segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Expedição à Bacia do Rio Verde

A região de Campo Novo do Parecis

Campo Novo do Parecis localiza-se na região sudoeste de Mato Grosso, a 385 km da capital Cuiabá. Sua altitude média é de 570 metros acima do nível do mar. A cidade se encontra na Chapada dos Parecis, possuindo como mata nativa grande áreas de cerrado e nos vales dos rios mata fechada. Sua extensão territorial é de 10.796,10 Km2, sendo 2.826 km² ocupados por terras indígenas.  Seu aspecto histórico tem relações diretas com a história do Marechal Cândido Rondon. Em 1907, Cândido Rondon passou pela região em busca do Rio Juruena, atingiu o Rio Verde e seguiu para o norte em busca do Salto Utiariti, fronteando o sítio onde nasceria o futuro município. 

 Rio Verde

O território de Campo Novo do Parecis foi trabalhado em duas direções pelos serviços de linha telegráfica: uma para oeste rumando para Utiariti e Juruena e outra para leste, em busca de Capanema e Ponte de Pedra. Em fins de janeiro de 1914, o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt, passou defronte ao sítio de Campo Novo do Parecis, em viagem pela Amazônia, juntamente com Rondon. A ocupação efetiva da região deu-se na década de setenta, com abertura de fazendas e a instalação de famílias de migrantes vindos de estados sulistas. 

 Rio Verde


Bacia do Rio Juruena

O Rio Juruena é um dos grandes formadores do rio Tapajós. Possui suas nascentes na Chapada dos Parecis, e seus principais afluentes são os rios Sacre, Verde, Buriti, Juína, Mutum, Sucaruína, Cravari, Papagiao, Arinos e rio do Sangue. Um desses afluentes do rio Juruena visitado foi o Rio Verde, um rio de águas muito claras e rápidas, sendo possível enxergar profundidades de até 3 metros nitidamente. Foram amostradas duas regiões desse rio, uma na região da BR-364 e outra na região do balneário Rio Verde. 

 Cachoeiras do Rio Verde

Na região da BR-364, a área amostrada possui profundidades bem variadas entre 90 cm a 3 m. Apresenta águas transparentes e com correnteza forte, principalmente nas regiões mais profundas. Em algumas áreas mais rasas do rio, foi possível observar grandes tapetes de Eleocharis sp. e Echinodorus sp., o que concedia refúgios para diversas espécies de peixes menores. Próximos a estes refúgios, sempre se encontravam peixes carnívoros, como pequenos exemplares de Trairão (Hoplias aymara) e o Jejuno (Hoplerythrinus unitaeniatus).

 Aequidens sp.


Na região do balneário Rio Verde, cerca de 30 km a oeste da BR-364, encontramos um rio bem mais profundo e escavado em seu leito, com sua margem possuindo cerca 3 metros de profundidade praticamente em toda sua extensão, uma característica muito comum na maioria dos rios da bacia Amazônica dessa região. Nesse local, o rio possui uma cachoeira, a qual forma piscinas naturais logo abaixo, o que caracteriza o nome do local como balneário.

 Eigenmannia aff. limbata

 Durante a coleta em ambos os pontos, foram possíveis encontrar as seguintes espécies: Characiformes: Hyphessobrycon melanostichos, Hyphessobrycon vilmae, Hyphessobrycon hexastichos, Hyphessobrycon notidanos, Hemigrammus skolioplatus, Jupiaba poranga, Jupiaba yarina, Moenkhausia cosmops, Moenkhausia nigromarginata., Astyanax utiariti , Bryconops sp., Leporinus octofasciatus, Hoplias aymara, Hoplerythrinus unitaeniatus, Siluriformes:Rhamdia sp., Eigenmannia aff. limbata, Hisonotus chromodontus, Hisonotus luteofrenatus, Ancistrus parecis, Ancistrus tombador,  Perciformes: Crenicichla sp., Aequidens aff. epae, Aequidens sp, Cyprinodontiformes: Rivulus modestus.

 Hoplerythrinus unitaeniatus


Hoplias aymara

 
 Bryconops sp.


 
 Hyphessobrycon melanostichos


 Hyphessobrycon vilmae


 Moenkhausia cosmops

Jupiaba yarina


 Rhamdia sp.


Além da ictiofauna, nas margens do rio, sempre a espreita estava o Martim-pescador esperando o momento certo para capturar sua principal presa nos rios, os peixes desatentos. A Arara-canindé é outra ave muito comum de se encontrar, além de tucanos, gaviões e outros.
Esta região tão bela e de riqueza inigualável possui diversos problemas causados pelo homem, que vem aumentando cada vez mais. Um dos principais é a transformação da região de cerrado em monocultura de soja, seguido de pastagens para o gado. Quanto á água, além da poluição por esgoto doméstico e insumos agrícolas, o problemas mais atual enfrentando no momento são as PCH (pequena centrais elétricas), as quais são consideradas todas usinas hidrelétricas de pequeno porte, cuja capacidade instalada seja superior a 1 MW e inferior a 30MW, possuindo um reservatório de no máximo 3 km². No curso do Rio Juruena, estão prevista 77 PCHs para ser construídas, além do projeto de construção de uma hidrovia para escoar a soja. Além da destruição que tais PCHs podem causar ao meio ambiente, elas também mudarão o modo de vida das etnias indígenas da região, pois algumas dessas dependem exclusivamente da pesca, além da importância ritualística que o rio representa para essas etnias.


Arara canindé


Mariposa sugando sais minerais


 Borboletas sugando sais minerais



Apesar de toda a destruição que o homem já causou ou ainda pretende, a natureza tenta contornar a situação, sempre nos mostrando toda sua riqueza, para que possamos nos conscientizar e manter preservados estes locais, pois um dia tudo isso poderá desaparecer, e nesse dia será tarde demais para voltar atrás.


Matéria exibida na Revista Aqualon edição 8
 

Ricardo Britzke © Copyright 2010 ©

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Nova espécie de Amphiprion

 Uma nova espécie de Peixe-Palhaço é descrita no Oceano Pacífico Ocidental. Descrita pelos pesquisadores Gerald Allen, Joshua Drew e Douglas Fenner, a nova espécie foi chamada de Amphiprion pacificus na última edição da revista Aqua, Jornal Internacional de Ictiologia.
Amphiprion pacificus é descrito de quatro espécimes em torno de 4-5 cm que foram capturados na Ilha Wallis e Tonga, no Pacífico Ocidental. Entretanto, fotógafos mergulhadores relatam que essa mesma espécies é encontrada  em recifes de corais  de Fiji e Samoa também no Pacífico.



A nova espécie é praticamente idêntica a Amphiprion akallopisos, presente no Oceano Índico, dividindo duas características em comum, o marrom levemente rosa que converte para laranja ou amarelo na parte de cima da cabeça, com uma listra branca no dorso que vai até a nadadeira caudal. Para comprovar a validade da nova espécie, testes genéticos revelaram que a espécie é mais próxima de Amphiprion sandaracinos, encontrado no oeste da Austrália e na região Indo-Malaia. 
As diferenças físicas entre A. akallopisos e A. pacificus se resumem na coloração  e no número de raios moles na nadadeira dorsal e anal de cada espécie.



Para saber mais:
Allen GR, Drew J and D Fenner (2010) - Amphiprion pacificus, a new species of anemonefish (Pomacentridae) from Fiji, Tonga, Samoa, and Wallis Island, pp. 129-138. Aqua, International Journal of Ichthyology, Volume 16, Issue 3 – 15 July 2010.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2010 ©