sábado, 11 de abril de 2009

Uma nova espécie de Leporinus

Uma nova espécie do gênero Leporinus é descrita do rio Curuá, um tributário do rio Iriri, bacia do rio Xingu, na Serra do Cachimbo, Pará, Brasil.
Descrita pelos ictiólogos brasileiros José Birindelli e Heraldo Britski, a nova espécie foi denominada
Leporinus guttatus, sendo diagnosticada pelo padrão de colorido que consiste de oito a dez manchas escuras arredondadas sobre a linha lateral e mais 20 a 40 manchas menores sobre o corpo, fórmula dental 3 a 4, boca subinferior a inferior, 37 a 38 escamas na linha lateral, 3-4 séries transversal de escamas e 12 séries de escamas circumpedunculares. A nova espécie se assemelha a L. octomaculatus e L. reticulatus da bacia do alto Tapajós, e L. marcgravii e L. microphthalmus do rio São Francisco e rio Paranaíba, respectivamente. Com base em espécimes recentemente coletados, L. reticulatus é rediagnosticada como tendo um crescimento alométrico do focinho.


Coloração:
Corpo apresentando coloração marrom. Cabeça e corpo gradualmente mais escuro acima da linha longitudinal da boca. Corpo com círculo oito a dez manchas escuras ao longo da linha lateral, três delas ligeiramente maiores e mais conspícuas (uma abaixo da inserção posterior da nadadeira dorsal, outra na origem da nadadeira anal eouta no pedúnculo caudal), além de diversas (aproximadamente 20 a 40) manchas menores dispersaram sobre o corpo. Espécimes menores, com até 80 milímetros de comprimento padrão, possuem poucas manchas (em torno 20) e essas menores dão forma a uma ou duas séries irregulares acima e duas ou três séries irregulares abaixo das manchas na lateral do corpo (Fig. 1b). Espécimes maiores, de 90 milímetros de comprimento padrão, com mais manchas (ao redor 40) e essas são menos numerosas, dando a forma de dois a três séries irregulares abaixo e acima das manchas na lateral do corpo (figo. 1a). As superfícies ventral da cabeça e do corpo são amareladas, sem cromatóforos. A nadadeira adiposa apresenta uma margem escura quando o animal está em vida, e as nadadeiras restantes são praticamente hialinas, com poucos cromatóforos ao longo das margens dos raios. A coloração em vida do espécime se apresenta como a fig. 2.



Etimologia:
Guttatus, um adjetivo do latim, significado manchado, na alusão à presença das manchas escuras e dispersas no corpo, que são mais numerosas nesta espécie de Leporinus do que outras conhecidas no gênero.



Distribuição geográfica:
Leporinus guttatus é encontrado no alto Curuá, acima das grandes quedas da Serra do Cachimbo. O rio Curuá é um tributário do rio Iriri, um grande tributário do baixo rio Xingu. A ausência de L. guttatus das coleções feitas abaixo das cachoeiras, indica que a nova espécie pôde ser restringida a área do rio isolada acima das quedas.



Notas ecológicas:
Os espécimes de Leporinus guttatus foram capturados em um córrego de água cristalina próximo das cachoeiras ou em uma enseada acima de uma cachoeira. Os peixes foram capturados normalmente com redes e durante o pôr do sol.




Para saber mais:
Birindelli, J. L. O.; Britski, H. A. New species of the genus Leporinus Agassiz (Characiformes: Anostomidae) from the rio Curuá, rio Xingu basin, Serra do Cachimbo, Brazil, with
comments on Leporinus reticulatus. Neotropical Ichthyology, 7(1):1-10, 2009

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

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