quinta-feira, 20 de maio de 2010

Nova espécie de Simpsonichthys

Uma espécie nova de Simpsonichthys é descrita de uma poça temporária localizada na bacia do rio São Francisco, Brasil. Descrita pelos ictiólogos Dalton Nielsen, Oscar Shibatta, Rogério Suzart e Amer Martín; a espécie foi nomeada de Simpsonichthys lopesi.  A espécie distingue-se das demais, exceto S. adornatus, pelo grande número de raios da nadadeira dorsal, o que confere grande comprimento da base dessa nadadeira que se inicia muito antes da metade do corpo, antes da nadadeira pélvica. Difere de S. adornatus pelo padrão de colorido da nadadeira anal, que pode apresentar listras amareladas ou manchas claras (vs. pequenas pintas claras), e também pelo menor número de raios da nadadeira dorsal.

Coloração em vida: Machos - O padrão de coloridos dos espécimes recentemente coletados é branco amarelado, ligeiramente avermelhado. Cabeça vermelho-amareladas nas áreas dorsais e pré-dorsais. Coloração amarela com reflexos azul irisdescente na região opercular. Barramento negro vertical nos olhos. Aproximadamente três séries de pontos azuis iridescentes alinhados no flanco. Nadadeira dorsal marrom escura, com base posterior amarela. Listras amarelas oblíquas na área anterior da nadadeira dorsal, continuando com pontos amarelos posteriormente. Aproximadamente 8 a 10 séries de listras e pontos alinhados em forma oblíqua. Nadadeira anal dourado-amarelada com a base mais clara, seguidos por duas listras amarelas ou alinhadas com pontos claros e listras escuras entre essas. Nadadeira caudal amarelo-dourada da base ao centro, tornando-se transparentes em sua extremidade. Nadadeiras dorsais e pélvicas hialinas e ligeiramente escuras posteriormente. Dois padrões de coloração na nadadeira caudal do macho são evidentes em espécimes recentemente coletados, tornando-se mais evidente nos espécimes mantidos em aquário. Um padrão com listras e outra com pontos. 
Fêmeas - Coloração cinza nas laterais do corpo, dourado na área ventral, pequenos pontos cinzentos acastanhados no corpo formando listras horizontais; pontos negros no flanco. Dois pontos elípticos negros na base da nadadeira caudal. Íris amarelada com uma listra cinzenta vertical no centro do olho. Nadadeira dorsal e anal hialinas, com pequenos pontos cinzentos-acastanhados na membrana entre os raios, dando continuidade no corpo. Nadadeiras peitorais e pélvicas hialinas. Nadadeira caudal hialina com ou sem os pontos escuros pequenos na base. Algumas fêmeas apresentam um ponto circular negro definido perfeitamente no meio do tronco.

Distribuição: Conhecido somente na localidade-tipo, na bacia do rio São Francisco, Bahia, Brasil.

Etimologia: O nome Lopesi é em honra a Edson Lopes, devido suas contribuições e conhecimento ligada a reprodução de peixes anuais.

Habitat: A poça temporária onde os espécimes foram coletados fica situada em um córrego na bacia do rio Santana, próximo a cidade de Muquém, em uma depressão da margem esquerda do rio de São Francisco, perto da Serra do Espinhaço, em área de pântanos e terraços aluviais. Apoça apresentava formato oval, com cerca de 20m de comprimento e 10m de largura, a qual foi usada como uma fonte de água para gado. Possui fundo argiloso a água turva. A temperatura de água na superfície era aproximadamente 29ºC e na parte profunda aproximadamente 22ºC. A temperatura média anual da região é 24ºC, com máximo de 30.8ºC e mínimo de 20.1ºC. O pH da água era ligeiramente alcalino (7.2), como o resultado de depósitos aluviais de calcário. A profundidade média da coluna de água era 40cm, com parcelas mais profundas com aproximadamente 60cm. A região tem a média anual precipitação de 800 a 900mm, sendo a estação das chuvas de novembro a março. A vegetação é tipicamente do bioma de Caatinga, com aproximadamente 2m de altura, que fornece uma área de sombra onde os peixes são facilmente encontrados. A vegetação aquática é composta principalmente por Echinodorus sp. e Nymphea sp.. Em simpatria com S. lopesi são encontradas a espécies S. flagellatus e Cynolebias gibbus. Isto foi igualmente observado por Nielsen (2008) que observou a simpatria entre as espécies de Hypsolebias e Cynolebias, onde os exemplares jovens da primeira espécie são presas da segunda espécie que são maiores.
 Comportamento no cativeiro: Machos ativos durante o dia, especialmente para alimentação, reprodução e defesa territorial. Machos com movimentos muito rápidos de natação apresentavam maior agressividade, especialmente com fêmeas. Quando dois machos foram mantidos juntos, um poderia vir a morrer sendo vítima do outro. Durante a corte nas fêmeas, a área abdominal torna-se branca nos machos e no momento de descanso ficam com o corpo escuro - azul com pontos iridescentes claros.

Para saber mais:
NIELSEN, D.T.B.; SHIBATTA, O. A.; SUZART, R. R.; MARTÍN A. F. (2010) A new species of Simpsonichthys (Cyprinodontiformes: Rivulidae) from the rio São Francisco basin, northeastern Brazil. Zootaxa 2452: 51–58

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2010 ©