sexta-feira, 25 de maio de 2007

Ciência

Estudo mostra que peixes primitivos possuíam aparato genético responsável por desenvolver os membros nos vertebrados terrestres.

Das barbatanas às mãos...




O Peixe-espátula, espécie do Mississippi considerada um fóssil vivo, já tinha os genes que controlam formação dos membros nos vertebrados terrestres.
Os membros dos vertebrados terrestres podem não ser uma novidade evolutiva como se costuma pensar. Pesquisadores da Universidade de Chicago (EUA) descobriram que o aparato genético responsável pelo desenvolvimento das barbatanas numa espécie primitiva de peixe, o Polyodon spathula, típica do rio Mississipi, é praticamente o mesmo que controla a formação, por exemplo, das mãos e dos pés do homem. Os biólogos Marcus Davis, Randall Dahn e Neil Shubin chegaram a essa conclusão depois de terem estudado a expressão dos chamados genes Hox, responsáveis pela organização e pela “arquitetura” do corpo e dos membros dos animais, no peixe-espátula, como é popularmente conhecida a espécie encontrada no rio dos Estados Unidos. De acordo com o artigo, a impressão predominante de que os membros dos vertebrados terrestres são únicos pode ter sido causada pela tendência de comparar esses animais com peixes mais modernos, como o paulistinha (Danio rerio), muito usado como modelo em estudos embriológicos. Por ter uma origem mais recente, a linhagem do paulistinha provavelmente perdeu o “kit genético” que controla as formação dos membros. Considerado um fóssil vivo, o Polyodon spathula é um dos poucos remanescentes de um grupo de peixes que habitavam os oceanos há mais de 250 milhões de anos.



© Revista Pesquisa Fapesp On line
© Publicação - Revista Nature de 24/05/2007 (Vol. 447, N°. 7143)

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Nova espécie de Phenacogaster

Descoberta no Amapá nova espécie de peixe


O pequeno peixe Phenacogaster apletostigma demonstra a riqueza biológica do estado e a importância das ações para a conservação dos recursos naturais na região amazônica
A mais recente edição da Revista Brasileira de Zoologia, publicada em março de 2007, anuncia uma nova espécie de peixe descoberta no Amapá. O Phenacogaster apletostigma, descrito pelas pesquisadoras Zilda Margarete de Lucena, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e Cecile Gama, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), foi registrado como uma espécie endêmica (encontrada apenas naquela região) e coletado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru e na Floresta Nacional do Amapá.

Até a publicação do artigo “Phenacogaster apletostigma, nova espécie de peixe no Estado do Amapá, Brasil”, somente dez espécies do gênero Phenacogaster eram conhecidas. Outras dez espécies do mesmo gênero estão em fase de descrição, o que aumentará para 21 o número total de espécies do gênero classificadas pela ciência. “Aqui no Amapá, pelo menos no que se refere a peixes, não há muitas informações devido aos poucos estudos realizados na área. E a pesquisa científica é muito importante para o reconhecimento de nossos potenciais de conservação e a divulgação do Amapá e seu Corredor de Biodiversidade. Encontrar uma espécie nova e rara, que só existe aqui, justifica a existência das áreas protegidas, pertencentes ao Corredor, e a criação de novas unidades de conservação no Estado”, explica Cecile Gama, co-autora do artigo e pesquisadora do IEPA.

O nome da nova espécie – apletostigma - é fruto da fusão das palavras gregas apletos (imensa) e stigma (marca) e faz referência à grande mancha em sua porção lateral, que o diferencia das demais espécies do gênero. A identificação do peixe, que tem em média 33 mm, demonstra a importância de se realizar pesquisas científicas no Amapá, uma das áreas mais ricas e menos estudadas da Amazônia. “Este tipo de descoberta amplia o conhecimento sobre a ictiofauna (conjunto das espécies de peixes) amazônica, que é considerada por especialistas como a mais rica do planeta, e contribui para que a biodiversidade das unidades de conservação do Amapá seja mais bem conhecida e protegida. Muito ainda há para se descobrir nestas áreas”, afirma Enrico Bernard, Gerente do Programa Amazônia da Conservação Internacional (CI-Brasil) e coordenador do Programa de Inventários Biológicos do Amapá, realizado de 2004 a 2006.

Os exemplares do novo animal foram coletados em expedições científicas realizadas à RDS do Rio Iratapuru e à Floresta Nacional do Amapá, que integraram o programa de expedições a vários ecossistemas amapaenses. Este projeto resultou na promoção de 11 viagens de campo a unidades de conservação do Amapá – três à RDS do Rio Iratapuru, duas à Floresta Nacional do Amapá e cinco ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque - e ao cerrado do Estado. Segundo Enrico Bernard, um grande volume de resultados das expedições deverá ser publicado em artigos científicos a partir deste ano. “O processo de elaboração deste tipo material demanda tempo e o envolvimento de profissionais qualificados”, completa.

©ONG Conservação Internacional©