os indivíduos foram encontrados em rochas em locais com lenta a moderada água corrente, normalmente com acúmulo de sedimentos sobre as rochas e fundo do rio.
Outras espécies de loricariideos encontrados no mesmo habitat foram Peckoltia vittata e indivíduos jovens de Hypostomus spp. Adultos de B. chrysolomus foram coletados sob grandes rochas planas no fundo do rio, em locais com considerável quantidades de sedimentos finos. A dieta de B. chrysolomus (apenas dois espécimes analisados) é muito semelhante à descrita para B. xanthellus e foi composta por algas soltas (principalmente diatomáceas) e larvas de invertebrados ocasionais associados sedimentos finos e grãos de areia.
Mapa da área do baixo rio Xingu, mostrando os locais de coleta de Baryancistrus xanthellus (triangulos) and Baryancistrus chrysolomus (quadrados).


Para saber mais. Lúcia Rapp Py-Daniel, Jansen Zuanon and Renildo Ribeiro de Oliveira. Two new ornamental loricariid catfishes of Baryancistrus from rio Xingu drainage (Siluriformes: Hypostominae) Neotropical Ichthyology, 9(2):241-252, 2011.