quinta-feira, 23 de julho de 2009

Família Callichthyidae

A família Callichthyidae é encontrada em toda a América Neotropical, sendo conhecidas como peixes-gatos blindados devido à presença de duas séries longitudinais de placas em cada lado do corpo que lhes conferem uma armadura óssea. Possuem grande variação de tamanho onde, por exemplo, algumas espécies de Corydoras alcançam cerca de 20 milímetros e a espécie Hoplosternum littorale, cresce até aproximadamente 160 milímetros de comprimento padrão. O gênero Corydoras é um dos mais diversos e mais conhecidos por aquaristas de todo o mundo.

Corydoras aeneus

A maioria das espécies de Callichthyidae são bentônicos, e comem principalmente invertebrados aquáticos como microcrustáceos e insetos, inclusive detritos vegetais. Esta família possui mais de 160 espécies agrupada em oito gêneros.

Aspidoras pauciradiatus

Os representantes dessa família habitam uma variedade de hábitats diferentes, desde pequenos riachos de águas rápidas e oxigenadas, até rios de grande porte, incluindo também poças e locais pantanosos, onde o oxigênio pode ser praticamente ausente. Para sobreviver nestes hábitats, estes usam o intestino como um órgão respiratório acessório, onde o ar é coletado na superfície da água e engolido, e eventualmente é expelido através do ânus.

Scleromystax barbatus

Ao contrário dos peixes-gatos das famílias Loricariidae e Trichomycteridae que praticam a respiração aérea somente em caso do hipóxia, a família Callichthyidae respira o ar continuamente sob todas as condições da água. Entretanto, o ar engolido tem um papel mais importante na manutenção do contrapeso hidrostático do que na respiração, contribuindo com o aproximadamente 75% do ar necessário para a flutuabilidade.

Dianema urostriatum

Os hábitos reprodutivos da família são muito variados e interessantes. Os gêneros Aspidoras, Corydoras e Scleromystax, como a maioria dos siluriformes, colocam seus ovos em rochas, folhas ou outras superfícies. Megalechis, Lepthoplosternum, Hoplosternum e Dianema, possuem um comportamento interessante, construindo ninhos de flutuação a base de espuma e restos vegetais.
Megalechis thoracata

A família Callichthyidae apresenta muitas características derivadas, sendo as mais interessantes o canal sensorial da linha lateral reduzido com 1 a 6 placas; canal sensorial do pré-opérculo não conectado ao ramo pré-opercular; ossos infra orbitais expandidos como placas; segundo infra orbital com uma expansão laminar interna, dando forma à parede posterior da órbita; pré-maxilar sem dentes; dentário com um processo mediano para a inserção do músculo inter mandibulares; abertura lateral da bexiga de gás parcialmente fechado por uma expansão oca (para uma lista completa de sinapomorfias e caracteres veja Brito, 2003; Reis, 1993, 1997). Esta família é reconhecidamente monofilética, sustentada por diversas características derivadas, apresentando duas subfamílias, Callichthyinae Hoedeman, 1952 e Corydoradinae Hoedeman, 1952, cada uma suportada por diversas sinapomorfias.

Hoplosternum littorale

Distribuição geográfica
Esta família é endêmica da América Neotropical, sendo encontrada em diversas drenagens como Paraná-Paraguai, São Francisco, Amazonas, Orinoco, Maracaibo, Magdalena e bacias costeiras atlânticas no Brasil. Apresentam uma grande diversidade principalmente na drenagem Amazônica.

Callichthys callichthys

Referências
Britto, M. R. 2003. Phylogeny of the subfamily Corydoradinae Hoedeman, 1952 (Siluriformes: Callichthyidae), with a definition of its genera. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 153: 119-154.
Burgess, W.E. 1987. Corydoras and related catfishes - a completeintroduction. T.F.H. Publications, Neptune City, 128p.
Burgess, W.E. 1989. An atlas of freshwater and marine catfishes. A preliminary survey of the Siluriformes. T.F.H. Publications,Neptune City, 784p.
Pinna, M.C.C. 1992. A new subfamily of Trichomycteridae (Teleostei, Siluriformes), lower Loricarioid relationships, and a discussion on the impact of additional taxa for phylogenetic analysis. ZoologicalJournal of the Linnean Society, 106:
Reis, R.E. 1997. Revision of the Neotropical catfish genus Hoplosternum(Ostariophysi, Siluriformes, Callichthyidae), with the description of two new genera. Ichthyol. Explor. Freshwaters, 7(4):299-326

Fotos
Cinthia Emerich
Ricardo Britzke
Ricardo Kobe
Teq
Wesley Danes

Agradecimentos
Leandro Villa Verde

Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma nova espécie de Hemigrammus

Uma nova espécie do gênero Hemigrammus é descrita de afluentes do igarapé Juruti Grande e do rio Arapiuns, baixo rio Amazonas, Estado do Pará, Brasil. Descrita pelos ictiólogos Flávio Lima, Wolmar Wosiaki e Cristiane Ramos como Hemigrammus arua, a nova espécie pode ser facilmente diagnosticada de todos seus congêneres, exceto H. stictus (Durbin), por possuir uma única, grande mancha umeral que se estende da quinta ou sexta escamas à margem posterior da oitava à décima escama da linha lateral. Ela pode ser distinguida de H. stictus por possuir uma extensão da mancha umeral pronunciada e anteriormente orientada, o que lhe confere uma forma de vírgula invertida e por possuir um padrão de colorido distinto em vida.


Coloração em vida: Corpo com coloração marrom da cor de terra. Área opercular, ossos faciais e área abdominal dourada esverdeada brilhante até a base da nadadeira peitoral. Área ventral abaixo da base da nadadeira peitoral prateada. Nadadeiras dorsais, adiposas, caudais, e anais de coloração alaranjado-avermelhadas intenso. Nadadeiras pélvicas amareladas e nadadeiras peitorais translúcidas.


Dimorfismo sexual: Não detectado. Ganchos ósseos na nadadeira anal e pélvicas nos machos maduros não foram encontrados, uma das características mais comuns entre os caracídeos.

Distribuição geográfica: Encontrado no alto rio Arapiuns (rio Branco e rio Aruã), bacia do rio Tapajós


Notas ecológicas: Os espécimes de Hemigrammus arua foram coletados em áreas marginais rasas, com abundantes macrófitas aquáticas, emergentes e não emergentes. Foram encontrados no intestino dos mesmos, larvas de inseto (formas aquáticas e terrestres), insetos e vegetal.

Etimologia. Arua faz alusão a localidade tipo do espécime, um substantivo na justaposição.


Para saber mais: LIMA, F. C. T. ; WOSIACKI, W. B. ; RAMOS, C. Hemigrammus arua, a new species of characid (Characiformes: Characidae) from the lower Amazon basin, Brazil. Neotropical Ichthyology, v. 7, p. 153-160, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Nova espécie de Moenkhausia

Uma nova espécie do gênero Moenkhausia é descrita no rio Sepotuba, bacia do rio Paraguai, Brasil. Descrita pelos ictiólogos brasileiros Ricardo Benine, Tatiane Mariguela e Cláudio de Oliveira, a nova espécie foi denominada Moenkhausia forestii. Essa nova espécie é diagnosticada de seus congêneres por caracteres relacionados ao padrão de colorido do corpo, número de escamas da linha lateral, grau de desenvolvimento dos poros sensoriais na linha lateral e número de séries de escamas acima e abaixo da linha lateral.
Uma análise molecular usando sequências parciais do gene mitocondrial Citocromo Oxidase I de espécimes representativos da nova espécie e espécimes pertencentes a espécies morfologicamente similares demonstrou que M. forestii é facilmente diferenciada por sua elevada distância genética e por sua posição na hipótese filogenética obtida pelo método de máxima parcimônia. A análise de três amostras de M. oligolepis também revelou que estas apresentam distâncias genéticas elevadas e pertencem a grupos monofiléticos distintos, sugerindo que esta espécie corresponda a um complexo de espécies e não uma única espécie.


Coloração: Prata escuro a amarelado (dependendo do grau de retenção da guanina). Cromatóforos escuros concentram-se na margem das escamas, tendo como resultado o padrão reticulado conspícuo. Região dorsal mais escura do que flancos. Região umeral com a mancha triângular. Poucos cromatóforos escuros dispersos nos infraorbitais e opérculo. Listra fina e escura que estende ao longo da metade posterior do corpo. Nadadeira caudal com uma mancha escura. Pedúnculo caudal com muitos pigmentos escuros dispersos, tendo como resultado uma mancha conspícua e uma área mais clara antes. Nadadeira dorsal com a pigmentação escura dispersa, concentrada mais na metade anterior. Nadadeira anal com pigmentação escura dispersa.


Distribuição geográfica: Moenkhausia forestii é encontrada no rio Sepotuba. Este é um tributário do alto Paraguaí.


Etimologia: Forestii, epíteto específico, em honra a Fausto Foresti, por suas contribuições para o conhecimento da genética de peixes.

Dimorfismo sexual: Ganchos ósseos nas nadadeira anal nos machos.



Para saber mais: Benine, R.C.; Mariguela, T.C.; Oliveira, C. New species of Moenkhausia Eigenmann, 1903 (Characiformes: Characidae) with comments on the Moenkhausia oligolepis species complex. Neotropical Ichthyology, v. 7, n. 2, 2009.

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um caracídeo raro e pouco conhecido

O gênero Rachoviscus foi proposto por Myers em 1926 para abrigar a espécie tipo R. crassiceps.
A descrição da espécie foi baseada na análise de dois exemplares provenientes dos arredores do Rio de Janeiro, que foram transportados para a Alemanha por Arthur Rachow via comércio de peixes ornamentais para aquarismo.

Weitzman & Cruz (1981) não concoradam com a hipótese de que o material utilizado por Myers na descrição seja proveniente do Rio de Janeiro, pois esta espécie nunca mais foi encontrada nos riachos costeiros deste Estado. A hipótese mais aceita é de que a localidade-tipo seja o sul da cidade de Paranaguá, no estado do Paraná, pois os autores utilizaram novos exemplares capturados nessa região para a redefinição da localidade tipo de R. crassiceps.


Rachoviscus crassiceps

Os mesmos autores descrevem ainda uma segunda espécie para o gênero, R. graciliceps, na região costeira da Bahia, a aproximadamente 1 km ao norte da cidade de Prado - BA, a qual é facilmente distinguida de R. crassiceps. Os primeiros registros de R. graciliceps na natureza datam de 1977, segundo os autores.

Segundo Abilhoa, Bastos & Wegbecher (2007), a principal dieta de R. crassiceps inclui microcrustáceos, insetos aquáticos e terrestres, algas, matéria orgânica e aracnídeos, sendo que os indivíduos maiores se alimentam principalmente de insetos terrestres, insetos imaturos aquáticos (larvas e pupas) e algas filamentosas; enquanto que os indivíduos menores alimentaam-se basicamente de insetos imaturos aquáticos e microcrustáceos. Embora não se tenha estudos alimentares de R. graciliceps, com certeza esta espécie também possui os mesmos hábitos alimentares.


Rachoviscus graciliceps

Ambas espécies vivem riachos de água escura com cor de chá, sendo encontrados somente em ambientes preservados. Se destacam pelo belo colorido com tons de vermelho no corpo e de amarelo sobre as nadadeiras, despertando os interesses de aquaristas de todo o mundo, mas mesmo em cativeiro são considerados raros.

Desde 2005 se encontram na lista vermelha de fauna ameaçada do IBAMA, por serem bem vulneráveis às alterações ambientais, como a destruição de seus habitats em decorrência dos processos de ocupação humana.


Referência Bibliográficas

Abilhoa, V. ; Bastos, L. P. ; Wegbecher, F. X. Feeding habits of Rachoviscus crassiceps (Teleostei: Characidae) in a coastal Atlantic rainforest stream, southern Brazil. Ichthyological Exploration of Freshwaters, v. 18, p. 227-232, 2007.

Machado, A. B. M. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo s espécies quase ameaçadas e deficientes em dados/ A. B. M. Machado, C. S. Martins & G. M. Drummond. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 160p.

Myers, G. S. Eine neue Characinidengattung der Unterfamilie Cheirodontinae aus Rio de Janeiro, Brasilien. Blätter für Aquarien- und Terrarien-Kunde. Stuttgart. v. 37 (no. 24): 1-2, 1926.
Sarmento-Soares, L. M., MARTINS-PINHEIRO, R. F. Rachoviscus graciliceps (Characidae: Incertae Sedis) sobrevivente nos pequenos riachos do extremo sul da Bahia, Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia, v. 85, p. 4-5, 2006.
Weitzman, S. H.; Cruz, C. A. G. The South American fish genus Rachoviscus, with a description of a new species (Teleostei: Characidae). Proceedings of the Biological Society of Washington v. 93 (no. 4): 997-1015, 1981.
Fotos:

Frank Teigler
Peter and Martin Hoffmann

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nova espécie de peixe na Bacia do rio Jequitinhonha


Biólogos da CEMIG descobriram na bacia do rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma nova espécie de peixe. O animal é um tipo de piau descoberto no córrego Vacaria, no município de Padre Carvalho. A descoberta é fruto do monitoramento realizado pela equipe de ictiofauna como parte das ações ambientais da usina.
O piau (gênero Leporinus) tem pequeno porte, cerca de 10 cm, e possui como característica marcante a presença de bolas escuras grandes e médias distribuídas ao longo do corpo.



Leporinus sp.

O trabalho da equipe de peixes, desenvolvido sob a coordenação do Programa Peixe Vivo da Cemig, acontece na área do reservatório da usina. As ações buscam monitorar o reservatório e seu entorno e descobrir áreas de reprodução dos peixes antes e depois da barragem e nos principais afluentes do Jequitinhonha.

As atividades de estudo de peixes são desenvolvidas no rio Jequitinhonha desde a localidade de Terra Branca, no município de Bocaiúva, acima do reservatório. Ocorre também em áreas do reservatório, como Malhada, em José Gonçalves de Minas, e em cursos d’ água que deságuam ainda em localidades como o córrego Vacaria e a próximo à comunidade do Jatobá, em Coronel Murta.
De acordo com o biólogo Francisco Andrade Neto as campanhas realizadas na região vai compor um banco de dados importante. – Com ele, poderemos identificar os locais de ocorrência dos peixes, sua dieta, hábitos reprodutivos e a variedade existente. Tudo isso facilitará a identificação da densidade de peixes e a definição de medidas de preservação, acredita.





ESPÉCIE
Segundo Francisco Andrade, o piau encontrado agora provavelmente tem distribuição restrita. – Nas seis vezes em que nós capturamos esse peixe, foi sempre na mesma região do Vacaria, no município do Padre Carvalho, salienta. No entanto, o biólogo ressalta a importância da descoberta, uma vez que a ictiofauna nativa ainda é pouco estudada.
No rio Jequitinhonha ocorre 35 espécies de peixes descritas, entre ele o gênero “leporinus”, que inclui o piau encontrado. Há quatro grupos de piau conhecidos. Nesses grupos, existem seis espécies restritas à bacia Amazônica e rio Orenoco e outra é endêmica da Bacia do São Francisco. A descoberta será confirmada cientificamente, trabalho que vem sendo feito por pesquisadores da Fundação Biodiversitas.



Fonte: O Norte de Minas

terça-feira, 19 de maio de 2009

Três novas espécies do gênero Melanochromis


Três novas espécies do gênero Melanochromis são descritas na costa oriental do lago Malawi. Descrita pelos pesquisadores Gertrud Konings-Dudin, Adrianus Konings e Jay Stauffer Jr.; a mesmas foram nomeadas de M. kaskazini, M. wochepa e M. mossambiquensis.

Melanochromis kaskazini difere de seus congêneres pela coloração azul cobalto sem nenhuma listra colorida clara na região lateral do corpo nos machos, e a coloração branca nas fêmeas com uma nadadeira anal amarelo-alaranjada. Machos de M. lepidiadaptes possuem um padrão similar de coloração, mas diferem de M. kaskazini através de uma série de caráteres mensurais. Esta espécie era conhecida como Melanochromis sp. “northern blue”.

Melanochromis kaskazini

Observações ecológicas: Melanochromis kaskazini vive em profundidades de 5 a 40 metros, se alimenta de invertebrados e pequenos peixes. Em muitas localidades, foi visto através de mergulhos, geralmente solitários, sendo que em Makonde e Manda pequenos grupos foram vistos freqüentemente, sendo em sua maioria machos jovens e não se observou o territorialismo entre eles.
Distribuição: Melanochromis kaskazini foi encontrado na região nordeste do lago, entre Nkanda (9° 33.352’ S, 34° 6.479’ E) e Lundu (10° 42.535’ S, 34° 39.002’ E).
Etimologia: Kaskazini é um epíteto que significa “norte” em Kiswahili, a língua falada pelos habitantes da região de distribuição da espécie.

Melanochromis wochepa é distinto de seus congêneres pela combinação de um vômer íngreme-angular, coloração padrão azul sem listras brancas nos machos, fêmeas com uma faixa dorsal submarginal mais larga que a lista dorso e listras amarelas abdominais nunca que cobrem o abdômen por inteiro, e por uma série de caracteres mensurais. Esta espécie era conhecida como
Melanochromis dialeptos.

Melanochromis wochepa

Distribuição: Melanochromis wochepa é encontrado na região leste entre Nkhungu Point (12°
58.849’ S, 34° 45.814’ E) e o rio Lumessi (13° 8.987’ S, 34° 47.893’ E) em Moçambique.
Observações ecológicas: Seu habitat e comportamento são similares a M. auratus e M. dialeptos. Vive na região rochosa do lago, sendo encontrados normalmente solitários. Alimentam-se de algas e diatomáceas basicamente.
Etimologia: Um epíteto em oposição, que deriva da língua local Chinyanja, que significa “pequeno” referindo-se a pequeno tamanho dos adultos desta espécie.

Melanochromis mossambiquensis, é distinta de seus congêneres por uma combinação do vômer íngreme-angular, fêmea com uma listra preta média na lateral do corpo e uma dorso lateral mais estreita na margem da nadadeira dorsal, listras amarelas abdominais que não cobrem o abdômen e pontos pretos na nadadeira caudal. Machos possuem coloração marrom-negra com listras azuladas na lateral do corpo e outra na região da margem da nadadeira dorsal, e uma série de caracteres mensurais. Esta espécie era conhecida como Melanochromis sp. “auratus elongate”.

Melanochromis mossambiquensis

Distribuição: Melanochromis mossambiquensis ocorre entre Chuanga (12° 38.278’ S, 34° 47.264’ E) e Nkhungu Reef (12° 57.434’ S, 34° 45.498’ E) em Moçambique.
Observações ecológicas: Melanochromis mossambiquensis é muito comum em Minos Reef (localidade tipo) e geralmente habita locais intermediários entre rochas e areia. Machos adultos são normalmente solitários e raramente visto em grupos.
Etimologia: Refere-se a Moçambique, devido sua ampla distribuição na costa do lago desse pais.

Lago Malawi

Maiores informações em: Konings-Dudin, G; Konings, A. F.; Stauffer-Jr., J. R. Descriptions of three new species of Melanochromis (Teleostei: Cichlidae) and a redescription of M. vermivorus. Zootaxa 2076, pp. 37-59.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma nova espécie do gênero Gymnogeophagus

Uma nova espécie do gênero Gymnogeophagus é descrita dos rios Negro e Tacuarí, bacia do rio Uruguai. Descrito pelos ictiólogos uruguaios Iván González-Bergonzoni, Marcelo Loureiro e Sebastián Oviedo, a nova espécie foi denominada Gymnogeophagus tiraparae, distinguindo de seus congeneres pela presença dos seguintes caracteres: gibosidade adiposa na cabeça mais alta que a borda distal da nadadeira dorsal, gibosidade adiposa com perfil anterior vertical, se extendendo desde o lábio superior até a origem da nadadeira dorsal, duas séries de pintas azul celeste levemente ovaladas na parte proximal da nadadeira dorsal e uma série de linhas azul celeste nas porções posterior e distal da nadadeira, algumas vezes fusionadas com uma segunda série de pintas ovaladas e sempre apresentando um fundo vermelho entre as pintas, nadadeira caudal com pintas alinhadas verticalmente na borda distal. De acordo com esses caracteres e uma recente análise filogenética molecular, a nova espécie é proximamente relacionada à G. gymnogenys.


Coloração: Marrom na região dorsal do corpo nos adultos. Na maior parte do corpo é acastanhado com reflexos esverdeados, com o um grande mancha escura no dorso da cabeça e dois grandes pontos escuros no flanco do corpo. Machos adultos possuem o ventre amarelado e fêmeas adultas na cor oliva claro. Apresentam pontos azuis brilhantes pequenos e numerosos.
Corcunda adiposa, quando presente, com coloração acastanhada sem linha escura anterior ao olho, listra suborbital geralmente ausente ou difusa em machos reprodutivos. Nadadeira dorsal amarelada a avermelhada com pontos azuis, nadadeira caudal com cor avermelhada nos adultos, nadadeira peitoral hialina, nadadeira pélvica com listras azuis e nadaderia anal amarelada a avermelhada com pontos azuis espalhados.


Etimologia: Tiraparae se refere a María Luisa Tirapare, uma mulher Guaraní que fundou e desaáreceu desapareceu da cidade de San Borja del Yí (perto da primeira localidade onde a espécie nova foi encontrada), a última cidade nativa dentro da Terra Uruguaia, onde os nativos, os escravos africanos fugitivos, os gaúchos e outros estranhos viveram juntos.

Distribuição geográfica: Gymnogeophagus tiraparae é distribuído na bacia do médio rio Negro, incluindo os tributários principais (bacia do rio Uruguai) e no río Tacuarí (bacia da Laguna Mirim)


Notas ecológicas: As localidades onde a espécie nova foi coletada estão em grandes rios com águas desobstruídas, com fundo arenoso ou rochoso, e pouca vegetação.

Para saber mais:
González-Bergonzoni, I. ; Loureiro M. ; Oviedo, S. A new species of Gymnogeophagus from the río Negro and río Tacuarí basins, Uruguay (Teleostei: Perciformes) Neotropical Ichthyology, 7(1):19-24, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sábado, 18 de abril de 2009

Uma nova espécie de Jupiaba

Uma nova espécie do gênero Jupiaba é descrita do rio Curuá, um tributário do rio Iriri, bacia do rio Xingu, Pará, Brasil.
Descrita pelos ictiólogos brasileiros José Birindelli, Angela Zanata, Leandro Sousa e André Netto-Ferreira, a nova espécie foi denominada Jupiaba kurua, diferindo de seus congêneres pela combinação única de dentes com cúspides aproximadamente de mesmo tamanho, dentes do dentário gradualmente menores posteriormente e pelo colorido, que consiste em manchas escuras na base da maioria das escamas laterais do corpo, mancha umeral alongada e inconspícua, e mancha caudal redonda e conspícua , e 21 a 24 raios ramificados na nadadeira anal. A nova espécie é similar e possivelmente táxon irmão de J. meunieri. Comentários sobre o endemismo da fauna de peixes do alto rio Curuá são fornecidos.


Coloração: Corpo e cabeça que tendem a empalidecer abaixo da linha lateral, sendo mais escuro cima desta. Nadadeira dorsal e adiposas alaranjadas; peitorais, pélvicas, anais e caudais amarelas. Nadadeira anal com uma faixa escura próximo do ponto de origem. Olhos negros em sua maioria, com exceção da região superior que é vermelha.

Dimorfismo sexual: Ganchos ósseos nas nadadeira pélvica e anal nos machos analisados.


Etimologia: kurua, proveniente da língua do tupi, uma alusão a localidade tipo, o rio Curuá. Um substantivo na justaposição.


Distribuição geográfica: Jupiaba kurua é encontrada no alto rio Curuá, acima das duas grandes quedas na Serra do Cachimbo. O rio Curuá é um tributário do rio Iriri, um dos grande tributário do baixo rio Xingu. Coleções feitas abaixo as cachoeiras indicam que a espécie nova pode ser restringida à parcela isolada do rio acima das quedas.


Notas ecológicas: O rio Curuá é um rio de águas límpidas e transparentes. A análise do estômago de seis espécimes revelou a presença de formigas; pequenas vespas; ninfas; larvas de diptera; larvas, crisálidas e adultos de Chironomus; escamas de Characiformes; raios de nadadeira; algas filamentous; sedimento; fragmentos não identificados de inseto e fragmentos vegetais não identificados. Os fragmentos vegetais e algas eram os alimentos principais encontrados nos espécimes examinados, adicionados a presença de insetos aloctones e outros autóctones; sugere que a espécie Jupiaba kurua seja onivora, com uma plasticidade considerável em sua dieta. A larga escala de alimentos na dieta da espécie sugere que ela explore os recursos disponíveis ao longo da coluna d'água.


Para saber mais:
Birindelli, J.L.O.; Zanata, A. M.; Sousa, L. M.; Netto-Ferreira, A. L. New species of Jupiaba Zanata (Characiformes: Characidae) from Serra do Cachimbo, with comments on the endemism of upper rio Curuá, rio Xingu basin, Brazil. Neotropical Ichthyology, 7(1):11-18, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sábado, 11 de abril de 2009

Uma nova espécie de Leporinus

Uma nova espécie do gênero Leporinus é descrita do rio Curuá, um tributário do rio Iriri, bacia do rio Xingu, na Serra do Cachimbo, Pará, Brasil.
Descrita pelos ictiólogos brasileiros José Birindelli e Heraldo Britski, a nova espécie foi denominada
Leporinus guttatus, sendo diagnosticada pelo padrão de colorido que consiste de oito a dez manchas escuras arredondadas sobre a linha lateral e mais 20 a 40 manchas menores sobre o corpo, fórmula dental 3 a 4, boca subinferior a inferior, 37 a 38 escamas na linha lateral, 3-4 séries transversal de escamas e 12 séries de escamas circumpedunculares. A nova espécie se assemelha a L. octomaculatus e L. reticulatus da bacia do alto Tapajós, e L. marcgravii e L. microphthalmus do rio São Francisco e rio Paranaíba, respectivamente. Com base em espécimes recentemente coletados, L. reticulatus é rediagnosticada como tendo um crescimento alométrico do focinho.


Coloração:
Corpo apresentando coloração marrom. Cabeça e corpo gradualmente mais escuro acima da linha longitudinal da boca. Corpo com círculo oito a dez manchas escuras ao longo da linha lateral, três delas ligeiramente maiores e mais conspícuas (uma abaixo da inserção posterior da nadadeira dorsal, outra na origem da nadadeira anal eouta no pedúnculo caudal), além de diversas (aproximadamente 20 a 40) manchas menores dispersaram sobre o corpo. Espécimes menores, com até 80 milímetros de comprimento padrão, possuem poucas manchas (em torno 20) e essas menores dão forma a uma ou duas séries irregulares acima e duas ou três séries irregulares abaixo das manchas na lateral do corpo (Fig. 1b). Espécimes maiores, de 90 milímetros de comprimento padrão, com mais manchas (ao redor 40) e essas são menos numerosas, dando a forma de dois a três séries irregulares abaixo e acima das manchas na lateral do corpo (figo. 1a). As superfícies ventral da cabeça e do corpo são amareladas, sem cromatóforos. A nadadeira adiposa apresenta uma margem escura quando o animal está em vida, e as nadadeiras restantes são praticamente hialinas, com poucos cromatóforos ao longo das margens dos raios. A coloração em vida do espécime se apresenta como a fig. 2.



Etimologia:
Guttatus, um adjetivo do latim, significado manchado, na alusão à presença das manchas escuras e dispersas no corpo, que são mais numerosas nesta espécie de Leporinus do que outras conhecidas no gênero.



Distribuição geográfica:
Leporinus guttatus é encontrado no alto Curuá, acima das grandes quedas da Serra do Cachimbo. O rio Curuá é um tributário do rio Iriri, um grande tributário do baixo rio Xingu. A ausência de L. guttatus das coleções feitas abaixo das cachoeiras, indica que a nova espécie pôde ser restringida a área do rio isolada acima das quedas.



Notas ecológicas:
Os espécimes de Leporinus guttatus foram capturados em um córrego de água cristalina próximo das cachoeiras ou em uma enseada acima de uma cachoeira. Os peixes foram capturados normalmente com redes e durante o pôr do sol.




Para saber mais:
Birindelli, J. L. O.; Britski, H. A. New species of the genus Leporinus Agassiz (Characiformes: Anostomidae) from the rio Curuá, rio Xingu basin, Serra do Cachimbo, Brazil, with
comments on Leporinus reticulatus. Neotropical Ichthyology, 7(1):1-10, 2009

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nova espécie do gênero Labrisomus


Uma nova espécie do gênero Labrisomus é descrita no arquipélago de Fernando de Noronha no nordeste do Brasil. Descrita pelos pesquisadores Ivan Sazima, Alfredo Carvalho-Filho, João Gasparini e Cristina Sazima; a mesma foi nomeada de Labrisomus conditus.


Difere de seus congeneres do Atlântico oeste pela seguinte combinação de caracteres: Cirro da nuca quando comprimido não alcança a origem da nadadeira dorsal, 68 a 75 escamas na linha lateral, primeiro e segundo espinho ligeiramente mais curtos na nadadeira dorsal. Pontos pálidos sobre o corpo de coloração azulada quando em vida, ponto escuro opercular com a margem pálida, larga, incompleta e difusa (alaranjado em vida).


A nova espécie é um bottom-dweller (habitante bentônico) e territorial em costas rochosas, sendo encontrado entre algas e fendas em profundidades de 0,5 a 6 metros de profundidade. É a quinta espécie descrita dentro do gênero Labrisomus encontrado no Atlântico oeste.


Etimologia. Do latim conditus = escondido, uma alusão a esta espécie que não tinha sido identificada.


História natural: Labrisomus conditus é um habitante bentônico e territorial de costões rochosos, sendo encontrado entre algas e fenda. Fêmeas juvenis da espécie são frequentemente encontradas em substratos arenosos perto de rochas. A espécie se alimenta principalmente de crustáceos e moluscos. Os machos na época de reprodução atraem as fêmeas indicando a cabeça avermelhada e as faixas escuras em um fundo mais claro.


Para saber mais:

SAZIMA, I.; CARVALHO-FILHO, A.; GASPARINI, J.L.; SAZIMA, C. A new species of scaly blenny of the genus
Labrisomus (Actinopterygii: Labrisomidae) from the tropical West Atlantic. Zootaxa 2015: 62-68, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©