quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Nova espécie de Nannostomus

Uma nova espécie de Nannostomus é descrita do Peru. A mesma foi descrita pelo ictiólogo Axel Zarske como Nannostomus rubrocaudatus. 
A nova espécie é relacionada com N. mortenthaleri e N. marginatus. Sua coloração em vida é extremamente diferente dessas espécies. A nova espécie possui dimorfismo sexual claramente desenvovidos em sua nadadeira anal, igualmente encontrado em N. mortenthaleri e em apenas um população de N. marginatus com coloração diferente do Rio Negro


Nannostomus rubrocaudatus sp. n.

Distribuição: Encontrado em  Saramirisa, departamento de Loreto, Peru. Uma pequena vila no rio Maranõn, entre os deltas dos rios Morona e rio Santiago.


Nannostomus mortenthaleri

Etimologia: Designado de acordo com a coloração dos machos. Do latim Rubro = vermelho e cauda = cauda

Nannostomus marginatus - Pop. Rio Negro


Para saber mais:
Zarske, A. Nannostomus rubrocaudatus sp. n. – ein neuer Ziersalmler aus Peru (Teleostei: Characiformes: Lebiasinidae) Vertebrate Zoology 59, pp. 11–23, 2009.


Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sábado, 26 de dezembro de 2009

Notícias

Aquário de São Paulo tem o primeiro peixe-boi exibido em aquário no mundo.


Tapajós, um peixe-boi amazônico, veio de Manaus (AM) para ser uma das atrações do Aquário de São Paulo. Será o primeiro exemplar da espécie a ser exibido ao público no mundo.
Apesar das medidas generosas, 113 kg e 2,05 m, o macho de nove anos é dócil e extremamente curioso. Ele deverá ficar em Sampa por pelo menos cinco anos. Tapajós vai viver em um tanque especialmente projetado para ele --com capacidade para 1 milhão de litros-do aquário gigante, localizado no Ipiranga, zona sul.

Lá, dividirá o lar com peixes amazônicos, como pirarucu, bagre, jaú e tambaqui. "Tapajós está em processo de adaptação", diz a bióloga-chefe, Laura Ippolito Moura, 35. "Tudo está indo bem. Ele se alimentou já no primeiro dia após a viagem." O peixe-boi está recebendo muitos mimos. Como não é fã de carne, ganha 10 kg de verdura por dia, entre elas escarola, alface e couve. Quando alguém entra no aquário, o animal se aproxima para tocar na mão da pessoa. É o sinal para ganhar uma coçadinha nas costas. 



Laura explica que essa interatividade com o animal é importante para saber se ele está com algum problema. "Assim que for condicionado, virá sempre ao nosso encontro quando entrarmos no tanque. Caso não venha, saberemos que alguma coisa está errada."
Juntar o bicho ao grupo de 2.500 peixes do aquário foi uma verdadeira façanha. Contou com o apoio do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e da Ampa (Associação Amigos do Peixe-Boi). Foram cerca de seis horas de viagem da capital do Amazonas até o Ipiranga, feitas em um avião climatizado e com o suporte da polícia ambiental, com direito a escolta pelas ruas paulistanas.
Durante o trajeto, Tapajós ficou em uma caixa de 2,30 m de comprimento, 1,30 m de largura e 0,80 m de altura com toalhas molhadas sobre seu corpo. "Trouxemos ele para mostrar à população do Sudeste o quanto é importante a preservação da floresta amazônica", explica Laura. "Quando as pessoas veem o bicho, entendem mais essa questão."
Tapajós foi encontrado no rio que deu origem ao seu nome, no Pará, em fevereiro de 2001.
Recém-nascido, fatalmente morreria caso não fosse alimentado. Pescadores alertaram os pesquisadores do Inpa, que imediatamente o levaram para o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do instituto. Por sorte, foi adotado por uma fêmea - chamada Boo - que estava lactante.
Se sua adaptação à cidade der certo, ele deverá ganhar um companheiro até o final deste ano. Matupá, outro macho, é o mais cotado para embarcar rumo a São Paulo e dividir o tanque com Tapajós.


 Peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis)

O Trichechus inunguis é o maior mamífero aquático de água doce do mundo, é exclusivamente herbívoro - se alimenta de plantas aquáticas e semi-aquáticas. Possuem coloração cinza-escuro, ausência de unhas nas nadadeiras peitorais, e podem apresentar manchas brancas na região ventral, essas manchas inclusive servem como uma espécie de “impressão digital” de cada animal. Para a exploração de sua carne, couro e gordura, a mais de 300 anos estes animais são caçados impiedosamente!!!! Apesar da proibição legal esses animais ainda são muito explorados para consumo e comercialização das populações ribeirinhas. A morte desses animais se dá de forma cruel, através de arpões, pauladas e até da introdução de “rolhas” de madeira, levando-o à morte por asfixia. Isso torna essa espécie UMA DAS MAIS AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NO BRASIL.



Diversos institutos e organizações, como o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a AMPA (Associação Amigos do Peixe-boi da Amazônia) trabalham pesado acerca da conservação desses animais, utilizando como ferramenta à educação ambiental, principalmente através da conscientização das comunidades ribeirinhas para que não haja mais exploração do peixe-boi.

Fonte:

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nova espécie de Laetacara

Uma nova espécie de Laetacara é descrita do rio Verde, bacia do rio Araguaia, São Miguel do Araguaia, Goiás, Brasil; e Laetacara dorsigera é re-descrita. A mesma foi descrita pelos ictiólogos Felipe Ottoni e Wilson Costa como Laetacara araguaiae. A nova espécie do rio Araguaia se distingue de todas as espécies do gênero devido seu baixo número de raios da nadadeira dorsal.

 Laetacara araguaiae sp. new

Também difere de L. thayeri por possuir mácula no pedúnculo da nadadeira caudal e possuir escamas ciclóides no lado da cabeça. A nova espécie difere de L. fulvipinnis e L. flavilabris devido a alguns caracteres merísticos. Difere de L. dorsigera por possuir um ectopterigóide fino e por alguns caracteres merísticos, e de L. curviceps e L. dorsigera por não possuir uma mácula na nadadeira dorsal. Laetacara dorsigera difere de L. curviceps e da nova espécie do Araguaia por possuir um ectopterigóide mais largo e por alguns caracteres merísticos e morfométricos.
Laetacara dorsigera difere das demais espécies do gênero devido alguns caracteres morfométricos e merísticos.

Laetacara araguaiae OTTONI & COSTA, 2009

Coloração em vida: Marrom com azul iridescente na parcela inferior do tronco. Duas listras horizontais amarelas do opérculo ate a base da nadadeira caudal. Sete barras transversais interruptas de coloração marrom escura, iniciando-se do opérculo até a base da nadadeira caudal. A maioria das barras posteriores com amarelo iridescente. Pedunculo caudal com pontos azuis e amarelos iridescente. Duas máculas marrom escuras, a primeira de forma elíptica na base da nadadeira caudal e a segunda no meio do corpo, na quinta barra. Cabeça de coloração marrom, com azul irisdescente na porção inferior, abaixo dos olhos; e opérculo com coloração amarela com ponto azuis irisdescentes. Duas listras abaixo dos olhos, com ponto azuis no focinho e acima da órbita dos olhos. Nadadeira dorsal e anal amarelas com pontos azuis irisdescentes em suas margens. Nadadeira caudal amarela com pontos azuis nela toda, sendo azul iridescente em sua margem. Nadadeiras peitorais hialinas e pelvica amarela com barras azuis.


Distribuição: Rio Verde, Bacia do rio Araguaia basin, Brasil central.

Etimologia: Do Araguaia, referindo-se a bacia do rio onde a espécie é encontrada.




Laetacara dorsigera (HECKEL, 1840)

Laetacara fulvipinnis STAECK & SCHINDLER, 2007


Laetacara curviceps (AHL,1924)

Laetacara thayeri (STEINDACHNER, 1875)


Laetacara flavilabris (COPE,1870)


Para saber mais:
Ottoni, F.P. & Costa, W.J.E.M. Description of a new species of Laetacara Kullander, 1986 from central Brazil and re-description of Laetacara dorsigera (Heckel, 1840) (Labroidei: Cichlidae: Cichlasomatinae). Vertebrate Zoology 59, pp. 41–48, 2009.


Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O gênero Inpaichthys

Inpaichthys kerri, Gery & Junk, 1977

Origem: Brazil, Amazonas, Rio Aripuanã.
Primeira importação: Alemanha, 1977, por Heiko Bleher.


Descrição

Um pequeno e brilhantemente colorido tetra é aqui descrito, descoberto perto da estação do Núcleo Aripuanã, no norte do Mato Grosso, pela equipe de ictiologia durante recente expedição de coleta. É uma importante adição para a fauna amazônica, não somente por apresentar um novo e raro peixe, mas também por apresentar um colorido azulado tipo neon, que poderá torna-lo importante peixe de aquário, assim como os ''neons-tetras'' (Paracheirodon innesi e P. axerold)

Inpaichthys n. gen. (novo gênero)

Assim designado em homenagem ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Brasil

Espécie tipo: Inpaichthys kerri n. sp. (nova espécie)

Peixe tetragonopteríneo de pequeno tamanho, caracterizado como Hyphessobrycon (''sensu lato''), pela linha lateral incompleta e nadadeira caudal nua, mas único entre os Tetragonopterinae por possuir as seguintes características:
Boca subsuperior, dentes tricuspidados em duas séries muito irregulares no pré-maxilar; a série interna geralmente composta de somente dois dentes medianos em cada lado; maxilar dentado em metade de sua borda, geralemnte com 7 a 8 dentes tricuspidados a cônicos; suborbital grande, inteiro em contato com o canal preopercular; madadeira dorsal claramente atrás do meio do corpo e pedúnculo relativamente profundo.
Colorido peculiar, podendo parecer um carácter genérico, consistindo em uma larga e conspícua faixa longitudinal da mandíbula a nadadeira caudal, bastante decurvada em direção ao ventre do peixes. Em vida, a metade dorsal do corpo é azulada irrisdecente, brilhando como lâmpadas neon.



Discussão

Este novo gênero é difícil de situar.De acordo com sua organização geral e a despeito a ausência de glândula caudal, mostra estar próximo a certos gêneros de Glandulocaudinae, como dito acima podendo assemelhar-se a Coelurichthys tenius (hoje Mimagoniates lateralis), também um tetra azul o qual tem muito mais escamas e diferente dentição.
Inpaichthys também recorda Nematobrycon, pequeno tetra do nordeste neotropical (drenagem do Pacífico), pertencente ao grupo Hemibrycon dos Tetragonopterinae, caracterizado pela presença de um lóbulo mediano apontado e ausência de nadadeira adiposa. Os dois gêneros diferem algo consideravelmente em suas dentições.
Outras afinidades poderiam ser vistas com Hyphessobrycon melanopleurus Ellis, 1911, endêmico do rio Tiête, que também poderia ser um novo gênero e com Rachoviscus crassiceps Myers, 1926; também raro entre os Tetragonopterinae, situado próximo a Paragoniates. Ambas espécies tem uma dentição diferente de Inpaichthys n. gen.
Finalmente, há um outro raro e pequeno Tetra que aparenta ter dentição pré-maxilar semelhante ao do novo gênero: Bryconella pallidifrons Fowler, 1946; do alto Amazonas. Inpaichthys difere de Bryconella principalmente no hábito, coloração, maxilar denteado e estrutura dos postorbitais, e não parece pertencer a mesma linha filogenética.

Inpaichthys kerri n. sp.

Assim designado em homenagem ao Dr. Warwick Estevan Kerr, diretor do INPA

Notas sobre a localidade tipo

A estação do INPA foi implantada na cidade de Humboldt, Aripuanã, MT; acima das grandes cachoeiras de Dardanelas e Andorinhas, no alto rio Aripuanã, tributário do rio Madeira.

Dados ecológicos

Inpaichthys kerri vive nas áreas ensolaradas e de correnteza dos igarapés pertencentes ao sistema fluvial do Queimada, tributário do alto rio Aripuanã, que apresenta águas moles e ácidas.
Estes igarapés de floresta são habitados por uma rica e abundante fauna aquática. Parecem viver em associação com outro pequeno Tetra que apresenta uma faixa lateral reta, Hyphessobrycon cf. cachimbensis, Travassos, 1964; sendo bem menos abundante que o último, na proporção de 1/200. Conforme seu comportamento em aquário, Inpaichthys kerri é peixe de cardume, se alimentando principalmente na superfície, sendo sua principal dieta insetos caídos. Extremamente ativo, não é tímido e nem sensível ao transporte ou a mudanças de água. A exibição dos machos pode ocorrer junto ao fundo.



Para saber mais:


Inpaichthys kerri n. g. n. sp., um novo peixe caracídeo do alto rio Aripuanã, Mato Grosso, Brasil. Acta Amazonica v. 7 (no. 3): 417-422.


Curiosidades
Hoje a espécie não pertence mais a subfamília Tetragonopterinae, ele permanece em Incertae sedis na família Characidae.


Fotos
Minoru Nagayama

Agradecimentos
A Thiago Nilton Pereira por ceder o artigo original


Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sábado, 24 de outubro de 2009

Nova espécie de Astyanax

Uma nova espécie do gênero Astyanax é descrita de um córrego da drenagem do médio rio Araguaia, localizado em área de Cerrado do planalto do Brasil Central. Descrita pelos ictiólogos Valdener Garutti e Paulo César Venere como Astyanax xavante, a nova espécie se distingue das demais do gênero pela combinação de caracteres pigmentares, morfométricos,merísticos, morfológicos e dentários.
A espécie descrita pertence ao complexo A. scabripinnis, caracterizado por compartilhar número reduzido de raios ramificados da nadadeira anal, altura do corpo reduzida, cabeça e corpo robustos.


Coloração em vida: Corpo com coloração acastanhado. região dorsal da cabeça e tronco com coloração marrom. Flanco acastanhado acima da linha lateral e abaixo prata a esverdeado. Dois pontos humerais verticais e difusos com coloração castanha escura.  Nadadeiras adiposa e peitorais amareladas. Metade da nadadeira pélvica amarelada e alaranjada na metade do ponto de origem dos raios. Lóbulos superior e inferior da nadadeira caudal avermelhados.


Notas ecológicas:  Astyanax xavante habita águas cristalinas e rápidas, geralmente composto por fundo de pedra e cascalho-pedra. Os peixes ocupam preferencial a superfície da água e espaços entre raizes. São mais abundantes nos cursos superiores e médios do córrego Avoadeira, e sua freqüência diminui rio abaixo. Astyanax xavante foi coletado também com A. argyrimarginatus, A. asuncionensis, A. elachylepis, Knodus sp.(Characidae) e Aequidens tetramerus (Cichlidae), apesar da freqüência reduzida dos últimos.
Astyanax xavante é um peixe onívoro e oportunista, pois estudos na sua ecologia alimentar mostraram que de um total de 357 indivíduos com  estômagos analisados, 90.4% continham algum tipo do alimento e 9.6% estavam vazios; sendo que a maioria estava composto por insetos terrestres (Himenópteros em 29% dos estômagos; Díptera em 14.1%; Homoptera em 4.2%; e o Hemípteros em 3.7%) e o restante com materias de origem vegetal; como folhas, partes pequenas de madeira, pontas de raizes, flores, frutas, algas e semente.



Etymologia: O epíteto Xavante é em referência a etnia de índios Xavante, o nativos habitantes da Serra do Roncador e médio Araguaia, Mato Grosso, Brazil.

Nome popular: “Pe’auptabi” na língua Xavante.


Para saber mais:
GARUTTI, V.; VENERE, P.C. Astyanax xavante, a new species of characid from middle rio Araguaia in the Cerrado region, Central Brazil (Characiformes: Characidae). Neotropical Ichthyology, v.7, n. 3, 2009



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aniversário 3 anos + A subfamília Corydoradinae

Mais uma ano se passou, e o NATURE PLANET completa 3 anos no ar.
Seguindo seu propósito, vem conquistando cada vez mais leitores, contando com um público de mais de 47.000 leitores, envolvendo até o momento 111 países.
Deixo aqui o meu muito obrigado a todos leitores e amigos, por fazerem parte disso tudo, pois hoje o NATURE PLANET é o que é graças a todos vocês!!!



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 Para festejar esse terceiro ano, apresentamos a história da subfamília Corydoradinae  Hoedeman, 1952 (Teleostei, Ostariophysi, Callichthyidae)
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A subfamília Corydoradinae inclui aproximadamente 90% das espécies da família Callichthyidae, sendo uma das mais diversas da ordem Siluriformes, com mais de 170 espécies válidas. As espécies da subfamília Corydoradinae são de pequeno tamanho (no máximo cerca de 90 milímetros de comprimento padrão), sendo distinguidos facilmente de outros callichthideos pela forma de seus corpos e os barbilhões curtos no maxilar. Corydoradinae é atualmente composta pelos gêneros Corydoras La cépède, Scleromystax Günther, e Aspidoras Ihering. 

Corydoras arcuatus

A subfamília apresenta distribuição predominante em toda região cis-Andina, com somente uma espécie trans-Andina, Corydoras melanotaenia Regan, da bacia de Rio Magdalena. Os representantes de Corydoradinae são encontrados em diversos ambientes de água doce, desde córregos rápidos com parte inferior arenosa ou rochosa às associações de planícies com lama.

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Aspidoras Ihering, 1907

Este é um gênero de pequenos peixes gatos, com cerca de 20 espécies descritas e algumas ainda não descritas alocacadas dentro do C-numbers.
O gênero foi estabelecido por R. Von Ihering em 1907 com a espécie Aspidoras rochai. A segunda espécie, Aspidoras lakoi foi descrita por P. Miranda de Ribeiro em 1949. Na revisão de 1976, Nijessen & Isbrücker descreveram nove novas espécies e transferiram duas espécies de Corydoras para o gênero Aspidoras.


Aspidoras pauciradiatus
 
Aspidoras virgulatus é descrita em 1980 por Nijessen & Isbrücker e recentemente Britto (1998, 2000), Lima & Britto (2001) e Britto (2002) descrevem novas espécies para o gênero. Britto (2003) demonstra que o gênero Aspidoras é estreitamente relacionado com o gênero Scleromystax e ambos gêneros formam a tribo Aspidoradini dentro da subfamília Corydoradinae, família Callichthydae.
A principal diferença do gênero quando comparada com os outros gêneros da subfamília Corydoradinae é a presença da fontanela supraocipital, uma autapomorfia do gênero (Nijessen & Isbrücker, 1976; Reis, 1998; Britto, 2003). Todas as espécies são pequenas, raramente ultrapassando os 50 mm de comprimento padrão.
A maioria das espécies são diurnas e sempre ativas procurando alimentos a todo momento. Particularmente, as espécies dos rios do Brasil central e da bacia costeira da região nordeste brasileira apresentam coloração similar, o que torna difícil determinar o peixe em particular sem conhecer a origem dele. As espécies de Aspidoras são endêmicas de áreas não habitadas e restritas na maioria dos rios (Britto, 2000).



Aspidoras albator



Etimologia do gênero: Aspido = protetor; doras = corpo

Espécies:
Aspidoras albater     Nijssen & Isbrücker, 1976     
Aspidoras belenos     Britto, 1998        
Aspidoras brunneus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras carvalhoi     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras depinnai     Britto, 2000        
Aspidoras eurycephalus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras fuscoguttatus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras lakoi     Miranda Ribeiro, 1949        
Aspidoras maculosus     Nijssen & Isbrücker, 1976
Aspidoras menezesi     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras microgalaeus     Britto, 1998    
Aspidoras pauciradiatus     (Weitzman & Nijssen, 1970)        
Aspidoras poecilus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras psammatides     Britto, Lima & Santos, 2005    
Aspidoras raimundi     (Steindachner, 1907)        
Aspidoras rochai     Ihering, 1907    
Aspidoras spilotus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras taurus     Lima & Britto, 2001    
Aspidoras velites     Britto, Lima & Moreira, 2002        
Aspidoras virgulatus     Nijssen & Isbrücker, 1980

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Corydoras La Cépède, 1803

Um dos maiores gêneros da subfamília Corydoradinae. Foi estabelecido por La Cépède em 1803, baseado na descrição da espécie tipo Corydoras geoffroy, descrita de uma maneira muito confusa e inexata. O holótipo de C. geoffroy foi considerado perdido por Nijessen & Isbrücker (1980). Valenciennes (1840) foi o último autor que viu o holótipo e descreveu conspecificamente com Corydoras puctatus (Bloch, 1794). Somente recentemente Isbrücker consertou o problema declarando que Corydoras octocirrus (Ninjssen, 1970) poderia ser identificada como Corydoras geoffroy, designando um neótipo de C. geoffroy. Isto é importante, porque C. geffroy é a espécie tipo do gênero Corydoras.


Corydoras cf. elegans


Muitos estudos no gênero Corydoras tentaram organizar o polimorfismo encontrado nos membros do gênero. Existiram diversas descrições de novos gêneros, que foram mais tarde declarados sinônimos de Corydoras.
Gosline (1940) foi o primeiro aquarista a sugerir que diferentes espécies formavam grupos, que foi finalmente aceito por Ninjssen e Isbrücker (1980). Os grupos são: punctatus, barbatus, aeneus, elegans e acutus.


 
Corydoras aeneus


Com exceção do homogênio grupo acutus, todos os outros grupos provavelmente não são monofiléticos e compartilham poucas sinapomorfias. Os últimos trabalhos científicos (Reis, 1998; Britto, 2003) também comprovam que o gênero Corydoras é um agrupamento parafilético.

Corydoras geoffroy


Corydoras geoffroy, a espécie tipo do gênero, é um peixe que possui a forma da cabeça pontiaguda, um relativo espaço interorbital e uma placa óssea triangular na região frontal da cabeça. Essa forma é chamada de grupo acutus, encontrado nas diversas espécies de Corydoras stricto-sensu, podendo ser organizadas e distinguidas de todas as outras Corydoras.

Corydoras sterbay



Etimologia do gênero: Cory = capacete, doras = corpo

Especies:
Corydoras acrensis      Nijssen, 1972     
Corydoras acutus     Cope, 1872    
Corydoras adolfoi     Burgess, 1982    
Corydoras aeheus     (Gill, 1858)    
Corydoras agassizi     Steindachner, 1876        
Corydoras albolineatus     Knaack, 2004    
Corydoras amandajanea     Sands, 1995        
Corydoras amapaensis     Nijssen, 1972    
Corydoras ambiacus     Cope, 1872    
Corydoras amphibelus     Cope, 1872        
Corydoras approuaguensis     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras araguaiaensis     Sands, 1990        
Corydoras arcuatus     Elwin, 1938    
Corydoras areio     Knaack, 2000        
Corydoras armatus     (Günther, 1868)        
Corydoras atropersonatus     Weitzman & Nijssen, 1970    
Corydoras aurofrenatus     Eigenmann & Kennedy, 1903    
Corydoras axelrodi     Rössel, 1962    
Corydoras baderi     Geisler, 1969        
Corydoras bicolor     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras bifasciatus     Nijssen, 1972    
Corydoras bilineatus     Knaack, 2002        
Corydoras blochi     Nijssen, 1971    
Corydoras boehlkei     Nijssen & Isbrücker, 1982    
Corydoras boesemani     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras bondi     Gosline, 1940
Corydoras breei     Isbrücker & Nijssen, 1992        
Corydoras brevirostris     Fraser-Brunner, 1947   
Corydoras burgessi     Axelrod, 1987    
Corydoras carlae     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras caudimaculatus     Rössel, 1961    
Corydoras cervinus     Rössel, 1962        
Corydoras cochui     Myers & Weitzman, 1954    
Corydoras concolor     Weitzman, 1961        
Corydoras condiscipulus     Nijssen & Isbrücker, 1980    
Corydoras copei     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras coppenamensis     Nijssen, 1970        
Corydoras coriatae     Burgess, 1997        
Corydoras crimmeni     Grant, 1997        
Corydoras cruziensis     Knaack, 2002        
Corydoras crypticus     Sands, 1995        
Corydoras davidsandsi     Black, 1987        
Corydoras delphax     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras difluviatilis     Britto & Castro, 2002        
Corydoras diphyes     Axenrot & Kullander, 2003        
Corydoras duplicareus     Sands, 1995        
Corydoras ehrhardti     Steindachner, 1910        
Corydoras elegans     Steindachner, 1876    
Corydoras ellisae     Gosline, 1940        
Corydoras ephippifer     Nijssen, 1972    
Corydoras eques     Steindachner, 1876        
Corydoras esperanzae     Castro, 1987        
Corydoras evelynae     Rössel, 1963        
Corydoras filamentosus     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras flaveolus     Ihering, 1911        
Corydoras fowleri     Böhlke, 1950        
Corydoras garbei     Ihering, 1911        
Corydoras geoffroy     Lacepède, 1803        
Corydoras geryi     Nijssen  Isbrücker, 1983        
Corydoras gomezi     Castro, 1986        
Corydoras gossei     Nijssen, 1972    
Corydoras gracilis     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Corydoras griseus     Holly, 1940    
Corydoras guapore     Knaack, 1961    
Corydoras guianensis     Nijssen, 1970        
Corydoras habrosus     Weitzman, 1960    
Corydoras haraldschultzi     Knaack, 1962    
Corydoras hastatus     Eigenmann & Eigenmann, 1888    
Corydoras heteromorphus     Nijssen, 1970        
Corydoras imitator     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras incolicana     Burgess, 1993    
Corydoras isbrueckeri     Knaack, 2004        
Corydoras julii     Steindachner, 1906    
Corydoras kanei     Grant, 1998        
Corydoras lacerdai     Hieronimus, 1995        
Corydoras lamberti     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras latus     Pearson, 1924        
Corydoras leopardus     Myers, 1933    
Corydoras leucomelas     Eigenmann & Allen, 1942    
Corydoras longipinnis     Knaack, 2007        
Corydoras loretoensis     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras loxozonus     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras maculifer     Nijssen & Isbrücker, 1971
Corydoras mamore     Knaak, 2002   
Corydoras melanistius     Regan, 1912    
Corydoras melanotaenia     Regan, 1912    
Corydoras melini     Lönnberg & Rendahl, 1930    
Corydoras metae     Eigenmann, 1914    
Corydoras micracanthus     Regan, 1912    
Corydoras multimaculatus     Steindachner, 1907    
Corydoras nanus     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras napoensis     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras narcissus     Nijssen & Isbrücker, 1980        
Corydoras nattereri     Steindachner, 1876    
Corydoras negro     Knaack, 2004        
Corydoras nijsseni     Sands, 1989        
Corydoras noelkempffi     Knaack, 2004        
Corydoras oiapoquensis     Nijssen, 1972        
Corydoras ornatus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Corydoras orphnopterus     Weitzman & Nijssen, 1970    
Corydoras ortegai     Britto, Lima & Hidalgo, 2007        
Corydoras osteocarus     Böhlke, 1951        
Corydoras ourastigma     Nijssen, 1972        
Corydoras oxyrhynchus     Nijssen & Isbrücker, 1967    
Corydoras paleatus     (Jenyns, 1842)    
Corydoras panda     Nijssen & Isbrücker, 1971    
Corydoras pantanalensis     Knaack, 2001        
Corydoras paragua     Knaack, 2004        
Corydoras parallelus     Burgess, 1993        
Corydoras pastazensis     Weitzman, 1963    
Corydoras paucerna     Knaack, 2004        
Corydoras pinheiroi     Dinkelmeyer, 1995        
Corydoras polystictus     Regan, 1912        
Corydoras potaroensis     Myers, 1927        
Corydoras pulcher     Isbrücker & Nijssen, 1973    
Corydoras punctatus     (Bloch, 1794)   
Corydoras pygmaeus     Knaack, 1966    
Corydoras rabauti     La Monte, 1941    
Corydoras reticulatus     Fraser-Brunner, 1938    
Corydoras reynoldsi     Myers & Weitzman, 1960        
Corydoras robinae     Burgess, 1983    
Corydoras robustus     Nijssen Isbrücker, 1980        
Corydoras sanchesi     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras saraareensis     Dinkelmeyer, 1995        
Corydoras saramaccensis     Nijssen, 1970        
Corydoras schwartzi     Rössel, 1963    
Corydoras semiaquilus     Weitzman, 1964        
Corydoras septentrionalis     Gosline, 1940        
Corydoras serratus     Sands, 1995        
Corydoras seussi     Dinkelmeyer, 1996        
Corydoras similis     Hieronimus, 1991        
Corydoras simulatus     Weitzman  Nijssen, 1970        
Corydoras sipaliwini     Hoedeman, 1965        
Corydoras sodalis     Nijssen & Isbrücker, 1986    
Corydoras solox     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras spectabilis     Knaack, 1999   
Corydoras spilurus     Norman, 1926    
Corydoras steindachneri     Isbrücker
& Nijssen, 1973    
Corydoras stenocephalus     Eigenmann & Allen, 1942    
Corydoras sterbai     Knaack, 1962   
Corydoras surinamensis     Nijssen, 1970        
Corydoras sychri     Weitzman, 1960    
Corydoras treitlii     Steindachner, 1906    
Corydoras trilineatus     Cope, 1872    
Corydoras tukano     Britto & Lima, 2003        
Corydoras undulatus     Regan, 1912        
Corydoras virginiae     Burgess, 1993        
Corydoras vittatus     Nijssen, 1971        
Corydoras weitzmani     Nijssen, 1971    
Corydoras xinguensis     Nijssen, 1972    
Corydoras zygatus     Eigenmann & Allen, 1942




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Scleromystax  Günther, 1864

Originalmente foi estabelecido um subgênero de Callichthys por Günther (1864), e Eigenmann & Eigenmann (1888) transformaram Scleromystax em gênero. Na revisão de Callichthydae, Gosline (1940) sinonimizou Scleromystax em Corydoras. Recentemente Britto (2003) revalidou o gênero Scleromystax e o relacionou com o gênero Aspidoras dentro da tribo Aspidoradini na subfamília Corydoradinae.


Scleromystax barbatus


O gênero Scleromystax é reorganizado por Britto através de cinco sinapomorfias. Facilmentes reconhecidos pelo dimorfismo sexual, os machos adultos apresentam as nadadeiras peitorais alongadas quando comparado com as fêmeas. Os machos sexualmente ativos de algumas espécies (S. barbatus,S. macropterus, C112, C113), apresentam o rosto acima dos barbilhões cobertos com uma estrutura com inúmeros odontodes. Esses odontodes podem desaparecer fora da estação de acasalamento.
A espécie tipo do gênero é Scleromystax barbatus (Quoy & Gaimard, 1824). Britto (2003) lista 4 espécies membros do gênero (S. barbatus, S. macropterus, S. prionotos e uma espécie não descrita no estado de São Paulo identificada como C-number C112). Em 2005, é descrita uma espécie do estado da Bahia, Scleromystax salmacis (Britto & Reis, 2005), anteriormente conhecida como C-numbers C113.


Scleromystax macropterus

As espécies desse gênero são restritas a região de Mata Atlântica, do leste ao sudeste da costa brasileira (estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina), sendo consideradas endêmicas desse local.
Na atualidade, o desmatamento e a poluição desse biótopos, causam grande problemas a fauna endêmica dessas regiões. Um exemplo é Scleromystax macropterus que se encontra vulnerável a extinção.

Etimologia do gênero: Do grego Sclero que significa duro e do latin mystax que significa bigode.

Espécies:
Scleromystax barbatus      (Quoy & Gaimard, 1824)     
Scleromystax macropterus     (Regan, 1913)
Scleromystax prionotos     (Nijssen & Isbrücker, 1980)    
Scleromystax salmacis     Britto & Reis, 2005        


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C-Numbers

Criado pela revista Die Aquarien- und Terrarienzeitschrift – Datz, o C-numbers é um sistema de classificação usado por aquaristas e biólogos, para referir-se a espécies de Corydoradinae que não estão descritas taxonômicamente. Após serem classificados cientificamente, perdem o C-numbers e ganham o nome binomial.


 Corydoras hastatus

Embora útil para as espécies não classificadas, sua base é feita através de fotografias, gerando confusão na identificação de espécies muito parecidas, podendo acontecer de duas ou mais espécies serem classificadas no mesmo C-numbers, devido similaridade na morfologia externa e coloração, tratando-se portanto de uma referência passível de erros.





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Referências:
  • Britto, M. R. 1998. Two new species of the genus Aspi- doras from Central Brazil. Ichthyological Exploration of Freshwaters, 8:359-368. 
  • Britto, M. R. . Aspidoras depinnai (Siluriformes: Callichthyidae): a new species from Northeastern Brazil. Copeia, v. 2000, n. 4, p. 1048-1055, 2000.
  • Britto, M. R. and R.M.C. Castro. 2002. A new cory- doradine catfish (Siluriformes: Callichthyidae) from the upper Parana and Sao Francisco: the sister-group of Bro- chis and most of Corydoras species. Copeia. 1006- 1015
  • Britto, M. R. . Phylogeny of the subfamily Corydoradinae Hoedeman, 1952 (Siluriformes: Callichthyidae), with a definition of its genera.. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia, Philadelphia, v. 153, n. 1, p. 119-154, 2003.
  • Britto, M. R.  and F. C. T. Lima  2003 Corydoras tukano, a new species of corydoradine catfish from the rio Tiquié, upper rio Negro basin, Brazil (Ostariophysi: Siluriformes: Callichthyidae). Neotropical Ichthyology v. 1 (no. 2): 83-91.
  • Fuller, I.A.M. and Evers H.G., 2005. Identifying Corydoradinae Catfish. Verlag A.C.S. GmbH. Hardcover, 384 pages.
  • Nijssen, H. and I. J. H. Isbrucker. 1976. The South Amer- ican plated catfish genus Aspidoras R. von Ihering, 1907, with descriptions of nine new species from Brazil (Pisces, Siluriformes, Callichthyidae). Bijdragen tot de Dierkunde. 46:107-131.
  • Nijssen, H. and I. J. H. Isbriicker. 1980. A review of the genus Corydoras Lacepede, 1803 (Pisces, Siluriformes, Callichthyidae). Bijdrague Dierkunde, 50:190-220.
  • Reis, R. E. 1998a. Anatomy and phylogenetic analysis of the neotropical callichthyid catfishes (Ostariophysi, Si- luriformes). Zoological Journal of the Linnaean Society, 124:105-168.
  • C-numbers 
  • Fishbase 

Fotos: 
Cschoy
Frank Faloone
Rafael Akama
Ricardo Britzke
Sal.Paradise

Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Após perereca, um peixe no caminho do PAC

A construção do Arco Metropolitano, em Seropédica, considerada uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio, poderá sofrer atraso depois da nova descoberta de biólogos, que identificaram no local uma espécie ameaçada e rara de peixe, o Notholebias minimus. Na semana passada, as obras já haviam sido interrompidas depois da localização de uma espécie de perereca ameaçada de extinção.

Exemplar de Notholebias minimus

 Segundo o biólogo Sérgio Potsch de Carvalho e Silva, responsável pelo laboratório de répteis e anfíbios da UFRJ, o peixinho - assim como a perereca Physalaemus soaresi, são uma exclusividade do brejo da Floresta Nacional Mário Xavier. Parte dos 77 quilômetros do arco ocupa 1,6% (cerca de 80 mil metros quadrados) da floresta. A perereca foi descoberta na década de 60, e pesquisas mostram que ela não existe em nenhuma outra área a não ser naquela reserva específica. Com o peixinho, conhecido como killifish, acontece o mesmo. A mata em si não tem grande importância científica, mas tem um significado imenso como habitat dessas espécies - explicou Potsch.

 
 Exemplar de Physalaemus soaresi 

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou na semana passada que a solução para não interromper as obras do PAC seria a instalação de placas de ferro separando o canteiro de obras do habitat da perereca. Técnicos da Secretaria estadual de Obras, do Ibama e do Instituto Chico Mendes estão discutindo o assunto para preservar a Physalaemus soaresi e dar continuidade às obras do Arco Metropolitano. O biólogo Potsch acredita que a construção do muro de metal cercando o brejo, com ações servindo de "bichoduto", proposto pelo governo para salvar as pererecas, é uma medida paliativa. Ele disse não saber que tipo de interferência a cerca pode representar para os animais.

Fonte: O Globo

Fotos: Cyro de Luna

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Nova espécie de Hemigrammus

Uma nova espécie de Hemigrammus é descrita da bacia do rio Tiquié, um afluente do rio Uaupés, sistema do alto rio Negro, Amazonas, Brasil. Descrita pelos ictiólogos Flávio Lima, e Leandro Souza como Hemigrammus yinyang. A nova espécie pode ser facilmente diagnosticada de todas as congêneres pela presença, em vida, de uma mancha alaranjada, situada entre as duas manchas umerais, imediatamente à frente e ligeiramente acima da segunda mancha umeral. Além disso, a nova espécie pode ser diferenciada de todas suas congêneres, com exceção de H. haraldi, H. luelingi, H. neptunus, H. ocellifer, H. pretoensis e H. pulcher, pela presença de duas machas umerais. Ela pode ser distinguida de todas estas espécies por não possuir uma mancha escura no pedúnculo caudal (vs. mancha no pedúnculo caudal presente). É proposto um grupo monofilético dentro de Hemigrammus, englobando a espécie nova, junto a Hemigrammus ocellifer, H. neptunus, H. guyanensis, H. luelingi, H. pulcher e H. haraldi, baseado na presença compartilhada de derivado arranjo de ganchos na nadadeira anal de machos maduros e em algumas características de pigmentação.
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Uma discussão sobre a presença e arranjo de ganchos na nadadeira anal no gênero Hemigrammus e nos gêneros Parapristella e Petitella é apresentada, baseado num extenso exame de espécimes pertencentes a esses gêneros. É hipotetizado que a associação entre ganchos na nadadeira anal e tecido denso presumivelmente secretório, encontrado em todas as espécies examinadas de Hemigrammus, Parapristella,Petitella e Hyphessobrycon, é um mecanismo para facilitar a ruptura das paredes celulares e provocar, em conseqüência, a liberação das secreções celulares.
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Etimologia: Yin Yang é uma representação do príncipio da dualidade, o conceito tem sua origem no Taoismo da China antiga, base da filosofia e metafísica da cultura desse país. Yin, no chinês, significa original mente “sunless”, como lado do norte de uma montanha, e como um conceito evoluído para personificar o elemento escuro, passivo, feminino, correspondendo à noite, o inverno, água, e a terra. Yang significa original mente “sunny”, como o lado do sul de uma montanha, e ela veio personificar o elemento brilhante, ativo, masculino, correspondendo ao dia, o verão, ar e o fogo. Todas as forças na natureza são expressões do yin e dos estados de yang.  A nova espécie é nomeada na alusão as complementares manchas humerais alaranjada e negra, que são reminiscentes do diagrama de Taiji, a representação do estado do absoluto não diferenciado, abrangendo o yin e as qualidades de yan.
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Para saber mais: Lima, F.C.T.; Sousa, L.M. (2009) A new species of Hemigrammus from the upper rio Negro basin, Brazil, with comments on the presence and arrangement of anal-fin hooks in Hemigrammus and related genera (Ostariophysi: Characiformes: Characidae). Aqua, International Journal of Ichthyology 15, pp. 153–168.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

domingo, 13 de setembro de 2009

Os gêneros Farlowella e Sturisoma

Classificação científica

Ordem  Siluriformes
Família Loricariidae - Rafinesque, 1815
Subfamília Loricariinae - Bonaparte, 1831
Tribo Harttiini -  Isbrücker, 1979


Farlowella Eigenmann & Eigenmann, 1889.

Espécie tipo: Acestra acus Kner,1853. Holótipo: NMW 47795, Venezuela, Caracas.

Gênero: feminino.

O gênero Farlowella é
amplamente distribuído nas bacias dos rios Amazonas, Orinoco, Paraná, e rios litorâneos da Guiana, existindo atualmente 26 espécies válidas descritas.
Apresentam corpo delgado e com um focinho pronunciado, cor acastanhada com duas listras escuras laterais que começam na ponta do focinho, passando sobre olhos e terminam na cauda, sendo interrompidos frequentemente no pedúnculo caudal. Seu corpo possui forma semelhante a um galho fino de madeira.

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 Farlowella sp.

 As espécies habitam áreas de água de fluxo lento, ficando imóveis em galhos submersos, onde se camuflam nesse meio. Alguns espécimes também podem ser encontrados em correntezas de riachos, sobre rochas e galhos submersos. Em seu hábitat natural, alimentam-se principalmente de algas.

O dimorfismo sexual inclui odontodes hipertrofiados
nos machos ao longo das laterais do focinho, ou na cabeça de espécies com o focinho curto. Os ovos são colocados em superfícies verticais abertas, como vegetação ou rochas submersas, em uma única camada que são guardados pelo macho.
 .
 Farlowella sp.

Análises filogenéticos morfológico e moleculares colocam o gênero Farlowella como gênero irmão de Sturisoma. Este relacionamento é suportado pelo dimorfismo sexual e estratégias de reprodução, que são idênticas em ambos gêneros.

Etimologia: Uma homenagem a William Gilson Farlow, um botânico americano famoso da Universidade de Harvard, cujo o trabalho principal foi estudar as algas, o alimento favorito desses peixes.
 .
William Gilson Farlow
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Espécies: 
Farlowella acus  (Kner, 1853)
Farlowella altocorpus  Retzer, 2006    
Farlowella amazonum  (Günther, 1864)
Farlowella colombiensis  Retzer & Page, 1997  
Farlowella curtirostra  Myers, 1942     
Farlowella gracilis  Regan, 1904     
Farlowella hahni  Meinken, 1937               
Farlowella hasemani  Eigenmann & Vance, 1917     
Farlowella henriquei  Miranda Ribeiro, 1918                 
Farlowella isbruckeri  Retzer & Page, 1997                     
Farlowella jauruensis  Eigenmann & Vance, 1917        
Farlowella kneri  (Steindachner, 1882)   
Farlowella mariaelenae  Martín Salazar, 1964     
Farlowella martini  Fernández-Yépez, 1972             
Farlowella nattereri Steindachner, 1910      
Farlowella odontotumulus  Retzer & Page, 1997                     
Farlowella oxyrryncha  (Kner, 1853)     
Farlowella paraguayensis  Retzer & Page, 1997     
Farlowella platorynchus  Retzer & Page, 1997     
Farlowella reticulata  Boeseman, 1971            
Farlowella rugosa  Boeseman, 1971            
Farlowella schreitmuelleri  Ahl, 1937           
Farlowella smithi  Fowler, 1913    
Farlowella taphorni  Retzer & Page, 1997                     
Farlowella venezuelensis  Martín Salazar, 1964     
Farlowella vittata  Myers, 1942
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Sturisoma Swainson, 1838.

Espécie tipo: Loricaria rostrata Spix & Agassiz, 1829. Rios brasileiros. Holótipo perdido.

Gênero: neutro.

As espécies do gênero Sturisoma são distribuídas extensamente nas bacias Trans-andina, do Panamá até a Colômbia; e nas bacias Cis-andinas, Amazonas, Orinoco e Paraguaí.  No momento, quinze espécies válidas são reconhecidas.

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 Sturisoma aureum

Habitam águas de fluxo rápido, onde exista galhos e troncos submersos abundantes. O dimorfismo sexual inclui odontodes hipertrofiados nas laterais da cabeça dos machos. Como o gênero Farlowella, as espécies de Sturisoma colocam seus ovos em superfícies verticais abertas, como vegetação ou rochas submersas, que são guardados pelo macho. Em seu hábitat natural se alimenta de algas que crescem em pedras e troncos.

Um neótipo tem ser designado ainda para a espécie tipo Sturisoma rostratum,  pois o holótipo foi destruído durante a segunda guerra mundial. A designação do Neótipo é necessária para se conhecer a localidade tipo, que não é  especificada e pode pertence a qualquer uma das diversas espécies atualmente reconhecidas. Sturisoma e Farlowella são grupos irmãos
, onde o dimorfismo sexual e a estratégia reprodutiva são comparáveis em ambos os gêneros e tendem a corroborar os dados morfológicos e moleculares.
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Sturisoma aureum - casal e ovos

Etimologia: Do alemão sturio, que significa esturjão + do grego soma, que significa corpo.

Espécies:
Sturisoma aureum (Steindachner, 1900)              
Sturisoma barbatum (Kner, 1853)           
Sturisoma brevirostre (Eigenmann and Eigenmann, 1889)         
Sturisoma dariense (Meek and Hildebrand, 1913)          
Sturisoma festivum Myers, 1942             
Sturisoma frenatum (Boulenger, 1902)               
Sturisoma guentheri (Regan, 1904)        
Sturisoma kneri (De Filippi in Tortonese, 1940)                
Sturisoma lyra (Regan, 1904)    
Sturisoma monopelte Fowler, 1914       
Sturisoma nigrirostrum Fowler, 1940    
Sturisoma panamense (Eigenmann and Eigenmann, 1889)        
Sturisoma robustum (Regan, 1904)       
Sturisoma rostratum (Spix and Agassiz, 1829) 


Referências:
COVAIN, R., FISCH-MULLER, S. 2007. The genera of the Neotropical armored catfish subfamily Loricariinae (Siluriformes: Loricariidae): a practical key and synopsis. Zootaxa, 1462: 1-40.  
GHAZZI, M.S. (2005) Sturisoma kneri, new species, a name for an old yet poorly-known catfish (Siluriformes: Loricariidae). Copeia, 2005, 559–565.
ISBRÜCKER, I. J. H. (1979) Descriptions préliminaries de nouveaux taxa de la famille des Loricariidae, poissons-chats cuirassés néotropicaux, avec un catalogue critique de la sous-famille nominale (Pisces, Siluriformes). Revue française d'Aquariologie Herpetologie v. 5 (no. 4) (1978): 86-117.
MONTOYA-BURGOS, J.-I., MULLER, S., WEBER, C. & PAWLOWSKI, J. (1998) Phylogenetic relationships of the Loricariidae (Siluriformes) based on mitochondrial rRNA gene sequences. In: Malabarba, L.R., Reis, R.E., Vari, R.P., Lucena Z.M.S. & Lucena, C.A.S. (Eds.) Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. Edipucrs Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil, pp. 363–374.
RAPP PY-DANIEL, L.H. (1997) Phylogeny of the Neotropical armored catfishes of the subfamilly Loricariinae (Siluriformes:Loricariidae). Unpublished Ph. D. Thesis, University of Arizona, Tucson, 280 pp.
REIS, R.E., KULLANDER, S.O. & FERRARIS, C.J. Jr. (2003) Check List of the Freshwater Fishes of South and Central America, Edipucrs Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil, 742 pp.
 
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Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©