domingo, 25 de março de 2012

Novas espécies de Microglanis

Duas espécies novas de Microglanis são descritas dos tributários do alto-médio Rio Araguaia, estados do Mato Grosso e Goiás, Brasil pelos ictiólogos Willian Ruiz e Oscar Shibatta. 

Microglanis oliveirai difere de seus congêneres pelo processo supraoccipital curto não atingindo a pequena placa nucal anterior, e número reduzido de rastros branquiais, poros da linha lateral, costelas, vértebras e raios da nadadeira caudal. 

 Microglanis oliveirai, foto em vida. Foto gentimente cedida por W.B.G. Ruiz.

Distribuição. Microglanis oliveirai é conhecido dos tributários do Rio das Mortes e Rio Cristalino, alto-médio bacia do rio Araguaia, estado do Mato Grosso, Brasil.

Observações. As espécies coletadas na bacia do Rio Cristalino possuem maior largura interorbital e coloração escura quando comparados com as amostras coletadas na bacia do Rio das Mortes.

(A) Rio Cristalino, bacia do Rio Araguaia, Mato Grosso; (B) Córrego Jaraguá, bacia do Rio Araguaia, Goias; (C) Rio Corrente, afluente do Rio das Mortes, bacia do Rio Araguaia, Mato Grosso.

Etimologia. Microglanis oliveirai é nomeada em nome de Claudio de Oliveira, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus Botucatu (SP), em  reconhecimento de sua contribuição para o conhecimento da evolução de peixes neotropicais.


Microglanis xylographicus difere de seus congêneres pela presença de melanóforos ao redor dos neuromastos alinhados superficialmente, comprimento do focinho 11,4-12,9% do comprimento padrão e o padrão de colorido do corpo, formado por listras horizontais castanhas como marcas de casca de madeira.

 Microglanis xylographicus, foto em vida. Foto gentimente cedida por W.B.G. Ruiz.

Distribuição. Microglanis xylographicus é conhecido dos tributários do Rio das Mortes e pequenos tributários do Rio Araguaia, como o córrego Jaraguá e o Rio das Garças no estado do Mato Grosso e Goiás, Brasil


Observações. Os epécimes da localidade tipo, o córrego Jaraguá, são maiores do que os espécimes coletados no Rio Ínsula e Rio Corrente, tem mais neuromastos na linha mediana do tronco, maior boca, menor diâmetro orbital, menor comprimento espinho da nadadeira dorsal menor comprimento da nadadeira adiposa e uma coloração marrom mais escuro. As duas populações são separadas (cerca de 90 km) pela a Serra do Roncador e a Serra Azul, indicando que essas diferenças podem ser geograficamente relacionados. Na ausência  de provas adicionais, consideramos que as duas populações pertencem a uma única espécie.

 Rio Corrente, localidade onde foram encontradas as espécies sintopicas M. oliveirai e M. xylographicus (d). Foto gentimente cedida por W.B.G. Ruiz.


Etimologia. O nome xylographicus deriva do Grego Xylos que significa madeira e Graphikos para escrever. Em referência ao padrão de cor horizontalmente estriado, como uma casca de árvore.

Dados sobre ambas espécies. 
Ambas espécies ocorrem simpatricamente no Rio Corrente, localidade tipo de M. oliveirai. O Rio Corrente atravessa uma grande extensão de vegetação de Cerrado (Savana brasileira). Ele tem uma profundidade máxima de 2,5 m, e largura de 6 a 11 m. O fundo do rio é constituído principalmente de barro, com áreas de areia e cascalho, e abundante quantidade de folhas submersas. Propriedades físicas e químicas da água no momento da coleta foram: transparência da água = 0,15 m; pH = 6,4; temperatura = 22,1 º C e condutividade = 1.132 microsiemens/cm. Os espécimes de M. oliveirai e M. xylographicus foram coletados entre as raízes da vegetação marginal, galhos de árvores e folhas submersas. Espécies com morfologia e ecologia semelhantes não deveriam coexistir no mesmo hábitat, de acordo com o princípio de Gause (princípio de exclusão competitiva ou competição interespecífica). No caso de M. oliveirai e M. xylographicus, essa competição pode ser evitada pelo compartimentação dos recursos. Analisando o trato digestivo de dois exemplares de M. oliveirai e dois exemplares de M. xylographicus, encontramos para M. oliveirai um total de 67% de larvas de Chironomidae e 33% de larvas de Trichoptera, enquanto 100% dos conteúdos estomacais de M. xylographicus foram compostas de larvas de Chironomidae.


Para Saber mais:
Ruiz, W. B. G.; Shibatta O. A. Two new species of Microglanis (Siluriformes: Pseudopimelodidae) from the upper-middle rio Araguaia basin, Central Brazil. Neotrop. ichthyol. vol.9 no.4, 2011.


Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke
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segunda-feira, 12 de março de 2012

Expedição ao Pantanal

Dessa vez estamos em Poconé - MT, no parque Nacional do Pantanal Matogrossense (PARNA). O PARNA do Pantanal é uma área de constante inundação no período das cheias, onde as águas do Rio Cuiabá e do Rio Paraguai se misturam formando diversas lagoas, baias, canais; um verdadeiro labirinto para quem não conhece a região. O PARNA do Pantanal Matogrossense fica entre os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bolívia, sendo a divisão entre esses dois países, a Serra do Amolar. Possui um total de 136.028 hectares, tendo como objetivo proteger e preservar todo o ecossistema pantaneiro. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. Essa planície inundável, concentra uma rica fauna, tanto dentro da água como fora da água, sendo muito fácil observar vários animais silvestres.

  Entrada da Rodovia Transpantaneira

Para chegar a esse Parque Nacional rodamos cerca de 1500 km de rodovias cortando três estado, mais 150 km da rodovia Transpantaneira e ainda mais seis horas de barco com motor de popa pelo Rio Cuiabá. 
 Uma verdadeira aventura que começa a valer a pena assim que iniciamos a rodovia Transpantaneira, avistando vários animais selvagens e atravessando mais de 100 pontes de madeira, onde abaixo das mesmas existe uma infinidade de jacarés. Ainda na rodovia, encontramos cervos, tamanduás e muitas aves, como gaviões, araras, tucanos entre outras.

Primeira aparição da Rodovia, mas é apenas o começo...

 Uma das mais de 100 pontes de madeira na Transpantaneira

 
 Abaixo da ponte um verdadeiro jacarezário


 Rodovia Transpantaneira

 Cervo do Pantanal jovem


 Jaburu ou Tuiuu


 Ja no Rio Cuiabá os cardeais queriam uma carona até o Parque Nacional

Essa é pra provar que o rio estava pra peixe...

Navegando nas águas do Rio Cuiabá, podemos avistar principalmente aves aquáticas na beira do rio, além de jacarés e capivaras que também são muito comuns.


  E foram seis horas de muita água e paisagens...

 



 Serra do Amolar - Atrás da serra a Bolívia

 Depois de longas e emocionantes seis horas navegando pelo Rio Cuiabá, chegamos a sede do Paque Nacional. E encontramos muitas aves, mas muitas mesmo...

 





 E pra completar a expedição, fomos fazer o levantamento da ictiofauna local. Os conhecidos camalotes eram um dos principais habitat dos peixes pequenos, principalmente ornamentais.

Camalotes e aquapés


 Tetra Black Phanton - Hyphessobrycon megalopterus

 
 Mato Grosso - Hyphessobrycon eques

 Tetra green fire - Aphyocharax rathbuni

Apistogramma trifasciata

 
 Apistogramma borelli - fêmea

 Apistogramma commbrae

Cascudo - Hypostomus sp.

 
Ituí cavalo - Apteronotus albifrons


 Cichlassoma dimerus

 Pyrrhrulina australis 


Tuvira - Brachyhypoppomus sp. 

 Tetra Olho de Fogo - Moenkhausia forestii

 Tetragonopterus argenteus

Ancistrus sp.

E na calha do rio prevalecia os grande peixes, que por sinal foram várias espécies,

 Bico de pato - Sorubim lima

Raia motoro - Potamotrygon motoro

 
Piranha caju - Pygocentrus nattereri

 
Joaninha - Crenicichla lepidota

 Bagre 

Traira
Depois de uma semana em pleno Pantanal, percebemos como a natureza é bela e completa, sempre mostrando suas jóias a todos nós, sejam elas no ar, na terra ou na água.


 
Como vimos nas fotos, a preservação do Pantanal é algo muito importante para o equilíbrio da vida. Sem preservação, não existiria essa grande biodiversidade. Além dos vários animais aqui mostrados, o Pantanal ainda esconde grandes animais como a onça pintada e mais de 650 espécies de aves, centenas de peixes e centenas de insetos, sendo essa fauna inferior apenas à da Amazônia.

Desse lugar, fica na memória todas suas belezas e esperamos que ela sempre possa existir.

 

Ricardo Britzke © Copyright 2012 ©