sábado, 28 de fevereiro de 2009

Peixes do Pantanal

Introdução

Local da coleta

O Pantanal é uma extensa planície sedimentar localizada na Bacia do Alto Paraguai, abrangendo áreas do Brasil, Paraguai e Bolívia, e é considerado Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988 e reconhecido, em 2000, como Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Esta região apresenta um regime hidrológico único, que se caracteriza pela alteração sazonal dos níveis dos rios, que está entre os principais fatores que regem a sua grande biodiversidade, representada por mais de 650 espécies de aves, 80 espécies de mamíferos, 50 espécies de répteis, 2.000 espécies de plantas e mais de 260 espécies de peixes.

Local da coleta

A diversidade ictiofaunística do Pantanal existe devido a vários processos evolutivos, principalmente a estratégias alimentares. Nesta região, existem peixes detritívoros (alimentam-se de restos de animais e vegetais, encontrados no fundo dos rios), herbívoros (alimentam-se de folhas e frutos), carnívoros (alimentam-se de peixes, por exemplo), insetívoros, iliófagos (alimentam-se de lama), lepidófagos (alimentam-se de escamas). Isso nos demonstra como é importante a preservação deste bioma tão rico, pois qualquer transformação, pode acarretar na extinção de muitas espécies.

Local da coleta

Britski e colaboradores, no livro “Peixes do Pantanal”, publicado em 1999, listaram a ocorrência de 11 ordens de peixes, representadas por 109 espécies de Characiformes, 105 de Siluriformes, 16 de Perciformes, 12 de Gymnotiformes, 11 de Cyprinodontiformes e 11 de espécies distribuídas nos grupos Myliobatiformes, Clupeiformes, Beloniformes, Synbranchiformes, Pleuronectiformes e Lepidosireniformes. Em sua segunda edição revista e ampliada, o livro possui a descrição de 269 espécies de peixes, reproduzidas em dezenas de fotos e 150 ilustrações científicas.



Local da coleta
A coleta

Durante o Encontro Brasileiro de Ictiologia, que ocorreu de 25 a 30 de janeiro de 2009, fui convidado para uma coleta no Pantanal. Logo após o almoço, pegamos a estrada e nos dirigimos a região de Mimoso, no estado de Mato Grosso.
Diversas espécies
Ao chegarmos ao local, a água era límpida e rasa em sua maioria, sendo possível observar muitas espécies nandando calmamente. Existia no local também muitas plantas aquáticas, várias muito comuns ao aquarismo, assim como os peixes. Vale ressaltar que todos os animais coletados possuiam autorização pelo IBAMA e irão pertencer a coleção de peixes da Universidade Estadual Paulista (UNESP).




Diversas espécies (Rivulus puntactus, Pamphorichthys hasemani, Eigenmannia trilineata, Apistogramma borelli)


Família Characidae

Incertae sedis
em Characidae

Hemigrammus ulreyi


Hyphessobrycon megalopterus



Hyphessobrycon eques


Hyphessobrycon elachys


Aphyocharax rathbuni


Aphyocharax nattereri


Moenkhausia dichroura


Triportheus nematurus

Markiana nigripinnis


Bryconops melanurus


Subfamília Cheirodontinae


Serrapinnus kriegi

Subfamília Serralsaminae


Catoprion mento



Subfamília Characinae


Charax leticiae




Família Anostomidae

Leporinus friderici


Família Crenuchidae

Characidium laterale



Família Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus pantaneiro



Família Lesbiasinidae

Pyrrhulina australis

Família Cichlidae

Apistogramma borelli


Laetacara dorsigera


Mesonauta festivus


Satanoperca pappaterra


Família Doradidae

Merodoras nheco


Família Synbranchidae

Synbranchus marmoratus



Agradecimentos:

A Claudio de Oliveira, Guilherme Lopes e Mahmoud Mehanna.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O mistério do Macropinna microstoma

Pesquisadores do Instituto de Preservação do Aquário da baia de Monterey desvendaram um mistério de meio século sobre os peixe com olhos tubulares e uma cabeça transparente. Desde que o Macropinna microstoma de foi descrito em 1939, os biólogos marinhos sabiam que seus olhos tubulares eram muito bom na captação de luz. Entretanto, um novo papel foi descoberto por Bruce Robison e Kim Reisenbichler, que mostram que esses olhos incomuns podem girar dentro do protetor transparente que "cobre" a cabeça do peixe. Isto permite que o Barreleye (Olhos Tubulares - nome popular) possa olhar para cima e também focalizar o que esta em sua frente quando está comendo. A descrição da espécie não mostrava essa característica, e os autores acreditam que esta é uma estrutura frágil e seria destruída no momento em que os peixes foram trazidos à superfície nas redes. Diversas espécies dos peixes abissais na família Opisthoproctidae são chamadas " Barreleyes" porque seus olhos possuem forma tubular.

Macropinna microstoma

Embora os olhos tubulares sejam muito bons em coletar luz, eles têm um campo muito estreito de visão. Além disso, até aqui, a maioria dos biólogos marinhos acreditam que os Barreleye possuem seus olhos fixos em sua cabeça, que permitiriam que olhassem somente para cima. Isto seria impossível para este peixe conseguir ver diretamente na frente dele, e muito difícil para que capture seus alimento com sua boca pequena.
Robison e Reisenbichler usaram veículos comandados à distância (ROV) para estudar os Barreleyes nas águas profundas do mar da Califórnia central. Em profundidades de 600 a 800 metros (2.000 a 2.600 pés) abaixo da superfície, as câmeras de ROV mostraram estes peixes em suspensão imóvel na água, seus olhos emitiam um verde vívido no ROV. O vídeo do ROV igualmente revelou a característica não descrita destes peixes, seus olhos são cercados por um protetor transparente, um fluido que cobre a parte superior da cabeça do peixe. A maioria das descrições e ilustrações existentes deste peixe não mostram seu protetor, provavelmente porque esta estrutura frágil foi destruída quando os peixes foram trazidos para a superfície.


Macropinna microstoma

Entretanto, Robison e Reisenbichler conseguiram trazer um Barreleye vivo ate a superfície, onde sobreviveu por diversas horas em um aquário a bordo do navio. Dentro deste ambiente controlado, os investigadores podiam confirmar que tinham visto no vídeo do ROV, os peixes giravam seus olhos tubulares enquanto virava seu corpo da posição horizontal a uma posição vertical.
Os Barreleyes têm uma variedade de outras adaptações interessantes à vida do alto mar. Suas grandes nadadeiras lisas permitem que eles fiquem quase imóveis na água, e manobrar muito precisamente seus movimentos; suas bocas pequenas sugerem que sejam muito preciso e seletivo em capturar suas presas; e seus sistemas digestivos são muito grande, o que sugere que possa comer uma grande variedade animais.

Macropinna microstoma

Os autores acreditam que o Macropinna microstoma emita os pigmentos verdes para facilitar a visualização de medusas, um de seus alimentos, as quais são bioluminescentes. Na maioria das vezes o peixe fica a maior parte imóvel na água, esperando as medusa que derivam acima de sua cabeça, as quais iram aparecer através da sua luz emitida.

Distribuição de Macropinna microstoma


Para mais informações:
Robison, B.H.; Reisenbichler, K.R. Macropinna microstoma and the paradox of its tubular eyes. Copeia. 2008, No. 4, December 18, 2008.

Monterey Aquarium


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ciência

Cientistas documentam 13 mil espécies nos oceanos gelados

Em uma surpresa, os cientistas disseram ter achado dezenas de espécies comuns a ambos os mares polares.

Pelagonemertes rollestoni caçando zooplâncton . Foto: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


Os oceanos polares não são desertos biológicos. Um censo da vida marinha, divulgado no último dia 16 de fevereiro, documenta 7,5 mil espécies nas águas da Antártida e 5,5 mil no Ártico, incluindo centenas que, acreditam os pesquisadores, nunca haviam sido descritas cientificamente.

Uma lesma aquática do tamnaho de um grão de feijão, Limacina helicina, ocorre nos dois polos. Imagem: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


"Os livros de ciência dizem que há menos diversidade nos polos que nos trópicos, mas encontramos uma variedade espetacular de vida marinha nos oceanos Antártico e Ártico", disse a pesquisadora australiana Victoria Wadley, que tomou parte no levantamento feito na Antártida. "Estamos reescrevendo os livros".

Clione limacina, encontrada tanto nas águas do Ártico quanto da Antártida. Foto: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


Em uma das maiores surpresas, os cientistas disseram ter descoberto dezenas de espécies comuns a ambos os mares polares, separadas por quase 11 mil quilômetros. Agora, é preciso descobrir como acabaram se separando.

Chionodraco hamatus, um peixe do Ártico, capaz de suportar temperaturas que congelam o sangue de outros peixes. Imagem: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


"Provavelmente sabemos mais sobre o espaço profundo que sobre as profundezas dos oceanos polares, no nosso quintal", disse a líder do programa oceânico do grupo ambientalista WWF-Austrália, Gilly Llewellyn. Ela não tomou parte na pesquisa.

Calycopsis borchgrevinki é uma das água-vivas mais comuns da Antártida. Foto: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


A maior parte das formas de vida descobertas são invertebrados, animais simples, desprovidos de espinha vertebral.

Platybrachium antarcticum, ou anjo-do-mar, nada nas águas da Antártida em busca de lestmas para se alimentar. University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


Pesquisadores descobriram dezenas de espécies de aranhas marinhas grandes como a mão de um ser humano, e minúsculos crustáceos semelhantes a camarões na bacia antártica, vivendo a uma profundidade de 3,8 quilômetros.

O crustáceo Mimonectes sphaericus, que vive tanto no Ártico quanto na Antártida. Foto: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft


Esse levantamento é um dos vários projetos do Censo da Vida Marinha, um esforço internacional para catalogar todas as formas de vida dos oceanos. O censo de dez anos, com publicação prevista para 2010, é patrocinado por governos, órgãos da ONU e organizações privadas.


Fonte: Estadão

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Nova espécie de Crenicichla

Uma nova espécie do gênero Crenicichla é descrita dos ribeirões Tembey, Pirayuy, Pirapó e Poromoco, todos afluentes do rio Paraná no Paraguai. Descrita pelo ictiólogo sueco Sven Kullander, a nova espécie foi nomeada de Crenicichla mandelburgeri.



Crenicichla mandelburgeri
é particularmente similar a Crenicichla niederleinii, C. mucuryna e C. jaguarensis. Distingue-se de seus congeneres, pela presença de barras verticais estreitas e numerosas ao longo do corpo em espécimes jovens, as quais são substituídas nos adultos por uma faixa horizontal escura e irregular. Além disso, possuem uma mancha caudal distinta de seus congêneres, além de numerosas escamas na linha lateral, uma maxila mais baixa do que a parte superior e por a borda pré opercular serrilhada.


Coloração no álcool. Porção inferior do corpo de coloração branco amarelado. Pré maxilar e interobital cinzas escuro. Laterais amarelo acastanhados; cada escama possui margem marrom escuro. As escamas da linha lateral possuem um ponto escuro longe do ponto de origem. Faixa horizontal escura e irregular no corpo todo.

Mandelburgeri é uma homenagem a ictiologista paraguaio Darío Mandelburger, coordenador Proyecto Vertebrados del Paraguay 1992–1999, momento em que C. mandelburgeri foi coletado.

Alguns dos espécimes foram coletados em ribeirões de águas rápidas, túrbidas e acastanhadas, com 5 a 10m de largura e a 1m de profundidade. Outros foram coletados em afluentes menores, com cerca de 3m de largura, e variação da velocidade e transparência da água, possuindo como substrato areia e pedras, geralmente sem vegetação.

Para saber mais:
Kullander, S.O. Crenicichla mandelburgeri, a new species of cichlid fish (Teleostei: Cichlidae) from the Paraná river drainage in Paraguay. Zootaxa 2006: 41–50, 2009.


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nova espécie de Hyphessobrycon

Uma nova espécie do gênero Hyphessobrycon é descrita para a bacia do alto rio Cauca, na Colombia. Descrito pelos ictiólogos colombianos Carlos Garcia-Alzate e Cesar Roman-Valencia, a nova espécie foi nomeada de Hyphessobrycon ocasoensis, a qual pertencia ao grupo H. heterohabdus proposto por Géry (1977).

A nova espécie se distingue das outras espécies descritas do grupo H. heterohabdus pela seguinte combinação de caracteres: três raios simples e oito raios ramificados na nadadeira dorsal; osso maxilar curto com um ou nenhum dente; quatro pequenos forames no osso do maxilar e 5 no pré maxilar; 5-17 escamas com poros na linha lateral, sendo seis entre a linha lateral e origem da nadadeira anal, seis entre a linha lateral e a origem da nadadeira pélvica, e nove pré dorsais; a altura do pedunculo caudal é cerca de 16,7% do comprimento padrão; a largura interorbital é 50,6% do comprimento da cabeça; possui um ponto escuro no pedúnculo caudal e uma faixa lateral negra que se extende verticalmente desde a origem das nadadeiras dorsais até a ponta dos raios da nadadeira caudal

Coloração em álcool: Corpo amarelo claro, verde escuro na borda dorsal, com uma mancha escurana base do pedúnculo caudal. Na lateral do corpo apresenta uma mancha escura, posterior a a mancha umeral, se estendendo até a nadadeira caudal. Possui uma linha traçada superiormente desde a origem da nadadeira dorsal e uma mancha opercular escura, verticalmente alargada. A área superior do corpo possui as escamas escuras e as bordas das nadadeiras dorsal e caudal são escuras. As nandadeiras peitorias, pélvicas e anais são hialinas.


Etimologia
Epíteto especifico alusivo para a Reserva Natural Montaña el Ocaso, onde se coletaram os primeiros exemplares.

Distribuição:
Rio Roble, afluente do rio La Vieja, ambos afluentes do alto rio Cauca.

Afluente do rio Cauca

Para saber mais consulte:
García–Alzate, C. A.; Román–Valencia, C. Hyphessobrycon ocasoensis sp. n. (Teleostei, Characidae) una nueva especie para el Alto Cauca, Colombia. Animal Biodiversity and Conservation 31.2 (2008)

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke
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