sábado, 18 de abril de 2009

Uma nova espécie de Jupiaba

Uma nova espécie do gênero Jupiaba é descrita do rio Curuá, um tributário do rio Iriri, bacia do rio Xingu, Pará, Brasil.
Descrita pelos ictiólogos brasileiros José Birindelli, Angela Zanata, Leandro Sousa e André Netto-Ferreira, a nova espécie foi denominada Jupiaba kurua, diferindo de seus congêneres pela combinação única de dentes com cúspides aproximadamente de mesmo tamanho, dentes do dentário gradualmente menores posteriormente e pelo colorido, que consiste em manchas escuras na base da maioria das escamas laterais do corpo, mancha umeral alongada e inconspícua, e mancha caudal redonda e conspícua , e 21 a 24 raios ramificados na nadadeira anal. A nova espécie é similar e possivelmente táxon irmão de J. meunieri. Comentários sobre o endemismo da fauna de peixes do alto rio Curuá são fornecidos.


Coloração: Corpo e cabeça que tendem a empalidecer abaixo da linha lateral, sendo mais escuro cima desta. Nadadeira dorsal e adiposas alaranjadas; peitorais, pélvicas, anais e caudais amarelas. Nadadeira anal com uma faixa escura próximo do ponto de origem. Olhos negros em sua maioria, com exceção da região superior que é vermelha.

Dimorfismo sexual: Ganchos ósseos nas nadadeira pélvica e anal nos machos analisados.


Etimologia: kurua, proveniente da língua do tupi, uma alusão a localidade tipo, o rio Curuá. Um substantivo na justaposição.


Distribuição geográfica: Jupiaba kurua é encontrada no alto rio Curuá, acima das duas grandes quedas na Serra do Cachimbo. O rio Curuá é um tributário do rio Iriri, um dos grande tributário do baixo rio Xingu. Coleções feitas abaixo as cachoeiras indicam que a espécie nova pode ser restringida à parcela isolada do rio acima das quedas.


Notas ecológicas: O rio Curuá é um rio de águas límpidas e transparentes. A análise do estômago de seis espécimes revelou a presença de formigas; pequenas vespas; ninfas; larvas de diptera; larvas, crisálidas e adultos de Chironomus; escamas de Characiformes; raios de nadadeira; algas filamentous; sedimento; fragmentos não identificados de inseto e fragmentos vegetais não identificados. Os fragmentos vegetais e algas eram os alimentos principais encontrados nos espécimes examinados, adicionados a presença de insetos aloctones e outros autóctones; sugere que a espécie Jupiaba kurua seja onivora, com uma plasticidade considerável em sua dieta. A larga escala de alimentos na dieta da espécie sugere que ela explore os recursos disponíveis ao longo da coluna d'água.


Para saber mais:
Birindelli, J.L.O.; Zanata, A. M.; Sousa, L. M.; Netto-Ferreira, A. L. New species of Jupiaba Zanata (Characiformes: Characidae) from Serra do Cachimbo, with comments on the endemism of upper rio Curuá, rio Xingu basin, Brazil. Neotropical Ichthyology, 7(1):11-18, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sábado, 11 de abril de 2009

Uma nova espécie de Leporinus

Uma nova espécie do gênero Leporinus é descrita do rio Curuá, um tributário do rio Iriri, bacia do rio Xingu, na Serra do Cachimbo, Pará, Brasil.
Descrita pelos ictiólogos brasileiros José Birindelli e Heraldo Britski, a nova espécie foi denominada
Leporinus guttatus, sendo diagnosticada pelo padrão de colorido que consiste de oito a dez manchas escuras arredondadas sobre a linha lateral e mais 20 a 40 manchas menores sobre o corpo, fórmula dental 3 a 4, boca subinferior a inferior, 37 a 38 escamas na linha lateral, 3-4 séries transversal de escamas e 12 séries de escamas circumpedunculares. A nova espécie se assemelha a L. octomaculatus e L. reticulatus da bacia do alto Tapajós, e L. marcgravii e L. microphthalmus do rio São Francisco e rio Paranaíba, respectivamente. Com base em espécimes recentemente coletados, L. reticulatus é rediagnosticada como tendo um crescimento alométrico do focinho.


Coloração:
Corpo apresentando coloração marrom. Cabeça e corpo gradualmente mais escuro acima da linha longitudinal da boca. Corpo com círculo oito a dez manchas escuras ao longo da linha lateral, três delas ligeiramente maiores e mais conspícuas (uma abaixo da inserção posterior da nadadeira dorsal, outra na origem da nadadeira anal eouta no pedúnculo caudal), além de diversas (aproximadamente 20 a 40) manchas menores dispersaram sobre o corpo. Espécimes menores, com até 80 milímetros de comprimento padrão, possuem poucas manchas (em torno 20) e essas menores dão forma a uma ou duas séries irregulares acima e duas ou três séries irregulares abaixo das manchas na lateral do corpo (Fig. 1b). Espécimes maiores, de 90 milímetros de comprimento padrão, com mais manchas (ao redor 40) e essas são menos numerosas, dando a forma de dois a três séries irregulares abaixo e acima das manchas na lateral do corpo (figo. 1a). As superfícies ventral da cabeça e do corpo são amareladas, sem cromatóforos. A nadadeira adiposa apresenta uma margem escura quando o animal está em vida, e as nadadeiras restantes são praticamente hialinas, com poucos cromatóforos ao longo das margens dos raios. A coloração em vida do espécime se apresenta como a fig. 2.



Etimologia:
Guttatus, um adjetivo do latim, significado manchado, na alusão à presença das manchas escuras e dispersas no corpo, que são mais numerosas nesta espécie de Leporinus do que outras conhecidas no gênero.



Distribuição geográfica:
Leporinus guttatus é encontrado no alto Curuá, acima das grandes quedas da Serra do Cachimbo. O rio Curuá é um tributário do rio Iriri, um grande tributário do baixo rio Xingu. A ausência de L. guttatus das coleções feitas abaixo das cachoeiras, indica que a nova espécie pôde ser restringida a área do rio isolada acima das quedas.



Notas ecológicas:
Os espécimes de Leporinus guttatus foram capturados em um córrego de água cristalina próximo das cachoeiras ou em uma enseada acima de uma cachoeira. Os peixes foram capturados normalmente com redes e durante o pôr do sol.




Para saber mais:
Birindelli, J. L. O.; Britski, H. A. New species of the genus Leporinus Agassiz (Characiformes: Anostomidae) from the rio Curuá, rio Xingu basin, Serra do Cachimbo, Brazil, with
comments on Leporinus reticulatus. Neotropical Ichthyology, 7(1):1-10, 2009

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nova espécie do gênero Labrisomus


Uma nova espécie do gênero Labrisomus é descrita no arquipélago de Fernando de Noronha no nordeste do Brasil. Descrita pelos pesquisadores Ivan Sazima, Alfredo Carvalho-Filho, João Gasparini e Cristina Sazima; a mesma foi nomeada de Labrisomus conditus.


Difere de seus congeneres do Atlântico oeste pela seguinte combinação de caracteres: Cirro da nuca quando comprimido não alcança a origem da nadadeira dorsal, 68 a 75 escamas na linha lateral, primeiro e segundo espinho ligeiramente mais curtos na nadadeira dorsal. Pontos pálidos sobre o corpo de coloração azulada quando em vida, ponto escuro opercular com a margem pálida, larga, incompleta e difusa (alaranjado em vida).


A nova espécie é um bottom-dweller (habitante bentônico) e territorial em costas rochosas, sendo encontrado entre algas e fendas em profundidades de 0,5 a 6 metros de profundidade. É a quinta espécie descrita dentro do gênero Labrisomus encontrado no Atlântico oeste.


Etimologia. Do latim conditus = escondido, uma alusão a esta espécie que não tinha sido identificada.


História natural: Labrisomus conditus é um habitante bentônico e territorial de costões rochosos, sendo encontrado entre algas e fenda. Fêmeas juvenis da espécie são frequentemente encontradas em substratos arenosos perto de rochas. A espécie se alimenta principalmente de crustáceos e moluscos. Os machos na época de reprodução atraem as fêmeas indicando a cabeça avermelhada e as faixas escuras em um fundo mais claro.


Para saber mais:

SAZIMA, I.; CARVALHO-FILHO, A.; GASPARINI, J.L.; SAZIMA, C. A new species of scaly blenny of the genus
Labrisomus (Actinopterygii: Labrisomidae) from the tropical West Atlantic. Zootaxa 2015: 62-68, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©