domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ciência

Peixe ornamental contará com programa do Governo Federal

Mais de US$ 500 milhões. Cerca de 1 bilhão de peixes de aproximadamente 4 mil espécies continentais e 1400 espécies marinhas. É o que movimenta no mundo o comércio de peixes ornamentais. Pequenas belezas dos rios e mares transformadas em animais de estimação. O Brasil, país rico em belezas naturais, é um dos mais importantes fornecedores de espécies do clima tropical, mas convive com uma série de problemas, entre eles a criminalização da atividade, a exportação irregular e a pesca predatória.
Paracheirodon axelrodi
Para debater essas questões e anunciar medidas para o ordenamento e desenvolvimento da atividade no País, o ministro da pesca e da aqüicultura, Altemir Gregolin, realizou em janeiro o Encontro dos Pescadores Artesanais de Barcelos-AM – evento que integra a programação do Festival de Peixes Ornamentais - um dos mais importantes do setor. O diretor de ordenamento controle e estatística da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca do Governo Federal (Seap), Mauro Rufino, também participa do evento e apresentará ações e programas do governo para a pesca e cultivo de peixes artesanais. Entre elas a melhoria da infra-estrutura de produção e a necessidade de alfabetização e capacitação dos pescadores. Ações voltadas à pesquisa com peixes ornamentais também devem ser apresentadas. O governo está formulando e pretende implementar o Programa Nacional de Apoio ao Desenvolvimento da Aqüicultura Ornamental.


Symphysodon discus
No Brasil a maior parte dos peixes ornamentais é proveniente de capturas. O Norte do Pais é pioneiro na pesca e comércio desses animais. Os primeiros registros da atividade datam de 1930. Atualmente os peixes de captura são os mais exportados, enquanto os de cultivo são mais presentes no mercado interno. No mercado interno também são mais comuns os peixes de origem continental. O comércio de peixes marinhos é considerado mais elitista, uma vez que os custos para manutenção dos aquários são maiores.


Pterophyllum scalare
É permitido pela legislação brasileira o extrativismo para fins ornamentais de 172 espécies de águas continentais e 135 marinhas. A produção de aqüicultura de peixes ornamentais no País é quase totalmente voltada para espécies de águas continentais e para o mercado interno, principalmente fornecendo para São Paulo e Rio de Janeiro.


Corydoras britskii

Tradicionalmente, as espécies de águas continentais representam um volume de comercialização superior ao de espécies marinhas. Do volume total comercializado, cerca de 90% é representado por espécimes de águas continentais e 10% por espécimes marinhos. No mundo os maiores fornecedores de peixes ornamentais são: Cingapura, República Tcheca, Estados Unidos, Hong Kong, Japão, Indonésia, Filipinas, Malásia, Israel e Marrocos. Na América do Sul, que representa em torno de 6% do total exportado mundialmente, os países mais representativos são a Colômbia, o Brasil e o Peru, que juntos exportam 96% dos peixes ornamentais desse Continente. O Brasil é o segundo maior exportador da América do Sul, e o décimo sétimo no ranking global em 2005, tendo exportado nesse ano, mais de US$ 4 milhões.

Fonte: SEAP

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Ciência

Instituto de Pesca observa peixes para avaliar a degradação ambiental. A análise dos peixes revela impactos da ação humana.


A presença de peixes encanta os observadores, especialmente se for ampla a diversidade de cores e formas. Silenciosos, esses seres podem dizer muito - para a ciência. É o que mostra a pesquisa desenvolvida no Instituto de Pesca (IP-APTA), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. O estudo busca avaliar a comunidade de peixe de riachos sob os aspectos da composição e da abundância e os impactos de ações urbanas e rurais. A pesquisa também está adaptando um método para avaliar a qualidade ambiental, tendo como parâmetro a ictiofauna.

Ribeirão Guamium

O estudo envolve a microbacia do Ribeirão Guamium, uma das oito que compõem a bacia hidrográfica do Rio Piracicaba, que abrange a região de Campinas e abastece 2,9 milhões de habitantes. O objetivo é avaliar até que ponto os diferentes usos do solo influenciam os riachos, considerando que o Guamium compreende uma região agrícola e urbana, drenando 7 mil hectares, com 17 quilômetros de extensão.

“Procuramos elaborar o método para observar se alguns parâmetros da comunidade indicam degradação ambiental”, diz a pesquisadora do IP-APTA Katharina Eichbaum Esteves. Comparando com outros riachos da região, o estudo apontou que não há perda significativa de espécies – foram identificadas 38, número similar a de outros riachos. Porém, observou-se redução de algumas espécies e proliferação de outras – desequilíbrio que afeta o ecossistema. “Às vezes há espécies predadoras que se alimentam de peixes forrageiros; ao eliminar a base da cadeia alimentar a relação entre as espécies pode ser prejudicada.”

João Paulo Feijão Teixeira, pesquisador e coordenador da APTA, ressalta o valor da pesquisa ao considerar que a biodiversidade tem valor intrínseco. “Não dá para quantificar a eliminação de espécies, há reflexos para o ecossistema como um todo”, diz Feijão.

O Guamium insere-se em uma região agrícola, nos seus trechos iniciais, e em uma região urbana, nos trechos finais, desaguando no Rio Piracicaba. Segundo Katharina Esteves, na área urbana, onde há lançamento de esgotos no riacho, detectou-se a perda de algumas espécies e a explosão populacional de outras, que passam a ser dominantes por se adaptarem às condições. “O chamado “tambiú” adapta-se bem e representa 90% da comunidade nos pontos sob influência do esgoto doméstico”, explica a pesquisadora. Outra espécie dominante é o guarú, indicando que esses grupos apresentam tolerância à poluição, podendo ser indicativas de condições de maior degradação.

Astyanax bimaculatus


O estudo, que resultou na dissertação de mestrado de Cleber Valim Alexandre no curso de Pós-Graduação em Pesca e Aqüicultura do IP-APTA, mostrou também que nos trechos de ocupação urbana há aumento de fósforo, nitrato e nitrito, indicando eutrofização, relacionada ao lançamento de esgoto. Essa condição favorece o aumento da produção de algas, grandes consumidoras de oxigênio, indicando que o meio está recebendo uma grande quantidade de nutrientes. Espécies consideradas intolerantes, como o lambari-do-rabo amarelo, ocorreram apenas nos trechos de melhor qualidade de água.

Embora o Guamium passe por grande área de produção de cana-de-açúcar, nesse estudo não foi observada alteração na comunidade de peixes causada por impacto agrícola. A preservação, nesse caso, pode estar associada à presença da vegetação ripária, que protege o entorno do riacho.
De acordo com Katharina Esteves, muitos são os benefícios da mata, que contribui para reduzir a erosão do solo, responsável pelo aumento de partículas de solo na água, que, por sua vez, aumenta a turbidez e prejudica os peixes que dependem de boa visibilidade para se comunicar ou para buscar abrigo. Ressaltam-se ainda os problemas de saúde causados aos peixes pela ausência da mata ciliar. “A ausência de árvores também pode aumentar a temperatura da água e mudar a estrutura da comunidade de peixes”, explica. A vegetação interfere ainda na cadeia alimentar, já que algumas espécies se alimentam de larvas de insetos, cujos adultos estão nas matas, e as folhas contribuem para a formação de material de fundo de rio, os detritos que são utilizados pelos peixes detritívoros.

Phalloceros caudimaculatus

Bioindicadores reduzem custo de avaliação da degradação

O método que utiliza bioindicadores de condição ambiental é ainda pouco usado no Brasil, mas bastante aplicado nos Estados Unidos. Dentre as vantagens da utilização de recursos bióticos como indicadores da qualidade dos ecossistemas, está o menor custo na avaliação de degradação ambiental, quando comparado, por exemplo, à análise química da água para avaliar a presença de pesticidas, herbicidas ou metais pesados.

O método considera fatores como o número total de espécies, o número de espécies de vida longa, de insetívoros, de piscívoros, de indivíduos com anomalias ou doentes, dentre outras categorias analisadas.

Financiado pela FAPESP, o estudo é feito em comparação com áreas de referência – ou seja, é preciso ter, dentro da mesma bacia hidrográfica, um rio impactado e outro naturalmente preservado. O problema é que, muitas vezes, não há rio em condições naturais em regiões industrializadas. “Por isso é importante estudar a biodiversidade dentro de áreas de conservação para se ter uma idéia de quais espécies ocorrem em condições naturais, sem influência antrópica”, diz a pesquisadora do IP-APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Astyanax bimaculatus


O sistema aponta as conseqüências do problema, como a redução de espécies. “O método é de biomonitoramento, depois o estudo deve buscar as causas do problema”, diz. Esse método poderá ser adaptado para outras regiões e para a avaliação de outros organismos aquáticos, com vistas à indicação de alterações ambientais. "A tecnologia desenvolvida nessa pesquisa poderá ser aplicada em outras áreas do Estado, com a devida adaptação, e contribuir para avaliação da degradação em outras bacias hidrográficas”, afirma Feijão.

Entenda o estudo

Na prática, o trabalho consiste em coletar as espécies de peixes, agrupá-las de acordo com determinadas características biológicas, que vão desde a presença de doenças e anomalias até a tolerância às condições ambientais, verificando quais respondem melhor às alterações na qualidade do ambiente. A partir dessa adaptação, é possível propor a realização periódica de monitoramentos desses ambientes aquáticos. Viabiliza-se a identificação dos trechos mais impactados, da variação desses impactos ao longo do tempo e, conseqüentemente a ação dos agentes perturbadores no ecossistema.



Fonte - APTA


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Ciência

Cientistas australianos identificaram espécies marinhas desconhecidas no fundo do mar durante uma viagem pelas águas do leste da Antártida.


Águas-vivas com tentáculos de até seis metros, uma aranha-do-mar e fungos gigantes foram algumas das espécies que a equipe do navio Aurora Australis encontrou na viagem. A equipe coletou algumas das espécies e registrou a viagem em fotos e vídeo.

As tunicatas encontradas no fundo do mar tem uma aparência vítrea


"As imagens são realmente deslumbrantes", diz Martin Riddle, que liderou a pesquisa no navio. "É impressionante navegar as montanhas e os vales do fundo do mar e ver como os animais vivem em um ambiente sem influências exteriores."

A viagem faz parte do projeto Censo da Vida Marinha Antártica, do governo australiano, que realizará 16 viagens às águas da Antártida entre 2007 e 2009.
A aranha do mar foi uma das descobertas da equipe australiana




O projeto tem o objetivo de fazer um levantamento da biodiversidade, abundância e distribuição das espécies antárticas e estabelecer um banco de dados para futuros estudos. Além disso, os cientistas irão analisar o impacto do aquecimento global nas águas da Antártida.
Espécies coletadas na viagem serão enviadas para universidades e museus para identificação.


"As espécies coletadas durante a viagem serão enviadas para universidades e museus ao redor do mundo para identificação, e para retirar amostras dos tecidos e DNA", afirma Garaham Losie, diretor do projeto. "Certamente novas espécies serão registradas como resultado destas viagens."
Fonte e Fotos: BBC Brasil

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ciência


A construção de uma barragem prejudica o ciclo reprodutivo de diversas espécies de peixes ao impedir que eles nadem rio acima em busca de um local apropriado para a desova. Para minimizar o problema, a solução mais comum é a construção de escadas – seqüências de tanques que formam uma corredeira artificial capaz de estimular a subida dos cardumes.


Astyanax sp.

No entanto, um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, mostra que as escadas para peixes, idealizadas originalmente para salmões na América do Norte, são uma armadilha mortal para as espécies tropicais. O dispositivo aumentaria o risco de extinção das populações que vivem rio abaixo das barragens. O trabalho, de Fernando Pelicice e Angelo Agostinho, foi publicado na edição de fevereiro da revista Conservation Biology e foi objeto de reportagem na revista Nature.
De acordo com Agostinho, o estudo comprovou que as escadas para peixes preenchem todos os requisitos para serem enquadradas no conceito de armadilha ecológica. Idealizadas como medida de conservação, elas atuam como uma fonte adicional de impacto ambiental.

Prochilodus lineatus

“Confirmamos que as escadas apresentam diversos problemas. O principal deles é que, depois de subir, os peixes adultos e as larvas não voltam mais e, assim, não completam o ciclo reprodutivo. Eles acabam confinados no trecho acima do reservatório, onde o ambiente é mais pobre para a reprodução”, disse à *Agência FAPESP*.

O estudo é resultado de uma série de pesquisas em parceria com a Universidade de Tocantins. Foram observadas as escadas dos reservatórios de Porto Primavera, no rio Paraná, do complexo do rio Paranapanema e da usina de Lajeado, no rio Tocantins.

“Reunimos um grande volume de dados que incluíam levantamentos sobre as escadas, reprodução de peixes, larvas e estudos genéticos. Utilizamos esse conhecimento para aplicar o conceito de armadilhas ecológicas”, disse Agostinho.

Em seu ciclo de vida natural, peixes como o Dourado (Salminus brasiliensis), Pintado (Pseudoplatystoma corruscans), Piracanjuba (Brycon orbignyanus), Pacu (Piaractus mesopotamicus) e Curimbatá (Prochilodus lineatus) migram rio acima durante a época de cheia para desovar em tributários.
Salminus brasiliensis

Mas a volta é fundamental para o ciclo reprodutivo. “Os ovos descem pelo turbilhão das águas enquanto se desenvolvem e, ao chegar na região de várzea, adentram canais e lagoas. Nesses ambientes marginais, desconectados dos rios fora da época de cheia, eles encontram ambiente seguro para crescer. Na cheia seguinte, voltam aos rios e se integram aos cardumes de adultos”, explica Agostinho.


Bom para salmão!

Segundo Angelo Agostinho, as espécies migradoras são afeitas às águas rápidas. Depois de utilizar as escadas para passar ao segmento superior do rio, os peixes não voltam mais, pois são desestimulados ao encontrar as águas paradas do reservatório.

“É efetivamente uma armadilha. O peixe sai do trecho abaixo da barragem, onde poderia completar seu ciclo, e vai para o trecho acima, onde não tem condições de retornar”, destacou.

Na parte de baixo, segundo Agostinho, os peixes e larvas poderiam encontrar águas turvas e meandros apropriados para se abrigar dos predadores. “Na parte de cima ele pode até encontrar tributários do rio onde pode desovar, mas as larvas descem para o reservatório e encontram uma água parada e límpida, onde dificilmente escapam de predadores.”

Piaractus mesopotamicus

De acordo com Pelicice, que é o autor principal do estudo, as escadas foram concebidas para salmonídeos que, vindos do mar, sobem os rios, atravessam as escadas e reservatórios e desovam nas cabeceiras. As escadas funcionam no hemisfério Norte porque os salmões adultos não precisam voltar: eles desovam apenas uma vez na vida e o ciclo se completa numa só jornada. Os peixes da América do Sul, no entanto, desovam diversas vezes na vida.

“No caso dos salmões, a migração descendente ocorre quando o peixe já tem 12 a 15 centímetros. Por isso, quando migra rio abaixo, o peixe jovem tem condições de passar pelo reservatório e pelos vertedouros. Entre nossos grandes migradores, são as ovas que descem passivamente, por 70 ou 80 quilômetros, enquanto se desenvolvem. Quando encontram o reservatório, ficam à deriva e podem ser predadas por qualquer lambari”, disse Agostinho.

Os peixes da América do Sul, segundo Pelicice, deslocam-se ao longo do rio, dispersando-se pela bacia. Se não têm chance de voltar do barramento, o estoque diminui, ao longo do tempo, na juzante (na parte de baixo do rio).


Sem estímulo para retornar

De acordo com Agostinho, as escadas deveriam ser fechadas quando não há locais para os peixes completarem seu ciclo na montante da barragem. “A escada de Lajeado foi fechada, por solicitação do Ibama, exatamente porque se notou que havia prejuízo para a reprodução das espécies. Mas aquela área, ao contrário do caso de Canoas, não caracteriza uma armadilha, pois conta com vastas áreas acima da barragem”, afirmou o professor titular do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Apicultura.


Pseudoplatystoma corruscans

Pelicice ressalta que o dispositivo da escada, em si, não representa dificuldade para que os peixes desçam o rio de volta. “O problema é o reservatório. Quando terminam de subir, eles atravessam a água estagnada em busca do trecho superior de rio. Mas, quando tentam voltar, são desestimulados pelo reservatório e nem alcançam a escada de volta”, explicou.

Segundo Agostinho além de impedir a volta dos peixes adultos e larvas, as escadas não servem para a maioria das espécies. “Elas são implantadas sem um objetivo claro, simplesmente porque há um senso comum que acredita em sua utilidade. Mas só algumas poucas espécies acabam utilizando as escadas, nem sempre as migradoras. Do ponto de vista da conservação, as escadas são ineficazes”, disse.
Para Pelicice, a origem do problema é a ausência de estudos adaptativos. A técnica de escadas do hemisfério Norte foi transposta para a América do Sul sem se considerar o contexto. “Por isso, há diversas deficiências. Há o impacto ecológico, que traz prejuízo às populações, e o problema de seletividade, que é inerente às escadas, porque impossibilita a subida de parte das espécies”, afirmou.

Exemplo de Barragem




Fotos: SBI, Practical Fish Keeping,...

Fonte: Agência FAPESP



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ciência

Cientista cria peixe transparente para ser 'laboratório vivo'

Peixe foi usado para estudar como câncer se espalha

O peixe é uma variedade do popular paulistinha, também conhecido como peixe-zebra – um peixe ornamental de água doce muito comum em lojas de aquarismo do Brasil e que normalmente tem faixas pretas horizontais no corpo.
O peixe foi criado pelo doutor Richard White, do Hospital Infantil de Boston, que disse que a análise do paulistinha transparente pode permitir um melhor acompanhamento de doenças e processos biológicos de evolução rápida.
Segundo White, em estudos sobre o câncer, por exemplo, o método convencional de dissecar um animal com o mal não é satisfatório. "É como tirar uma foto quando você precisa de um vídeo", afirmou.
Experimentos
O próprio pesquisador "testou" o paulistinha transparente, realizando primeiramente um experimento em que analisou a forma como células de um tumor na pele (melanoma) se comportaram depois de terem sido criadas, com um pigmento fluorescente, dentro do abdômen do animal.
Em um período de cinco dias, as células, vistas ao microscópio, pareceram se alastrar da cavidade abdominal para a pele do peixe, onde se sentiriam "em casa".
"Isso nos diz que, quando células de um tumor se espalham para outras partes do corpo, não o fazem de forma aleatória", disse White. "Elas sabem para onde ir."
O pesquisador afirma que os cientistas ainda não sabem ao certo o que leva um tumor cancerígeno localizado a se espalhar para outras partes do corpo, tornando-se posteriormente fatais.
No estudo com o paulistinha, White disse ter sido capaz de ver exatamente como o câncer começou a se espalhar e mesmo como cada célula cancerígena individualmente se multiplicou – em tempo real, em um ser vivo.
Célula-tronco
Em outro experimento que fez, o cientista analisou com detalhes como células-tronco que levam à produção de células de sangue reagiram ao serem transplantadas no paulistinha.
Novamente, o cientista elogiou o uso do peixe transparente, que permitiu até mesmo a observação de células-tronco individuais.
"O que acontece em um organismo vivo é diferente do que o que acontece em uma placa de petri (instrumento cilíndrico de laboratório usado em culturas de células e microrganismos em geral)", disse.
Para criar o novo peixe, o pesquisador simplesmente cruzou duas variedades já existentes de paulistinha, que geraram uma terceira sem pigmentos no corpo.
O paulistinha de White não é o único peixe transparente. Há algumas espécies que naturalmente têm poucos ou nenhum pigmento no corpo, como é o caso do peixe-vidro (Chanda ranga).
Fonte: BBC Brasil