terça-feira, 13 de novembro de 2012

Novas espécies de Mazarunia

Duas novas espécies do gênero Mazarunia são descritas pelos ictiólogos Hernan Lopez Fernadez, Donald Taphorn e Elford Liverpool na bacia do Rio Mazaruni. A redescrição de Mazarunia mazarunii também é apresentada.

Mazarunia mazarunii

Mazarunia mazarunii pode ser distinguida de todas as outras espécies de Mazarunia pela presença de dois forâmes (contra um) na face lateral do pré-maxilar, escamas ctenóides (contra ciclóides) no  sub-opérculo, inter-opérculo e região peitoral; coloração particular que inclui barras sub e supra orbitais completas, e por ser la única espécie de Mazarunia com uma faixa lateral formada por manchas associadas com as barras laterais ao longo da linha mediana. Exemplares adultos de M. mazarunii possuem uma barra negra e escura atrás da cabeça que produzem a impressão de um colar.



Etimologia.
O nome do gênero e da espécie refere-se a bacia do Rio Mazaruni.

Distribuição geográfica.
 De acordo com Kullander (1990), foram coletados em um afluente de águas negras do Rio Kamarang, próximo de sua foz no Rio Mazaruni.
 
Habitat. 
Mazarunia mazarunii foi coletado principalmente no alto Rio Mazatuni, em locais com substratos arenosos, eventualmente com vegetação e troncos. Todos os ambientes tinham água negra com os segunites parâmetros: Temperatura 21,8 - 24,5 º C; altos níveis de oxigênio dissolvido: 5,2 - 9,3 mg / L, pH ácido: 4,0 - 4,8; condutividade extremamente baixa: 0 - 10 uS e transparência da água:  0,6 - 0,85 m de profundidade Secchi . Também foram capturados em ambientes de mineração de ouro, que possuem água com menor transparência (0,2-0,3 m de profundidade Secchi)


Mazarunia charadica

Mazarunia charadrica, nova espécie, distingui-se das outras especies do gênero, por caracteres diagnóticos como escamas ciclóides (contra ctenóides) na região opercular, pós-orbital, peitoral lateral e anal genital;  ausência de mancha medio-lateral, e uma área escura difusa cobrindo a porção dorsal da cabeça dando a impresão de um "chapéu negro". Quando juvenil apresenta um padrão único de coloração com sete barras verticais, conservadas parcialmente nos adultos. As barras 3-6 na direção antes da caudasão mais visíveis em exemplares juvenis e em espécimes de tamanho médio se descoloram e quase desaparecem nos exemplares adultos. Muitas espécies mostram somente a barra número 3 (barra medio lateral). 



Etimologia. 
Do grego Charadra, que significa montanha de grande fluxo, em referência à sua preferência por hábitas reofílicos, a espécie é frequentemente encontrada em afluentes íngrimes do maciço de Roraima que formam o Rio Mazaruni. Para ser considerado como um adjetivo na forma feminina.

Distribuição geográfica. 
Mazarunia charadrica possui a mais ampla distribuição de todas as espécies do gênero, encontrada alto Rio Mazaruni e seus afluentes diretos, os rios Karamarang, Kukui e o riacho Abbou, e de vários afluentes do Rio Kako, incluindo Waruma, Sandaa e Paikwa.

Habitat. 
Mazarunia charadrica é a espécie mais reofilica das três espécies do gênero. Embora coletada em simpatria com Mazarunia mazarunii em locais com fundos arenosos e correnteza lenta, esta espécie é mais abundante na área superior da bacia do Rio Mazaruni, especialmente em afluentes rochosos e ricos em corredeiras. Capturado em locais de água negra com alta transparência (0,55-1,0 m de profundidade Secchi), temperatura ( 21,7 - 24,5 º C), pH (4,4 - 4.8), oxigénio dissolvido (5,2 - 9,3 mg / L) e muito baixa condutividade (<10 span="span"> mS)

Nome popular.
Conhecido pelos índios Kamarang e na literatura aquarística pelo nome "Red Patwa"




Mazarunia pala

Mazarunia pala, nova espécie, distingui-se de seus congêneres pela presença de escamas ctenóides na base da nadadeira dorsal (contra ausência em M. charadrica e M. mazarunii), uma pequena barra sub-orbital limitada ao pre-opérculo, ausência de barras laterais distinguiveis no corpo, e por sua coloração geral rosácea com uma mancha média-lateral com uma única marca melânica. Todas as espécies conhecidas do gênero Mazarunia estão restringidas a porção superior da bacia do Río Mazaruni na Guiana.





Etimologia. 
Do grego Pala, que significa pepita de ouro, em referência aos pontos dourados atrás e debaixo da região orbital. Também em referência ao fato de que esta espécie tem sido coletada no canal principal do alto rio Mazaruni, onde ocorre uma crescente exploração de ouro, que está contribuindo para a degradação de seu hábitat. Para ser considerado como um adjetivo na forma feminina.


Distribuição geográfica.  
Mazarunia pala é conhecido a partir de quatro pontos de coleta ao longo do canal principal do alto Rio Mazaruni superior, e também na foz do Rio Kukui e Rio Kamarang.

Habitat. 
Coletados em hábitats muito semelhantes ao de Mazarunia mazarunii, com o qual parece conviver, mas não é tão abundante como a outra. A temperatura da água variou entre 21,7 - 24,5 º C; os níveis de oxigênio dissolvido 5,2 - 9,3 condutividade mg / l; pH 4,4 e condutividade baixa (<10 span="span"> mS).


Quadrados azuis: Mazarunia charadrica, Círculos negro: Mazarunia mazarunii; Triângulos rosas: Mazarunia pala.


Para saber mais
López-Fernández, Hernán & Donald C. Taphorn & Elford A. Liverpool. 2012. "Phylogenetic diagnosis and expanded description of the genus Mazarunia Kullander, 1990 (Teleostei: Cichlidae) from the upper Mazaruni River, Guyana, with description of two new species". Neotropical Ichthyology. v. 10(n. 3), pp. 465-486  


Adaptado e traduzido 
Ricardo Britzke © Copyright 2012 ©  
Fotos de M. mazarunii e M. charadrica by Alf Stalsberg