terça-feira, 28 de junho de 2011

Nova espécie de Hypsolebias

Uma nova espécie do gênero Hypsolebias é descrita do Rio Carnaíba de Dentro na bacia do Rio São Francisco, pelos ictiólogos Wilson Costa e Pedro Amorim.
O complexo de espécies Hypsolebias flavicaudatus é um clado de peixes anuais que habitam poças sazonais associadas à bacia do Rio São Francisco, na região semi-árida da Caatinga do nordeste do Brasil. A análise de caracteres tanto morfológicos quanto moleculares sustenta o reconhecimento de uma nova espécie deste complexo, aqui nomeada como Hypsolebias guanambi.

 Hypsolebias guanambi - macho

Ela foi coletada na seção superior da drenagem do Rio Carnaíba de Dentro e se distingue de todas as outras espécies do complexo por possuir a nadadeira dorsal posicionada mais posteriormente em fêmeas, presença de raios filamentosos curtos nas nadadeiras dorsal e anal em machos e menos dentes no osso segundo faringobranquial. O reconhecimento de uma espécie do complexo H. flavicaudatus endêmica da drenagem do alto Rio Carnaíba de Dentro corrobora esta região como uma importante área de endemismo para peixes anuais.

Distribuição e notas ecológicas. Hypsolebias guanambi é conhecida apenas na localidade-tipo, onde algumas poças sazonais são adjacentes a um pequeno córrego afluente do Rio Carnaíba de Dentro, que é um afluente direito do rio São Francisco, 13 km a oeste de Guanambi, Bahia, nordeste do Brasil. A localidade tipo é inserida no bioma semi-árido da Caatinga, uma região com uma temporada irregular de chuvas, entre novembro e maio, com precipitação anual, atingindo cerca de 650-830 mm. Durante os períodos de sêca, ambos pântanos e córregos da região secão. Na época da chuva, as poças eram superficiais, cerca de 0,8 m no no local mais fundo. A água estava clara a ligeiramente turva, de coloração amarelo escuro. Vegetação aquática densa estava presente em todas as partes da poça. Outras espécies encontrados na mesma poça foram Hypsolebias carlettoi (Costa & Nielsen) e Cynolebias leptocephalus Costa & Brasil. Hypsolebias guanambi nunca foi encontradas nos vários e bem amostrados pântanos sazonais em torno da cidade de Guanambi, que é habitada por H. fulminantis (Costa & Brasil) e H. ghisolfii (Costa, Cyrino & Nielsen), que são encontradas na mesma renagem, apenas a 10 km da localidade tipo H. guanambi.

  Hypsolebias guanambi - fêmea

Etimologia. O nome Guanambi refere-se à cidade de Guanambi, a qual possui vastas áreas de alagamento que se formam em torno da drenagem do Rio
Carnaíba de Dentro, habitadas por diversas espécies do gênero Hypsolebias, constituindo assim uma importante área de endemismo da família Rivulidae. O nome é Guanambi é derivada do Tupi-Guarani, que significa beija-flor.

Para saber mais: 
WILSON J. E. M. COSTA & PEDRO F. AMORIM, 2011. A new annual killifish species of the Hypsolebias flavicaudatus complex from the São Francisco River basin, Brazilian Caatinga (Cyprinodontiformes: Rivulidae). Vertebrate Zoology 61(1), 94 -104.

domingo, 5 de junho de 2011

Livro Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes

Lançado recentemente e editado pelos ictiólogos James Albert e Roberto Reis, o livro Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes (Biogeografia Histórica dos Peixes Neotropicais de Água Doce) trata sobre a fauna de peixes da América do Sul e América Central que constitue uma das maiores concentrações de diversidade aquática sobre a Terra, composta por cerca de 10 por cento de todas as espécies de vertebrados. 

 Capa do livro - Cachoeiras do Rio Iguaçu

O livro explora as origens evolutivas deste ecossistema único. Os capítulos abordam temas centrais no estudo da biodiversidade tropical: por que a bacia Amazônica  é a casa para tantas linhagens evolutivas distintas? Qual o papel da especialização ecológica, especiação, extinção e a formação de assembléias regionais? Como as barreiras de dispersão contribuem para o isolamento e a diversificação? 

 Peckoltia oligospila - juvenil

Focalizando a fauna ictiológica com um todo e não apenas um grupos taxonômico individual, este volume mostra que a alta diversidade da área regional não é o resultado da tendência recente em várzea de florestas tropicais. Pelo contrário, é o produto de acumulação de espécies ao longo de dezenas de milhões de anos e em uma arena continental.

 Índice dos Capítulos

Para obter o livro, acesse o site da Universidade da Califórnia: University of Califórnia Press

ou a Livraria Special Books Services: SBS Livraria Internacional

Idioma: Inglês americano

Vale a pena ler este livro!!!

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sábado, 4 de junho de 2011

Nova espécie de Guianacara

Uma nova espécie do gênero Guianacara é descrita das bacias do rio Essequibo e rio Branco nas Guianas e norte do Brasil respectivamente pelos ictiólogos Jessica Arbour e Hernán López-Fernández. Guianacara dacrya, distingui-se de seus congêneres pela presença de uma barra infraorbital modificada e pela forma única da margem lateral da placa dentada da mandíbula faringiana inferior. Guianacara dacrya distingue-se de G. stergiosi, G. owroewefi, G. sphenozona e G. geayi por possuir uma barra medio-lateral fina, de G. cuyunii por possuir membranas branquistegal acizentadas e de G. oelemariensis por possuir dois supraneurais. 

 Guianacara dacrya, holótipo

A nova espécie distingue-se da maioria de seus congêneres pela presença de manchas brancas na porção espinhosa da nadadeira dorsal, a posição da mancha medio-lateral, presença de filamentos na nadadeira dorsal, anal e em alguns casos na caudal. Guianacara dacrya é conhecida as bacias dos rios Essequibo, Takutu e Ireng na Guiana e possivelmente do rio Uraricoera na bacia do rio Branco no Brasil.

 Guianacara dacrya, exemplar adulto

Etimologia. Do grego dakryo = derramar lágrimas ou chorar. Em referência a  aparência da lista infraorbital representando uma lágrima caindo.

Distribuição geográfica.
Guianacara dacrya é conhecido da região sudoeste e central da Guiana, ao norte até o rio Potaro e ao sul até as cataratas de Yukanopita no Rio Essequibo e, potencialmente, no norte do Brasil ocidental, n rio Uraricoera. Esta espécie é abundante na bacia do Essequibo, incluindo a drenagens de seus principais afluentes do Rupununi, e Siparuni Kuyuwini, bem como o Tacutu e drenagens Ireng na Bacia do rio Branco. 

 Guianacara dacrya, exemplar sub adulto

Hábitat. Como todas as outras espécies conhecidas do gênero, Guianacara dacrya é encontrado geralmente associado com riachos de águas cristalinas com corrente moderada, mas também em lagoas sazonalmente inundadas sem corrente nas savanas do Rupununi. O substrato é normalmente arenosas com grandes pedras nas proximidades, um grande número de juvenis foram observados em trechos de rio formado por misturas de seixos e pequenas rochas ao longo do fundo arenoso, frequentemente com algumas folhas. Parâmetros da água das localidades onde G. dacrya foi coletada mostraram uma faixa de temperatura de 24,8-28,5 º C, com elevado nível de oxigênio dissolvido (5,3-6,56 mg / L) e muito baixa condutividade (27,1-34,5 micro S) em localidades do Rupununi e Pirara (Ireng). 

 
Guianacara dacrya

Fotos.  
Michi Tobler
Philippe Burnel

Para saber mais:
ArbourI, H. J. ; López-Fernández, H. Guianacara dacrya, a new species from the rio Branco and Essequibo River drainages of the Guiana Shield (Perciformes: Cichlidae). Neotrop. ichthyol. vol.9 no.1 Mar. 2011. 

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke
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