sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Nova espécie de Platydoras

Uma nova espécie do gênero Platydoras é descrita para as drenagens costeiras do nordeste do Brasil (rios Pindaré a Parnaíba). Descrita pelos ictiólogos Nivaldo Piorski, Julio César Garavello, Mariangeles Arce e Mark Sabaj Pérez, esta foi nomeada de Platydoras brachylecis.
Difere de seus congêneres pela exclusiva combinação dos seguintes caracteres: faixa amarelo-pálida a branco iniciando acima das órbitas, continuando médio-lateralmente sobre o corpo e atingindo os raios medianos da nadadeira caudal; pele das axilas dos espinhos médio-laterais sem concentração de pequenas pintas negras; escudos médio-laterais baixos (altura do décimo escudo 8.8-11.9% do comprimento padrão) e escudos médio-laterais do pedúnculo caudal distintamente separados das placas médio-dorsais e médio-ventrais da mesma região por uma faixa de pele. Também apresenta diferença no formato da bexiga natatória )órgão interno do peixe para controlar a posição dele em uma coluna d'água).

Holótipo de Platydoras brachylecis, MZUSP 43593, 137.7 mm SL,

Brachylecis deriva do grego, onde brachy signifca curto e lekis significa placa, no que diz respeito ao tamanho das placas laterais do peixe.


Mais três espécies de Platydoras são reconhecidas como válidas: P. armatulus (distribuída pelas drenagens do baixo Orinoco, Amazônia e Paraguai-Paraná), P. costatus (drenagens costeiras do Suriname e Guiana Francesa) e P. hancockii (drenagens do Negro, Essequibo, Demerara e alto Orinoco). As espécies nominais P. dentatus e P. helicophilus são provisoriamente consideradas sinônimos juniores de P. costatus.

Para mais informações:
Piorski, N.M; Garavello, J.C.; Arce, M.; Pérez, M. H.S. Platydoras brachylecis, a new species of thorny catfish (Siluriformes: Doradidae) from northeastern Brazil. Neotropical. ichthyology. 2008, v. 6, n. 3, pp. 481-494.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Estratégias reprodutivas dos peixes do Pantanal

Para os peixes do Pantanal foram identificadas quatro estratégias reprodutivas. A primeira refere-se aos peixes de piracema ou migradores, que realizam longas migrações ascendentes para a cabeceira dos rios para a desova, de Novembro a Fevereiro e retornam posteriormente para a planície de inundação, onde se alimentam e se recuperam do desgaste energético da viagem e acumulam reservas para o próximo período reprodutivo.


Hyphessobrycon eques

O segundo grupo é composto por aqueles que desovam em planície e que realizam pequenas movimentações transversais, saindo da planície de inundação e entrando para o canal principal do rio para se reproduzir na época das enchentes. O terceiro e quarto grupos são constituídos por espécies residentes que se reproduzem na seca ou na enchente/cheia na própria planície de inundação.
A maioria das espécies de peixes do Pantanal enquadram-se na categoria de espécies residentes que se reproduzem na seca ou na enchente. Como as espécies residentes resolvem as restrições ao sucesso reprodutivo como a predação na seca e as condições deficientes de oxigênio na enchente/cheia?
Dessas espécies residentes, cerca de um quarto apresentam cuidados parentais para proteção da prole e pertencem às famílias Erythrinidae (traíras), Serrasalmidae (piranhas), Gymnotidae (tuviras), Callichthyidae (camboatás), Loricariidae (cascudos, rapacanoas) e Cichlidae (carás, joana-guensa).
No caso da traíra, Hoplias malabaricus, foram observados adultos cuidando dos ovos depositados em escavações em áreas rasas durante a enchente. Para as espécies de piranhas dos gêneros Serrasalmus e Pygocentrus, a literatura cita que os pais cuidam dos ovos que são depositados nas raízes das macrófitas durante a cheia. No caso das tuviras como, Gymnotus inaequilabiatus a reprodução ocorre na cheia e o macho cuida dos ovos e da prole recém eclodida.

Hoplias malabaricus

Entre os camboatás, são conhecidas espécies que fazem ninhos de espuma, onde depositam os ovos e exercem vigilância sobre os mesmos, geralmente no período da enchente. Na família Loricariidae, foi observado que os machos de Loricariichthys platymetopon (rapacanoa) carregam os ovos em uma expansão da porção do lábio superior. Mesmo após a eclosão, os jovens permanecem aglomerados nessa expansão por algum tempo. O cascudo preto, Liposarcus anisitsi, reproduz-se na cheia. O macho escava buracos/tocas no fundo ou na barranca do rio onde os ovos são colocados e cuidados até a eclosão. Alguns barrancos do rio Paraguai, nas proximidades de Corumbá, mostram muitos buracos/tocas, visíveis na seca, possivelmente escavados pelos cascudos. Cascudos escavando o fundo e as laterais de um aterro foram observados no baixo rio Miranda, onde a água apresentava uma boa visibilidade.A cheia é um período em que o oxigênio dissolvido está baixo em decorrência da decomposição da vegetação alagada. Possivelmente, como Liposarcus possui respiração aérea acessória, os machos tomam o ar atmosférico e liberam o ar nas câmaras de incubação, garantindo o oxigênio necessário a essa fase de desenvolvimento. Tanto em G. inequilabiatus como em L. anisitsi, os machos não mostram um grande crescimento dos testículos como é observado na maioria das espécies. Estará isso associado ao fato de cuidarem da prole ou mesmo ao tipo de fertilização que efetuam?

Pygocentrus natereri

As questões de ordem ambiental envolvem uma legislação que seja ao mesmo tempo capaz de promover a conservação ambiental e o uso dos recursos naturais para produção. O atendimento às normas legais é dificultado pela pulverização dos entes federativos que necessitam ser consultados para a implantação da atividade.
Os Cichidae, popularmente conhecidos como carás ou acarás, reproduzem-se na seca, onde geralmente os machos cuidam dos ovos depositados em ninhos ou mesmo após a eclosão, colocando os juvenis na cavidade bucal por ocasião de uma possível predação. Muitas dessas espécies depositam ovos mais de uma vez durante um ciclo reprodutivo. Para as espécies residentes, sem cuidados parentais, como a corvina, Plagioscion ternetzi, as estratégias reprodutivas para serem bem sucedidas são desconhecidas. A literatura cita que a reprodução é evitada no período seco quando há a concentração dos peixes nos ambientes aquáticos mais reduzidos e a predação é inevitável mesmo que a disponibilidade de alimento seja elevada.

Crenicichla sp.

Um fator a favor são as altas temperaturas do período que favorecem o desenvolvimento e eclosão rápida dos ovos (para muitas espécies, ao redor de 24h) o que poderia reduzir a predação para as espécies residentes que se reproduzem nesse período. Na enchente/cheia, as condições da qualidade de água podem não ser as melhores, mas a possibilidade de predação seria mais reduzida, período que deve ter sido adotado por muitas espécies residentes de pequeno porte para reprodução. A maior parte das espécies pertencentes à categoria de migradores de longa distância é composta por espécies de médio a grande porte como a pacu-peva, Mylossoma orbygnianum, os armados, Oxydoras kneri e Pterodoras granulosus, o pacu, Piaractus mesopotamicus, o dourado, Salminus brasiliensis, e o pintado, Pseudoplatystoma corruscans dentre outras. Reproduzem-se nos trechos superiores dos rios no período das chuvas, geralmente de novembro a fevereiro.

Liposarcus anisitsi

Os migradores de curta distância realizam pequenos movimentos entre a planície de inundação (baías, lagos, corixos) e a sua conexão com o rio entre o final do período da seca e o início da enchente. Muitas espécies ficam aglomeradas nas “bocas” de baías ou corixos aguardando as chuvas ou o início da enchente para se reproduzir, ou realizam migrações ascendentes de curta distância para se reproduzir em águas turvas e bem oxigenadas do canal do rio.A esta categoria pertencem algumas espécies de pacu-peva como Metynnis maculatus, Metynnis mola, Myloplus
levis, os pequenos lambaris dos gêneros Astyanax e Moenkhausia, e algumas espécies da família Anostomidae como os piaus, Leporinus lacustris e Leporinus striatus.

Leporinus friderici

O sairu-boi, (Potamorhina squamoralevis) é muito interessante, pois parte da população realiza curtas migrações das baías e corixos até a boca do canal principal para se reproduzir e parte da população migra até próximo aos trechos superiores desses mesmos rios para se reproduzir. Seria ela uma espécie que está em transição entre migradora de curta para de longa distância?
Enfim, são muitas as estratégias reprodutivas de peixes de ambientes inundáveis, estratégias essas que propiciam diferentes formas de aproveitamentos dos habitats disponíveis ao longo de um ciclo hidrológico ou pulso de inundação.

Moenkhausia oligolepsis

Por Emiko Kawakami de Resende - Boletim SBI

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais

Introdução sobre a Nutrição de peixes Ornamentais.

A nutrição de peixes é uma área relativamente complexa que gera anualmente inúmeros trabalhos científicos com o intuito de buscar as melhores dietas sob o ponto de vista de custo e benefício. Aqui não iremos subestimar os conhecimentos de vocês meus caros aquaristas, pois sabemos que a maioria de vocês não mede esforços na procura de informações. Nosso objetivo é apresentar conceitos básicos de nutrição de peixes e suas aplicações práticas no aquarismo.

Pterophyllum altum

Os peixes possuem crescimento contínuo, tendo rotas metabólicas e catabólicas gerais semelhantes a dos outros seres vivos, variando em alguns passos metabólicos devido a presença de enzimas específicas.

Entre essas diferenças podemos exemplificar a superior conversão alimentar dos peixes, quando comparadas a outras espécies de animais. Um peixe pode, proporcionalmente, comer menos e crescer mais, se compararmos a um cão, gato, ou passarinho. Um dos fatores que permitem isso é o menor gasto de energia dos peixes para realizar suas funções vitais. Sem falar que são capazes de eliminar o nitrogênio (excreção nitrogenada) pela urina, fezes e, mais de 80% pelas brânquias de maneira muito eficiente e sem maiores gastos de energia em um ambiente aquático equilibrado.


Os peixes apresentam hábitos alimentares definidos, mas não estritos.


Queremos dizer com essa frase que por mais que uma espécie seja definida categoricamente como herbívora, carnívora e onívora ela não está “bloqueada” de praticar hábitos alimentares diferentes. O canibalismo, por exemplo, muito praticado por espécies carnívoras pode ser observado em espécies classificadas como herbívoras. O aspecto mais relevante nisso tudo é o fato de que em determinada fase da vida os peixes possuem o mesmo hábito alimentar. Não importando a espécie, (na fase de pós larva) os peixes se alimenta exclusivamente de organismos zooplanctônicos. Significa que nessa fase da vida, um carnívoro, um filtrador e um herbívoro irão disputar pelos mesmos alimentos no seu ambiente natural. O hábito alimentar da espécie (definido geneticamente e formado ao longo da evolução da espécie) só irá manifestar-se posteriormente quando já um alevino.

Visualização de organismos constituintes do zooplâncton (base alimentar das pós larvas de peixes em seu ambiente natural). A utilização de "infusórios" contendo esses organismos permite uma melhora na sobrevivência das pós larvas de peixes, uma vez que é semelhante a dieta de todas as espécies nessa fase de vida no seu ambiente natural. No aquarismo existe a alternativa de rações microencapsuladas específicas para essa fase de vida, mas a sua utilização merece cuidados especiais na manutenção da qualidade da água. Foto: Rodrigo G. Mabilia

Particularidades essas que também ocorrem na definição do sexo dos peixes, visto que os peixes nascem com ambos aparelhos reprodutores. Ao contrário de aves e mamíferos que nascem sob condições normais com um dos aparelhos reprodutores (que os definem como macho e fêmea) o sexo dos peixes só será definido após o nascimento. Só não podemos fazer confusões: geneticamente o sexo dos peixes já está programado através de seus cromossomas masculinos e femininos. Apenas a manifestação do sexo é que ocorrerá posteriormente através do desenvolvimento de apenas uma das gônadas no peixe. Há uma diferença em definirmos o sexo cromossomicamente e fisiologicamente. Numa linguagem um pouco mais técnica, podemos afirmar que os peixes nascem geneticamente definidos, mas que fenotipicamente não. Podemos comprovar pelos resultados obtidos na aplicação de técnicas (como a aplicação de hormônios em rações) que revertem sexualmente um indivíduo ainda nas fases iniciais de vida.Técnicas essas muito disseminadas na piscicultura de corte, como no caso das tilápias.


PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS

As proteínas são compostos orgânicos formados por diversos aminoácidos. Existem diferentes tipos de proteínas caracterizadas pela proporção e posição dos aminoácidos que as compõem. Sendo assim os aminoácidos são os componentes estruturais básicos de qualquer proteína. Uma proteína sempre conterá na sua composição carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, entretanto algumas vezes poderá conter enxofre, fósforo e ferro. Os peixes possuem proteínas dispostas em uma grande variedade de tecidos tais como: ossos, pele, órgãos, musculatura, etc... A proteína corporal está constantemente sendo resposta por dois processos: anabolismo e catabolismo.

Anabolismo:
refere-se a síntese de proteína no organismo.

Catabolismo:
refere-se a quebra da proteína no organismo.

O METABOLISMO DAS PROTEÍNAS

O metabolismo das proteínas nos peixes é semelhante aos animais terrestres onde basicamente são hidrolisadas a aminoácidos e estes posteriormente são aproveitados pelo organismo. Na primeira etapa os grupamentos amino são removidos dos aminoácidos através da transaminação do alfa-cetoglutarato em gutamato. O glutamato é o único aminoácido com a capacidade de perder seu grupamento amino através da desaminação promovida pela enzima glutamato desidrogenase, resultando na liberação da amônia.
A partir deste momento surge uma diferença básica: nos animais terrestres a amônia é transportada ao fígado e entra no ciclo da uréia que é o principal produto da excreção nitrogenada; na grande maioria dos peixes a amônia é transportada como glutamina até as brânquias e convertida a glutamato e amônia pela enzima glutaminase. Esta amônia finalmente é eliminada por difusão para a água do meio ambiente. É importante salientar que os peixes de uma maneira geral alimentam-se para atender seus requerimentos de energia. Por esta razão o balanceamento entre os níveis de proteína e energia durante a formulação de dietas para peixes é muito relevante sob o ponto de vista nutricional e econômico. Os peixes possuem baixo requerimento energético e alto requerimento protéico o que agrega um elevado custo das rações comerciais. Rações ricas em energia causam restrição alimentar nos peixes e muito provável estes não satisfarão seus requerimentos protéicos acarretando numa queda na taxa de crescimento.

Detalhe de um alevino em avançado estado de desnutrição. A magreza resulta do consumo das reservas corporais de glicogênio, gorduras e proteínas. Os peixes embora sejam dotados de uma alta capacidade de permanecer em jejum podem apresentar conseqüências danosas a saúde em longos períodos sem alimento, ou em quantidade insuficiente. É sempre bom lembrar que peixes desnutridos são mais predispostos a enfermidades.

Em relação aos aminoácidos existem um grupo de 10 aminoácidos que não podem ser sintetizados por vertebrados e inclusive os peixes. Estes aminoácidos que não são sintetizados pelos peixes são denominados de aminoácidos essenciais. Desta maneira são de grande relevância sob o ponto de vista da nutrição animal, pois devem ser suplementados na dieta. Os aminoácidos essenciais são: a arginina, histidina, lisina, isoleucina, leucina, metionina, fenilalanina, triptofano, valina e treonina.
Existem uma série de outros aminoácidos que os peixes podem sintetizar em seu organismo. São denominados tecnicamente de aminoácidos não essenciais. São considerados não essenciais porque não precisam ser acrescentados na dieta obrigatoriamente. Os aminoácidos não essenciais são: a alanina, aspargina, ácido aspártico, cisteína, cistina, ácido glutâmico, glutamina, glicina, hidroxiprolina, prolina, serina e tirosina. O incremento de aminoácidos essenciais na ração procedem de duas formas: sintetizados e adicionados um a um na ração, ou através de uma fonte protéica especifica (farinha de peixe, farelo de soja, etc...). Estes cuidados na formulação representam um incremento adicional no custo de uma ração para peixes. Seria uma negligencia formular uma ração coma falta de um destes aminoácidos essenciais. Quando um aminoácido essencial está deficiente em uma dieta, este é considerado um aminoácido limitante, porque limita a síntese protéica nos diferentes tecidos. Assim se estabelece uma deficiência nutricional. Maiores detalhes sobre as deficiências nutricionais serão abordados na Parte IV desta série de artigos sobre Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais. O correto balanceamento dos aminoácidos de uma ração é importantíssimo, porque quando há desbalanceamento não ocorre um aproveitamento total da proteína da dieta e maior será a excreção de proteína pelas fezes e amônia na urina e brânquias. Com estas considerações podemos compreender a importância da qualidade das proteínas na nutrição de peixes. É muito importante colocar aos prezados leitores que a qualidade da proteína é muitas vezes mais relevante que a própria quantidade deste nutriente numa ração. Anotem esta frase para quebrar um paradigma estabelecido por uma prática de marketing muito baixa: uma ração nem sempre é melhor do que a outra por conter uma quantidade maior de proteína. Algumas marcas apelam ao consumidor iludindo que o fato de sua ração conter X% de proteína a mais que seu concorrente é melhor. Lamentável esta pura falta de conhecimento de quem oferece palestras fundamentadas nesta teoria. Se vocês prezados aquaristas ouvirem uma barbaridade deste tipo não poupem esforços em suas críticas. Uma dieta hiperproteica , ao contrário pode causar danos a saúde de algumas espécies de peixes de acordo com o seu hábito alimentar e fase de vida. Altas taxas de proteína (proteína de boa qualidade obviamente) são importantíssimas para peixes jovens e espécies de hábito alimentar carnívoro e onívoro com uma certa tendência a carnívoros. Oscars, Acarás Discos, Piranhas, alguns ciclídeos africanos justificam níveis de proteína bruta (PB) na ração que podem chegar a mais de 45% mesmo na fase adulta. Já ciprinídeos como kinguios e carpas koi adultos não devem ter níveis de proteína bruta (PB) superiores a 35%, sendo afaixa ideal próxima a 30%. Infelizmente existem importantes marcas no mercado equivocadas a este respeito. E não paramos por aqui: a temperatura da água possue um papel importante nos requerimentos protéicos dos peixes. Quando a temperatura da água encontra-se dentro da zona de conforto térmico dos peixes são maiores as necessidades de proteína na dieta para atingir os melhores índices de desenvolvimento do peixe.


Detalhe de alevino (figura acima) ainda com o saco vitelínico e (abaixo) após absorção completa. O alevino na foto inferior apresenta-se desnutrido. Em aquários a maior causa de mortalidades das crias deve-se a falta de alimentação adequada. O aquarista precisa compreender que o alevino passa por uma fase de transição durante o processo de absorção do vitelo onde a partir do momento em que está apto a realizar a abertura da boca já deve receber oferta de alimento. A dica seria iniciar a oferta de alimento (ração para alevinos, nauplios de artemias e rotíferos) um pouco antes de finalizar a absorção do vitelo, pois há uma melhora na taxa da sobrevivência. Deve ainda oferecer várias vezes ao dia, porque é alta a taxa do metabolismo dos peixinhos nesta fase de vida.
____________________________________________________________________________________ NOTA TÉCNICA: Estudos com peixes ornamentais demonstraram diferentes exigências proteicas de acordo com a fase de vida dos peixes. Em "Goldfish"Carassius auratus) alto requerimento proteico foi observado para larvas (ao redor de 53% de PB), enquanto que para juvenis estes requerimentos baixaram para 29-30% de PB.

Em fêmeas de lebistes com dietas com níveis de proteínas entre 25 a 45% de proteína bruta tiveram uma alta taxa de fecundidade quando comparadas a grupos que receberam 15% de PB.

Estes estudos demonstram que os níveis de proteína na dieta são importantes tanto para o crescimento como para a reprodução dos peixes ornamentais.

ENERGIA

A energia não é considerada um nutriente, mas é oriunda do metabolismo oxidativo de proteínas, lipídeos e carboidratos. Os peixes possuem baixos requerimentos energéticos quando comparados a outras espécies de animais.


Por que os requerimentos energéticos dos peixes são baixos ?

1° os peixes são ectotermos, ou seja, não precisam de energia para manter a temperatura corporal, como acontece nos mamíferos.

2° os peixes vivem num ambiente aquático onde não sofrem tanto os efeitos da gravidade necessitando um mínimo de energia para manterem-se em suas posições. A bexiga natatória, atualmente renomeada de vesícula gasosa contribui para que o peixe mantenha-se em equilíbrio na coluna da água com muito menos atividade muscular do que teria que fazer um mamífero no ambiente terrestre.


3° Outra importante razão dos baixos requerimentos energéticos dos peixes é o fato dos peixes excretarem passivamente 85% da amônia NH3 através das brânquias. Por outro lado os mamíferos teriam que gastar energia na produção de uréia e as aves para formarem ácido úrico.
Os peixes precisam dietas contendo níveis adequados de energia. Os peixes alimentam-se até o momento de satisfazerem suas necessidades energéticas. Se uma ração possuir altos níveis de energia o peixe irá cessar mais rapidamente a ingestão de alimento e muito provavelmente não ingira o suficiente para atender as suas exigências protéicas e de outros nutrientes. A energia, portanto limita o consumo de alimento para os peixes e o crescimento.

LIPÍDEOS E ÁCIDOS GRAXOS

Os lipídeos são nutrientes essenciais para os peixes. São fontes de energia aos peixes mais prontamente disponíveis em quantidade do que proteínas e carboidratos. Os lipídeos desempenham muitas funções no organismo: lubrificação do trato digestivo, suporte de energia, fonte de ácidos graxos essenciais, serve de componente estrutural de tecidos, aumenta a palatabilidade e agem sobre a regulação de diversas funções do organismo. O excesso de gordura na dieta alimentar pode causar uma queda no desempenho ao piorar a conversão alimentar. Este efeito já pode ser observado a partir de 6% de Extrato Etéreo, conforme a espécie e fase de vida.


Detalhe do acúmulo de gordura na cavidade celomática em razão de uma dieta hiperenergética.

Os ácidos graxos essenciais: linolênico (Ômega 3) e linoleico (Ômega 6) deve ser supridos na dieta, pois os peixes têm capacidade limitada de sintetiza-los. Estes ácidos graxos são muito importantes para que os peixes mantenham a flexibilidade de suas membranas celulares sob condições de baixas temperaturas de água. A deficiências destes ácidos graxos essenciais, ou de seus precurssores na ração causam:

- diminuição de crescimento;
- piora da conversão alimentar;
- aumento de mortalidade;
- aumento de líquido nos músculos;
- ulcerações nas nadadeiras;
- degeneração gordurosa no fígado;
- aumento da taxa respiratória;
- diminuição dos níveis de hemoglobina diminuição do número de hemácias.

Problemas que podem ocorrer com a gordura de rações.

Rações de baixa qualidade, prazo de validade vencido, ou más condições de armazenamento, podem ter problemas relacionados com a peroxidação. O peróxido formado é altamente tóxico e consome toda a vitamina A e E, que são antioxidantes naturais. Como conseqüência temos sinais de:

Alterações externas
- emagrecimento;
- escurecimento da pele;
- perda de escamas;
- necrose das nadadeiras;
- palidez nas brânquias;

Alterações internas

- ascite;
- aumento de baço;
- fígado pálido amarelado;
- anemia profunda;
- estômago e intestinos vazios e com bile. Para resolver o problema administra-se antioxidantes na ração como o BHA e o BHT em níveis em torno de 0,01%. Suprimento de vitamina E na ração são preconizados como preventivo da oxidação das gorduras corporais.


Aspecto pálido-amarelado (gorduroso) de fígado de um peixe em virtude de problemas associados aos ácidos graxos da dieta. Também conhecida como lipidose hepática.


CARBOIDRATOS

Os carboidratos são um dos maiores nutrientes ao lado das proteínas e lipídeos Os carboidratos são abundantes nas plantas, pois são a forma de armazenamento de energia. Os carboidratos são classificados em três grupos principais: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Peixes de águas tropicais tendem a utilizar muito melhor o carboidrato da dieta quando comparados a peixes de água fria e peixes marinhos. O hábito alimentar também interfere diretamente na capacidade de digestão e absorção deste nutriente. Peixes herbivoros, e onívoros, mas que possuem vegetais incluidos na sua dieta como goldfish e carpas digerem com maior facilidade carboidratos devido a microflora especializada no aparelho digetsivo destas espécies.

FIBRAS


A pequena capacidade do tubo digestivo, aliada ao curto tempo de passagem, baixa temperatura do meio em que vivem e a pouca atividade microbiana levam os peixes a apresentarem baixa digestibilidade de alimentos fibrosos. O uso de altos percentuais de fibra na dieta de peixes é questionado por diversas razões: não possuem valor energético significativo, existência de trato intestinal curto e pouca utilização da fibra, aumento da motilidade do trato gastrointestinal (TGI) consequentemente aumentando a velocidade de passagem dos alimentos que diminui a absorção de outros nutrientes. Além disso, o excesso de FB limita a ingestão total. A exceção seriam peixes herbívoros que possuem o trato digestivo relativamente maior quando comparado a peixes de outros hábitos alimentares. A microbiota gástrica e intestinal permite que a fibra da dieta seja melhor aproveitada.

VITAMINAS


As vitaminas são classificadas em hidrossolúveis e lipossolúveis baseado na sua solubilidade. As vitaminas são substâncias orgânicas de extrema importância para o crescimento, saúde, reprodução, mas são requeridas em pequenas quantidades na dieta.
Cada vitamina possui uma função específica no organismo e a ausência, ou deficiência de uma não pode ser substituída, ou compensada por outra.

Vitaminas Hidrossolúveis


-
Ácido ascórbico (Vitamina C): manutenção da integridade dos tecidos de sustentação; biossíntese de colágeno e cartilagem; integridade capilar; melhora da imunidade.

- Cianocobalamina (B12): essencial na formação de elementos sangüíneos durante a eritropoiése; - Biotina: importante na função de diversas enzimas;

- Ácido fólico: eritropoiése, essencial para a síntese dos ácido nucleicos. Pode melhorar a eclodibilidade dos ovos dos peixes;

-
Niacina: componente de coenzimas do metabolismo da glicose e no metabolismo dos lipídeos;

- Ácido pantotênico (B3): integrante de coenzima A, importante no metabolismo dos carboidratos e das gorduras;

-
Piridoxina (B6): essencial no metabolismo de carboidratos, de aminoácidos e de lipídeos; - Riboflavina (B2): é coenzima essencial no metabolismo das gorduras e diversos aminoácidos. Importância no sentido da visão.

- Tiamina (B1): participa do metabolismo de carboidratos, essencial para o normal funcionamento do sistema nervoso, essencial para o apetite, digestão, crescimento e fertilidade;

- Colina: doadora de metila em reações metabólicas, precursora da AcetilCoA. Maior componente do neurotransmissor acetilcolina e essencial para o transporte de lipídeos;

-
Inositol: componente estrutural de certos tecidos , onde age prevenindo a acumulação de colesterol, como mioinositol, serve de reserva de carbohidratos CHO nos músculos;

- Ácido lipóico: biocatalizador.

Vitaminas Lipossolúveis


-
Vitamina A: requerida para regeneração da sensibilidade à luz; transporte transmembrana de cálcio; reprodução e desenvolvimento embrionário; integridade das membranas e epitélios.

- Vitamina D: estocada em grandes quantidades no fígado dos peixes. São biologicamente ativas na absorção do cálcio e do fósforo; ativa a fosfatase alcalina que é envolvida no metabolismo do fósforo.

-
Vitamina E: a atividade biológica da vit.E é através de oito compostos, sendo o alfa-tocoferol o mais ativo; atua como um antioxidante biológico protegendo os peixes da oxidação. Atua também protegendo a Vitamina A, o caroteno e a Vitamina C da ração.

- Vitamina K: essencial para síntese da protrombina. Em peixes a coagulação precisa ser extremamente eficiente devido a viverem em meio líquido.

MINERAIS


Os minerais são classificados de acordo com a quantidade necessária pelo organismo. os macrominerais são requeridos em larga escala pelo organismo e os microminerais são necessários apenas traços destes no organismo.


Macrominerais
Ca e P:
o requerimento é bastante baixo e depende da relação entre o cálcio da dieta/cálcio do ambiente. Cerca de 90% das necessidades de cálcio vêm da água e somente 10% da dieta. O CaCO3 da água assume vital importância neste contexto. O fósforo é um dos minerais mais importantes da dieta dos peixes, pois é essencial para o crescimento, processo de mineralização óssea, metabolismo de lipideos e carboidratos.

Magnésio:
70% do magnésio do corpo é encontrado no tecido ósseo. Uma relação adequada de magnésio é essencial para o metabolismo do cálcio e fósforo.

Sódio e Potássio: o potássio é o tercerio elemento em abundância no corpo ficando atrás somente do cálcio e do fósforo. O sódio e potássio estão estritamente relacionados com a manutenção da pressão osmótica. São importantes também na manutenção do equilíbrio ácido básico interno dos peixes. O potássio participa no processo de relaxamento muscular e é utilizado em diversas reações enzimáticas, já o sódio participa no processo de contração muscular.

Microminerais
Cromo:
o cromo é um elemento essencial que não atua sozinho no organismo. Junto com outras substâncias atua no controle do metabolismo geral, insulina, importantes enzimas, DNA e RNA.

Cobalto:
é componente da cianocobalamina (vitamina B12)

Cobre:
está relacionado com o metabolismo do ferro, uma vexz que facilita a absorção do ferro no trato intestinal e seu armazenamento no fígado. O cobre é cofator de importantes enzimas que atuam no metabolismo da energia. Os peixes são muito susceptíveis a intoxicação pelo cobre contido na água, principalmente se a alcalinidade da água (KH) estiver baixa. Veremos um pouco mais sobre esta questão na parte III do artigo Alimentação e nutrição de Peixes Ornamentais que abordará a Ictiopatologia nutricional.

Iodo: o iodo é componente essencial de hormônios da tireóide. Conseqüentemente tem está relacionado ao metabolismo geral dos animais como o crescimento, funções teciduais nervosas e musculares, ativação do metabolismo da circulação, etc...

Ferro: é um mineral essencial para a formação das céllulas vermelhas sanguíneas. O ferro combina-se com proteínas para formar a hemoglobina das hemáceas. O ferro está envolvido no transporte de oxigênio pelas hemáceas. É componente de algumas enzimas requeridas no metabolismo energético também.

Manganês:
atua na formação óssea, coagulação sanguínea e funções ad insulina e síntese de colesterol. É ativador de importantes enzimas envolvidas no metabolismo de proteínas, lipídeos, carbohidratos e ácidos nucléicos.

Selênio:
o selênio é importante para manutenção da saúde de peixes sobre condições estressantes. A vitamina E, os aminoácidos metionina e cisteína podem ser substitutos parciais do selênio para algumas funções. O selênio participa na ativação de uma importante enzima (a glutation preoxidase) que impede a toxicidade dos peróxidos provenientes da oxidação da gordura dos alimentos. Incrementos de vitamina E e selênio nas rações comerciais são muito benéficos aos peixes.

Zinco:
o zinco é de vital importância no processo de calcificação óssea, além de participar no processo de transferência de dióxido de carbono CO2 para as hemáceas. É importante também para a síntese protéica e ácidos nucléicos.

Carotenoides

Os pigmentos carotenoides são um dos principais grupos de pigmentos naturais da pele e musculatura dos peixes. Os mais encontrados são: luteina, taraxantina, astaxantina, tunaxantina, alfa doradexantina, beta doradexantina e zeraxantina. Como os peixes não podem sintetizar estes pigmentos estes são necessários estar incluidos na dieta. Isto tornou-se um importante aspecto a ser explorado pela industria de rações para peixes ornamentais. ____________________________________________________________
NOTA TÉCNICA 2: Estudos revelaram que a coloração avermelhada de kingyos e carpas koi é atribuída a astaxantina. Este carotenóide pode ser metabolizado a partir da zeaxantina e em menor quantidades pelo beta caroteno, justificando o incremento destes pigmentos na ração.

A Spirulina, muito encontrada na formulação de rações para peixes ornamentais, também exerce um papel importante na coloração. A razão de se uso deve-se a sua capacidade de fixar/acumular carotenoides promovendo indiretamente a intensificação da coloração da pele e musculatura.


Estratégias Nutricionais para Manter os Peixes Saudáveis Para manter peixes saudáveis é preciso compreender três aspectos básicos relacionados à alimentação: qualidade, quantidade e freqüência. Esta tríade compõe o que denominamos de estratégia nutricional. Um aquarista consciente sempre buscará infromações e o melhor alimento para seus peixes. Uma alimentação saudável previne o surgimento de inúmeras enfermidades dos peixes. Sob o aspecto de comportamento há um incremento de vitalidade, acentuação da coloração e melhoria da atividade reprodutiva dos peixes. Não esqueça que uma boa ração deve conter os seguintes pré-requisitos: - alimento completo para a espécie e fase de vida da mesma. - conter somente ingredientes de boa qualidade. - rico complexo vitamínico com complexo B, vitamina E, além de quantidades elevadas de vitamina C próximas a 500mg. - rico complexo mineral. Por exemplo, sempre conter maior quantidade em relação a quantidade de fósforo, sendo este último em pequenas quantidades. - não deve alterar a coloração da água. - não conter excesso de gordura (Extrato etéreo), principalmente em formulações para peixes adultos. Rações que oferecem níveis acima de 8% de extrato etéreo podem ter a intenção de mascarar a falta de palatabilidade e sofrer com maiores riscos de peroxidação desta matéria prima. Mais grave ainda é o fato de que o excesso de gordura restringe o consumo alimentar e pode dificultar a assimilação de alguns nutrientes da ração. - conter níveis de proteína bruta entre 30 a 35% (kinguios e carpas koi, por exemplo) e níveis superiores para peixes carnívoros e onívoros com tendência a carnívoros. Para acarás discos, por exemplo, estes níveis de proteína bruta ultrapassam 46%.

Belos exemplares de carpas koi de um lago ornamental. No mercado existem linhas de rações destinadas para estas espécies. Muitas destas linhas de rações vem com a denominação "ponds" e devem sempre ter preferência na hora da escolha. Não somente por atender as exigências nutricionais, mas pelo baixo potencial de poluição que pode deteriorar a qualidade da água dos lagos de jardim.

Casal de Acarás Discos exibindo vitalidade. Os Discos são muito exigentes quanto a alimentação e podem adoecer facilmente se houver algum desbalanço de nutrientes.

Na foto é possível visualizar alevinos de carpas coloridas com o ventre moderadamente retraído. Na compra de peixes, quando visualizarmos um peixe nestas condições devemos suspeitar de algum problema. A dica é sempre solicitarmos que alguém alimente os peixe que queremos comprar na loja para observarmos se há, ou não apetite. Peixes enfermos geralmente perdem o apetite, ok?


A qualidade do alimento


a) Deve-se a presença dos ingredientes que contenham os nutrientes necessários para que o peixe realize suas atividades basais (respiração, nado, etc...), crescimento e reprodução dos peixes.
Os ingredientes de uma ração correspondem, por exemplo, ao óleo de soja, de milho, de peixe, os farelos e farinhas de peixe, de arroz, glúten, etc... Os nutrientes estão inseridos nestes ingredientes. Assim, a escolha dos melhores ingredientes está baseada na quantidade e necessidade dos nutrientes que a ração necessita para atender as exigências nutricionais de um peixe. Ingredientes de qualidade inferior geralmente são encontrados em rações mais baratas. Rações mais caras, provavelmente devem conter ingredientes de qualidade superior. O alto custo de algumas marcas de rações podem ser compensados pelos benefícios. É verdade que nem tudo que é mais caro necessariamente é melhor, mas com certeza merece uma atenção especial. O que for barato demais devemos suspeitar, pois muitas fezes são utilizadas matérias primas de qualidade inferior e técnicas de fabricação com o emprego de tecnologias menos eficazes no processo de fabricação. O aquarista precisa ser muito crítico sobre este aspecto e atento para estratégias de marketing enganosas executadas por quem não entende de aquarismo. Diferentes espécies e fases de vida implicam em diferentes exigências nutricionais. Estas exigências estão relacionadas aos hábitos alimentares. Vale lembrar que hábitos alimentares dos peixes ornamentais classificam-se basicamente em carnívoros, onívoros e herbívoros. O aquarista, sempre que precisa, deve procurar informar-se sobre quais as melhores alternativas de alimentação para as espécies de peixes que cultiva.


b) A combinação adequada de nutrientes como aminoácidos, vitaminas e minerais.
A combinação destes nutrientes é fundamental. Um bom exemplo é a relação entre os minerais cálcio e fósforo. Na formulação das rações há uma proporção padronizada de 1,5:1 aproximadamente. Outro exemplo seria o uso da vitamina E que além de um nutriente serve como antioxidante para preservar a gordura das rações (Extrato Etéreo). Uma deficiência de aminoácidos essenciais e vitamínas pode inclusive ocasionar algumas patologias de causa nutricional.

c) Estabilidade na água.
A ração deve causar o menos possível de lixiviação. A lixiviação é a perda de nutrientes da ração em contato com a água. É o quanto a ração polui a água do aquário. Um bom exemplo é o caso de rações que liberam excesso de fósforo e proteína na água. Rações de baixa digestibilidade também se enquadram neste contexto. A vitamina C, por exemplo é hidrossolúvel e necessita estar protegida no pellet. O aquarista deve deixar de lado na prateleira rações com baixos níveis de vitamina C.

Significado de Lixiviação de nutrientes: é o termo técnico utilizado na hora de expressarmos a perda dos nutrientes em um pellet, ou floco de ração na água. Rações pouco estáveis e fabricadas com processos de baixa tecnologia permitem a lixiviação de nutrientes (desde proteína até vitaminas e minerais). Quando mais lixiviação mais poluição teremos no ambiente aquático. Poluição essa causada pela ração que coloca em risco o equilíbrio do ambiente aquático em que vivem nossos peixes. As conseqüências já sabemos: aumento dos níveis de amônia (lixiviação de proteína) e proliferação de algas (lixiviação de fósforo e do nitrogênio protéico).


Nessa imagem, podemos ver um pellet de ração de baixíssima qualidade perdendo nutrientes (lixiviação de nutrientes) e absorvendo uma grande quantidade de água.


Visualização da ração que vai ao fundo rapidamente após absorver água. Característica essa indesejável, quando pretendemos alimentar espécies que tem o hábito de se alimentar na superfície da água. é fato que uma grande quantidade dessa ração entra em decomposição e deprecia a qualidade da água dos lagos, tanques e aquários.


d) Capacidade em atrair os peixes. A palatabilidade e a cor são os principais fatores para atrair os peixes. O aquarista precisa estar atento que os peixes possuem preferências e podem algumas vezes não demonstrar tanta voracidade em comer a ração logo após alguma mudança de marca. Isto não é uma regra, mas peixes condicionados a comer uma mesma ração por muito tempo podem inclusive rejeitar a nova ração. A flutuabilidade da ração, por sua vez também colabora para atrair mais, ou menos um peixe. Algumas espécies como corydoras, botias preferem pellets que afundam rapidamente. Já os discos alimentam-se muito bem no meio da coluna de água e tornam-se muito desajeitados ao comer na superfície da água. Converse com o lojista, e discutam as melhores opções para os peixes que você compra. O lojista deve estar preparado para responder estas questões.

e) Granulometria
A granulometria corresponde ao tamanho e a forma de apresentação do pellet da ração. Preconiza-se um tamanho de pellet próximo de 20% da abertura da boca do peixe. Pellets grandes demais para peixes pequenos são prejudiciais pela mesma razão que pellets pequenos são prejudiciais para peixes grandes. A razão é fundamentada na maior demanda de energia para que o peixe consiga fazer a apreensão e ingestão de uma quantidade suficiente de ração para atender suas exigências nutricionais. Um desajuste da granulometria reflete em redução da taxa de crescimento.

Na imagem podemos obsevar uma acentuada desuniformidade dos grânulos da ração para peixes de lagos de jardim. Os efeitos prejudiciais de uma granulometria inadequada são mais evidentes em fases de vida mais jovens como o caso de alevinos e juvenis. Os peixes de menor porte terão dificuldades de ingerir pellets que tiverem desvios acima da granulometria estabelecida para a faixa etária. Nas pisciculturas ornamentais que registram seus custos de produção e monitoram os desempenhos dos lotes é possível comprovar na prática os efeitos desastrosos do uso de granulometrias inadequadas.

Quantidade de Alimento Oferecida: Para peixes ornamentais de aquários, em geral a maneira mais prática de determinar a quantidade de ração a ser oferecida é através do apetite dos peixes. É possível oferecer ração a vontade desde que: - seja rapidamente consumida; - não ocorram sobras; - não causem um grande aumento repentino da cavidade celomática dos peixes. Na época de reprodução aconselha-se aumentar a oferta de alimento, bem como a freqüência de alimentação para que os peixes produzam gametas de melhor qualidade que resultará em embriões, larvas e alevinos mais resistentes. Há também uma alternativa técnica que pode ser aplicada em pisciculturas ornamentais, lagos de kinguios e carpas koi. Baseia-se no cálculo da quantidade de ração diária em função do percentual de biomassa. Isso é interessante para quem quer aproveitar o melhor desempenho dos peixes durante a fase de crescimento, reduzir os custos com alimentação e estimar a duração de seu estoque de ração.

Procedimento: Capture uma amostra de peixes do lago, ou tanque de peixes ornamentais. Após faça a contagem dos exemplares capturados. Deve-se sempre calcular o somatório do peso dos peixes tendo como resultado a biomassa total de peixes. Por exemplo: Um lago que irá receber 8 kinguios onde o somatório do peso dos peixes (biomassa) foi de 2,620kg. Quanto oferecer de ração diária ? Resposta: Biomassa total do lago, ou tanque X percentual de biomassa (em ração).

2,620 X 0,03% (3% da biomassa de peixes em ração) = 78,6g de ração por dia.
Vou responder mais três questões que não foram expostas:

1- O que é percentual de biomassa ?
É o percentual de ração que devemos oferecer em relação a biomassa total (somatório do peso de todos os peixes). Existe uma tabela de referência deste percentual para kinguios e carpas koi de acordo com a fase de vida e a temperatura da água. Isto porque os peixes possuem diferentes exigências nutricionais em cada fase de vida. Já a temperatura influencia diretamente no consumo de alimento. Temperaturas elevadas estimulam os peixes a comerem mais, por outro lado as mais baixas induzem os peixes a comerem menos.

2- Como saber que percentual de biomassa utilizar ?
Basta seguir a tabela referente ao percentual de biomassa oferecido diariamente para carpas e kinguios de acordo com a fase de vida e a temperatura da água.


* Temperaturas e épocas do ano impróprias para criação de alevinos de kinguios e carpas.


3- Quantas vezes ao dia devo oferecer a ração calculada ?
O total de ração estimado no exemplo acima foi de 78,6g. Lembram ? Pois bem, esta quantidade deve ser fracionada para ser oferecida de duas a quatro vezes ao dia para peixes adultos, ou juvenis e seis a oito vezes para alevinos. Se decidir oferecer 02 vezes diárias será 39,3 g na parte da manhã e 39,3 g na parte da tarde. - Freqüência de alimentação: Quando o criador, ou aquarista não optarem pelo programa nutricional que envolve o percentual de biomassa para estimar a quantidade de ração deve-se oferecer ração duas vezes ao dia. Se quiser oferecer mais vezes ao dia não há problemas. Não há uma regra geral desde que não seja oferecida em excesso. O pior erro do aquarista é oferecer ração em excesso, pois além de não fazer bem a saúde dos peixes contribui para prejudicar a qualidade da água.

Ictiopatologia Nutricional

Para finalizar esta série de artigos referentes a Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais disponibilizaremos uma lista com as principais doenças causadas por desordens nutricionais.

1.0 Problemas Nutricionais relacionados as Proteínas.

Nos peixes o desbalanço de aminoácidos na dieta alimentar pode ser atribuído tanto pelo excesso como pela deficiência de alguns aminoácidos essenciais. As conseqüências diretas refletem-se sobre os baixos índices produtivos e aumento nas taxas de mortalidade, principalmente na fase de alevino. Entre os sinais clínicos sugestivos de deficiências de aminoácidos destaca-se as deformidades de coluna vertebral, nadadeiras, opérculos e opacidade dos olhos.


O DESBALANÇO DE AMINOÁCIDOS

Os aminoácidos mais associados as deficiências em peixes são: a lisina, metionina, triptofano, leucina, arginina e histidina. A excreção nitrogenada dos peixes pode ser influenciada tanto pelos níveis protéicos como pelo desbalanço de aminoácidos da dieta alimentar. Trabalhos recentes comprovaram alterações nas taxas de excreção de amônia e uréia em peixes cultivados. Em trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss), por exemplo o excesso do aminoácido arginina na dieta foi capaz de promover nesta espécie um aumento da amônia plasmática e de uréia. Esta alteração metabólica acarretou em uma diminuição da taxa de crescimento promovida pelo maior gasto de energia para eliminação destes metabólitos.
As desordens nutricionais atribuídas a proteínas e aminoácidos estão muito relacionadas a alterações da excreção nitrogenada e já identificam-se hoje diversas espécies de peixes que são capazes de realizar o ciclo da uréia sob condições alimentares e ambientais especificas. Em traíras (Hoplias malabaricus) a indução do ureotelismo já foi comprovada em pesquisa como uma resposta adaptativa desta espécie frente a uma condição adversa.

SINTOMAS CAUSADOS PELA DEFICIÊNCIA DE AMINOÁCIDOS

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Deficiência de Lisina: lordose e erosão de nadadeiras.
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Deficiência de Metionina: catarata com opacidade dos olhos.
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Deficiência de Triptofano: escoliose, lordose, catarata e erosão da nadadeira caudal.
-
Deficiência de Leucina, Arginina e Histidina: lordose


Goldfish apresentando deformidade da coluna vertebral e emagrecimento acentuado atribuído a deficiência de aminoácidos essenciais na dieta.


Acará disco com erosão e degeneração das nadadeiras associada a deficiência nutricional. Caso clínico resolvido em poucos dias com o oferecimento de uma ração balanceada.


Um exemplar de alevino de carpa com uma grave deformidade na coluna vertebral, além de perda da resistência das escamas. Caso clínico também associado a deficiência de aminoácidos essenciais na dieta.

SINTOMAS CAUSADOS PELA INTOXICAÇÃO POR AMINOÁCIDOS


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Excesso de Leucina: escoliose, deformação de opérculos e deformação de escamas.

2.0 Problemas Nutricionais relacionados aos Lipídeos.


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Deficiência, ou Excesso de Ácidos Graxos Essenciais na Alimentação: diminuição do crescimento e da eficiência alimentar. 3.0 Problemas Nutricionais relacionados aos Minerais. - Deficiência de fósforo: redução de crescimento e ganho de peso, desmineralização óssea e aumento do conteúdo adiposo dos músculos.
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NOTA TÉCNICA 3: Estudos em guppies revelaram que a deficiência de fósforo na dieta está associada a perda do apetite, deformidades de coluna (escoliose e lordose).

- Deficiência de cálcio:
deficiências de cálcio não são comuns, pois os peixes podem extrair até 85% do cálcio contido na água. No entanto quando ocorre causa perda do apetite e crescimento reduzido.

- Deficiência de Potássio:
perda do apetite, redução do crescimento e ganho de peso. - Deficiência de Magnésio: perda do apetite, crescimento e ganho de peso reduzidos, flacidez muscular, aumento da taxa de mortalidade.

- Deficiência de Ferro:
perda do apetite, redução de crescimento e Peso, anemia, catarata e erosôes das nadadeiras.

- Deficiência de Manganês:
perda do apetite, catarata, crescimento anormal da nadadeira caudal. - Deficiência de Cobre: redução de crescimento e catarata.

- Deficiência de Selênio: aumento da taxa de mortalidade, distrofia muscular, rescimento reduzido, catarata e anemia.

- Deficiência de Iodo:
hiperplasia da tireóide e redução do crescimento.

4.0 Problemas Nutricionais relacionados as Vitaminas.

AS DEFICIÊNCIAS VITAMINICAS


As vitaminas são substâncias orgânicas de extrema importância para o crescimento, saúde, reprodução, mas são requeridas em pequenas quantidades na dieta. Cada vitamina possui uma função específica no organismo e a ausência, ou deficiência de uma não pode ser substituída, ou compensada por outra.

Voltaremos nossas atenções para o efeito da vitamina C sobre o crescimento e imunidade dos peixes, uma vez que está é constante objeto de estudo na nutrição de peixes. A manifestação da deficiência de vitamina C na dieta de peixes manifesta-se através dos seguintes sinais clínicos: perda do apetite, redução de crescimento, diminuição da imunidade, anemia microcítica normocrômica e magaloblástica, produção desordenada de colágeno, cicatrização prolongada, cartilagem retorcida, escoliose e lordose, hemorragias externas e internas, erosões e perda de escamas, além de causar mortalidade elevada.

Diversos estudos sobre a deficiência e suplementação de Vitamina C na dieta já foram conduzidos em peixes. É consumado que ela aumenta a resistência dos peixes mediante a agentes estressores. Os peixes suplementados com vitamina C na dieta suportam melhor as condições de transporte, apresentam maior resistência a choque osmótico durante a aclimatação e maior resistência a enfermidades. A vitamina C é responsável pela manutenção da integridade dos tecidos de sustentação, biossíntese de colágeno e cartilagem, integridade capilar; melhora da imunidade. A vitamina C é hidrossolúvel e seu incremento na ração deve ser realizado em fórmulas estabilizadas para que esta não seja perdida para o meio ambiente por lixiviação. A fórmula estabilizada mais usual são as fosfatadas como o caso da L-ascorbyl-polifosfato (LAPP). Estudos recentes de suplementação com vitamina C em
Lateolabrax japonicus identificaram efeitos significativos sobre o crescimento e imunidade favoráveis para os grupos que receberam os maiores níveis desta vitamina justificando a sua importância e aplicação na alimentação de peixes.

OS SINTOMAS CAUSADOS PELA DEFICIÊNCIA DE VITAMINAS


Deficiência de Ácido Ascórbico (Vitamina C):
perda do apetite, redução de crescimento, diminuição da imunidade, anemia microcítica normocrômica e magaloblástica, produção desordenada de colágeno, cicatrização prolongada, cartilagem retorcida, escoliose e lordose, hemorragias externas e internas, erosões e perda de escamas, além de causar mortalidade elevada.
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NOTA TÉCNICA 4: Diversos estudos sobre a deficiência e suplementação de Vitamina C na dieta foram já conduzidos em peixes ornamentais. Grupos de Oscars, Acarás Bandeiras e Guppies apresentaram maior resistência a agentes estressores quando comparados a grupos destes mesmos peixes sem suplementação de vitamina C na dieta. Peixes suplementados com vitamina C na dieta suportam melhor as condições de transporte, apresentam maior resistência a choque osmótico durante a aclimatação e maior resistência a enfermidades. Em alevinos de Acarás bandeiras, por exemplo, níveis ótimos acima de 320mg de vitamina C foram necessários para o máximo de estocagem tecidual. Estes dados sugerem a todos nós dar preferência a rações que possuam níveis elevados de vitamina C na sua formulação.

Deficiência de Ácido Pantotênico (B3):
redução de crescimento e peso, anorexia, obstrução branquial, exoftalmia, natação anormal e aumento da mortalidade.

Deficiência de Piridoxina (B6): redução do crescimento, desordens nervosas, hiper-irritabilidade, natação irregular, perda de equilíbrio, perda de escamas, anorexia baixa taxa de conversão alimentar, redução de crescimento.

Deficiência de Riboflavina (B2): redução de crescimento e peso ,anorexia, opacidade da córnea (catarata), hemorragias nos olhos, narinas e opérculo, nado irregular. Fotofobia, mudanças de coloração (escurecimento) e taxa de mortalidade elevada.

Deficiência de Cianocobalamina (B12):
redução de crescimento, anemia microcítica hipocrômica e megaloblástica, anorexia, pigmentação escura.

Deficiência de Tiamina (B1):
redução de crescimento e peso, anorexia, opacidade da córnea, movimentação sinuosa, síndrome da curvatura do tronco, degeneração vascular e hemorragia nas nadadeiras, transtornos nervosos e mudanças de coloração.

Deficiência de Biotina:
redução de crescimento e peso, anorexia, diminuição da atividade, natação anormal, mortalidade elevada.

Deficiência de Ácido Fólico:
anemia macrocítica normocrômica, redução de crescimento e peso, anorexia, letargia e perda gradual de coloração.

Deficiência de Niacina:
redução de crescimento e peso, perda do apetire, mudança de coloração (despigmentação), hemorragia na pele, hipersensibilidade a luz solar, vulnerabilidade a queimaduras solares, natação anormal, mortalidade elevada.

Deficiência de Vitamina E (Tocoferol):
redução do crescimento, perda do apetite, anemia, ascite, cerosidade do fígado, baço e rins, arcos brânquiais retorcidos, distrofia muscular, diminuição da imunidade, edema no pericárdio, fragilidade das hemácias.

Deficiência de Inositol: redução de crescimento, anorexia, hemorragia nas nadadeiras, pele e perda da mucosa e coloração escura.

Deficiência de Vitamina A (retinol): redução de crescimento e peso, ascite (barriga dágua), edema, exoftalmia, degeneração da retina, anorexia e despigmentação, hemorragia renal e aumento da mortalidade.

Deficiência de Vitamina D3:
redução de crescimento e peso, anorexia, elevado conteúdo lipídico no fígado e músculos, baixa concentração de hemoglobina e diminuição da relação hepatossomática.

Deficiência de Vitamina K3: retardo no tempo de coagulação, anemia, hemorragia branquial, ocular, na pele e em tecidos Vasculares.


Visualização de deformidade de nadadeiras atribuída a problemas na síntese de colágeno pela deficiência de vitamina C na dieta.

Visualização de células sangüíneas de peixe. Hemáceas nucledas caracterrísticas dos peixes e uma únuca célula de defesa ao centro. Diversas deficiências vitamínicas ocasionam anemias e baixa da imunidade predispondo os peixes a diversas enfermidades.


HIPERVITAMINOSES Os peixes acumulam vitaminas lipossolúveis quando as quantidades ingeridas ultrapassam as necessidades metabólicas. Uma acumulação muito elevada pode causar um estado tóxico: HIPERVITAMINOSE.

Hipervitaminose A: diminuição do crescimento, alterações hematológicas, necrose e erosão de nadadeiras, escoliose, lordose, fígado gorduroso e aumento da mortalidade. Hipervitaminose D: diminuição do crescimento, letargia e coloração escura. Hipervitaminose E: alterações hematológiccas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Publicado com autorização de Rodrigo G. Mabilia - Médico Veterinário, Msc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).