sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Nova espécie de Astyanax

Uma nova espécie do gênero Astyanax é descrita dos tributários do Rio Aricá-Mirim, bacia do Rio Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. A espécie foi descrita pelos ictiólogos Victor Tagliacollo, Ricardo Britzke, Gabriel Silva e Ricardo Benine como Astyanax pirapuan.

 Astyanax pirapuan, holotipo, MNRJ 37621

A nova espécie pertence ao complexo de espécies Astyanax scabripinnis e pode ser distinguido das demais espécies desse complexo pela combinação de caracteres, incluindo 8–9 rastros branquiais no ramo superior do primeiro arco branquial, 0–1 dente no maxilar, 17–21 raios ramificados na nadadeira anal, 35–37 escamas perfuradas na linha lateral e duas manchas umerais.

Localidade tipo de Astyanax pirapuan

Etimologia. O nome pirapuan vem da língua Tupi-Guarani, pira = peixe e apuã = montanha, que significa "peixe da montanha"

Mapa da localidade tipo de Astyanax pirapuan


Maiores informações:
Tagliacollo, V.A.,  Britzke, R., Silva, G.S.C., Benine, R.C. (2011) Astyanax pirapuan: a new characid species from the upper Rio Paraguay system, Mato Grosso, Central Brazil (Characiformes: Characidae). Zootaxa 2749, pp. 40-46.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2011 ©

sábado, 8 de janeiro de 2011

Competição, Mimetismo e Filogenia em Corydoras

Uma pesquisa publicada na revista Nature sobre o gênero sul americano Corydoras, muito populares no aquarismo, revela que as comunidades desses peixes, embora contenham animais quase idênticos em cor e padrão de listras, pode na verdade agrupar três ou mais diferentes espécies.

Corydoras sp. C68 e C. maculifer
O estudo realizado evidencia que existem na natureza um grande número de espécies miméticas, que evoluiram  para terem os mesmos padrões de coloração para benefício mútuo, pois dentro dessas espécies, uma pode possuir um veneno mais tóxico o qual não a torna palatável aos predadores, fato que não ocorre com as outras com mesma coloração, motivo do benefício. 

Corydoras tukano, Corydoras sp. CW11, Corydoras sp. C159
A pesquisa também estabeleceu cada comunidade individual de peixes similares reune espécies que fazem parte de linhagem genéticas diferentes, mas que ainda assim adotavam padrões similares de cores.

Relações Filogenéticas do Mimetismo em Corydoras

Esse estudo demonstra que o número de espécies de Corydoras pode ser ainda maior o conhecido nos dias de hoje, pois além de relevar a biodiversidade desconhecida, reforça a urgente  necessidade de evitarmos a perda de muitas espécies que ainda não foram descobertas ou descritas, protegendo assim os habitats dessas espécies e de outras.
O estudo foi realizado pelos pesquisadores da Universidade de Bangor na Inglaterra e da Universidade Estadual Paulista campus Botucatu.
 
Distribuição geográfica das comunidades miméticas em Corydoras
 
Opinião dos autores:
Markos Alexandrou, estudante PhD da Universidade Bangor: "Embora elas parecessem idênticas em termos de padrões de listras e cores, nossas pesquisas sobre seu relacionamento genético, dieta, formato corporal e padrões de cores no corpo revelaram que 92% das comunidades reúnem espécies que não competem por recursos"
 
Martin Taylor, líder do projeto na Escola de Ciências Biológicas da Universidade:" essa pesquisa destaca a diversidade escondida e a complexidade encontrada nas águas tropicais."

Claudio Oliveira da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp Botucatu), que apoiou o projeto, afirmou que: "além de relevar biodiversidade desconhecida e sistemas evolucionários interessantes, esse estudo reforça a necessidade urgente de evitarmos a perda de muitas espécies que ainda não foram descobertas ou descritas."

Para saber mais:
Markos A. Alexandrou, Claudio Oliveira, Marjorie Maillard, Rona A. R. McGill, Jason Newton, Simon Creer, Martin I. Taylor. 2011. Competition and phylogeny determine community structure in Müllerian co-mimics. Nature 469, 84-88.

 Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2011 ©

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Nova espécie de bagre cego

Rhamdiopsis krugi, um novo bagre heptapterídeo troglóbio, é descrito pelos ictiólogos Flavio Bockmann e Ricardo Castro, das cavernas da Chapada Diamantina, Estado da Bahia, nordeste do Brasil. Esta espécie, embora frequentemente citada na literatura ao longo dos últimos dezessete anos, não foi descrita antes em função das suas afinidades filogenéticas incertas. A posição genérica de R. krugi foi obscurecida principalmente pelo seu alto número de caracteres morfológicos incomuns (parte deles relacionada à vida nas cavernas), como por exemplo: ausência de olhos e de pigmentação corporal; presença de um pseudotímpano amplamente exposto; borda posterior do ramo anterior e margem anterior da porção arborescente do ramo posterior do processo transverso da quarta vértebra conectados um ao outro; placa hipural dorsal normalmente com sete raios; placa caudal ventral usualmente com seis raios; lobos dorsal e ventral da nadadeira caudal tipicamente com seis raios ramificados cada; 38-39 vértebras; nadadeira anal com 14-17 raios; e linha lateral muito curta. Rhamdiopsis krugi pode ser facilmente distinguida de seus congêneres, R. microcephala e R. moreirai, por seus caracteres troglomórficos e pela presença de uma linha lateral mais curta, menos vértebras e raios na nadadeira anal, padrão de ramificação dos raios da nadadeira caudal e vários atributos do sistema esquelético. As afinidades desta nova espécie são discutidas à luz do  conhecimento atual sobre a filogenia da família Heptapteridae. Caracteres derivados incongruentes não permitem optar por uma hipótese particular de relação de grupo-irmão entre as espécies de Rhamdiopsis. A ocorrência de R. krugi na bacia do rio Paraguaçu é devida, possivelmente, a um evento de captura  hidrológica de uma seção da porção média da bacia do rio São Francisco, ocasionada por eventos tectônicos. A região semi-árida onde R. krugi atualmente vive estava provavelmente coberta por uma ampla floresta durante um ciclo úmido no Quaternário. Um sumário das informações sobre a história natural e ecologia de R. krugi, assim como observações sobre sua conservação, são apresentadas. 
  
 Rhamdiopsis krugi Photo: Adriano Gambarini.

Etimologia
O epiteto krugi é dado em homenagem a Luiz Krug, guia de turismo profissional, morador da cidade de Lençóis, na região da Chapada Diamantina, que chamou a nossa atenção da existência deste novo bagre e ajudou a recolher a sua série tipo e pelos seus esforços dedicados à sua conservação.

Notas ecológicas
Tendo em conta a densidade populacional relativamente baixa de R. krugi no lago da caverna Poço Encantado, natação e mergulho naquele lugar eram proibidos por lei municipal. Apesar R. krugi  sendo conhecida a ocorrer em uma área considerável de largura, que habitam na pelo menos, duas outras cavernas da região, a espécie está ameaçada devido a vários fatores. O habitat onde vivem krugi R. têm baixa circulação da água, favorecendo o acúmulo de lixo e detritos . A Chapada Diamantina está situada no semi-árido do nordeste do Brasil, a região mais pobre do país, que está devastada de forma crônica com o problema da seca. A exploração desordenada das águas subterrâneas na região - cerca de dois mil poços artesianos - pode levar a a diminuição progressiva do nível do lençol freático. Além disso, as prioridades de conservação devem ser dirigidas a R. krugi porque a poluição das águas do aquífero que alimenta o habitat onde ela vive foi documentado através de estudos geoquímicos.

 Localidade tipo de Rhamdiopsis krugi, caverna do Poço Encantado, Itaetê, Bahia. Photo: Adriano Gambarini.

Para saber mais:  
Bockmann, F.A. & Castro, R. M. C. The blind catfish from the caves of Chapada Diamantina, Bahia, Brazil (Siluriformes: Heptapteridae): description, anatomy, phylogenetic relationships, natural history, and biogeography. Volume 8 Number 4, 673-706 December 16, 2010

 Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2011 ©

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011 Reestruturação

Após algum tempo com problemas no antigo layout, o NATURE PLANET retorna renovado para iniciar esse novo ano sempre recheado de novidades.

Um FELIZ ANO NOVO a todos nossos leitores!!!


Feliz Ano Nuevo!!! Gutes Neues Jahr!!! Bon Any Nou!!! Xin nian yu kuai!!! onnellista Uutta Vuotta!!! Bonne Année!!! Blwyddyn Newydd Dda!!! Kainourios Chronos!!! Shanah Tovah! Gelukkig Nieuwjaar! Boldog Ujevet!!! Buon Capo d'Anno!!! Akemashite Omedetou Gozaimasu!!! Annum Faustum!!! Godt Nytt Ar!!! Szczesliwego Nowego roku!!! Happy New Year!!!

 
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