sábado, 24 de outubro de 2009

Nova espécie de Astyanax

Uma nova espécie do gênero Astyanax é descrita de um córrego da drenagem do médio rio Araguaia, localizado em área de Cerrado do planalto do Brasil Central. Descrita pelos ictiólogos Valdener Garutti e Paulo César Venere como Astyanax xavante, a nova espécie se distingue das demais do gênero pela combinação de caracteres pigmentares, morfométricos,merísticos, morfológicos e dentários.
A espécie descrita pertence ao complexo A. scabripinnis, caracterizado por compartilhar número reduzido de raios ramificados da nadadeira anal, altura do corpo reduzida, cabeça e corpo robustos.


Coloração em vida: Corpo com coloração acastanhado. região dorsal da cabeça e tronco com coloração marrom. Flanco acastanhado acima da linha lateral e abaixo prata a esverdeado. Dois pontos humerais verticais e difusos com coloração castanha escura.  Nadadeiras adiposa e peitorais amareladas. Metade da nadadeira pélvica amarelada e alaranjada na metade do ponto de origem dos raios. Lóbulos superior e inferior da nadadeira caudal avermelhados.


Notas ecológicas:  Astyanax xavante habita águas cristalinas e rápidas, geralmente composto por fundo de pedra e cascalho-pedra. Os peixes ocupam preferencial a superfície da água e espaços entre raizes. São mais abundantes nos cursos superiores e médios do córrego Avoadeira, e sua freqüência diminui rio abaixo. Astyanax xavante foi coletado também com A. argyrimarginatus, A. asuncionensis, A. elachylepis, Knodus sp.(Characidae) e Aequidens tetramerus (Cichlidae), apesar da freqüência reduzida dos últimos.
Astyanax xavante é um peixe onívoro e oportunista, pois estudos na sua ecologia alimentar mostraram que de um total de 357 indivíduos com  estômagos analisados, 90.4% continham algum tipo do alimento e 9.6% estavam vazios; sendo que a maioria estava composto por insetos terrestres (Himenópteros em 29% dos estômagos; Díptera em 14.1%; Homoptera em 4.2%; e o Hemípteros em 3.7%) e o restante com materias de origem vegetal; como folhas, partes pequenas de madeira, pontas de raizes, flores, frutas, algas e semente.



Etymologia: O epíteto Xavante é em referência a etnia de índios Xavante, o nativos habitantes da Serra do Roncador e médio Araguaia, Mato Grosso, Brazil.

Nome popular: “Pe’auptabi” na língua Xavante.


Para saber mais:
GARUTTI, V.; VENERE, P.C. Astyanax xavante, a new species of characid from middle rio Araguaia in the Cerrado region, Central Brazil (Characiformes: Characidae). Neotropical Ichthyology, v.7, n. 3, 2009



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aniversário 3 anos + A subfamília Corydoradinae

Mais uma ano se passou, e o NATURE PLANET completa 3 anos no ar.
Seguindo seu propósito, vem conquistando cada vez mais leitores, contando com um público de mais de 47.000 leitores, envolvendo até o momento 111 países.
Deixo aqui o meu muito obrigado a todos leitores e amigos, por fazerem parte disso tudo, pois hoje o NATURE PLANET é o que é graças a todos vocês!!!



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 Para festejar esse terceiro ano, apresentamos a história da subfamília Corydoradinae  Hoedeman, 1952 (Teleostei, Ostariophysi, Callichthyidae)
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A subfamília Corydoradinae inclui aproximadamente 90% das espécies da família Callichthyidae, sendo uma das mais diversas da ordem Siluriformes, com mais de 170 espécies válidas. As espécies da subfamília Corydoradinae são de pequeno tamanho (no máximo cerca de 90 milímetros de comprimento padrão), sendo distinguidos facilmente de outros callichthideos pela forma de seus corpos e os barbilhões curtos no maxilar. Corydoradinae é atualmente composta pelos gêneros Corydoras La cépède, Scleromystax Günther, e Aspidoras Ihering. 

Corydoras arcuatus

A subfamília apresenta distribuição predominante em toda região cis-Andina, com somente uma espécie trans-Andina, Corydoras melanotaenia Regan, da bacia de Rio Magdalena. Os representantes de Corydoradinae são encontrados em diversos ambientes de água doce, desde córregos rápidos com parte inferior arenosa ou rochosa às associações de planícies com lama.

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Aspidoras Ihering, 1907

Este é um gênero de pequenos peixes gatos, com cerca de 20 espécies descritas e algumas ainda não descritas alocacadas dentro do C-numbers.
O gênero foi estabelecido por R. Von Ihering em 1907 com a espécie Aspidoras rochai. A segunda espécie, Aspidoras lakoi foi descrita por P. Miranda de Ribeiro em 1949. Na revisão de 1976, Nijessen & Isbrücker descreveram nove novas espécies e transferiram duas espécies de Corydoras para o gênero Aspidoras.


Aspidoras pauciradiatus
 
Aspidoras virgulatus é descrita em 1980 por Nijessen & Isbrücker e recentemente Britto (1998, 2000), Lima & Britto (2001) e Britto (2002) descrevem novas espécies para o gênero. Britto (2003) demonstra que o gênero Aspidoras é estreitamente relacionado com o gênero Scleromystax e ambos gêneros formam a tribo Aspidoradini dentro da subfamília Corydoradinae, família Callichthydae.
A principal diferença do gênero quando comparada com os outros gêneros da subfamília Corydoradinae é a presença da fontanela supraocipital, uma autapomorfia do gênero (Nijessen & Isbrücker, 1976; Reis, 1998; Britto, 2003). Todas as espécies são pequenas, raramente ultrapassando os 50 mm de comprimento padrão.
A maioria das espécies são diurnas e sempre ativas procurando alimentos a todo momento. Particularmente, as espécies dos rios do Brasil central e da bacia costeira da região nordeste brasileira apresentam coloração similar, o que torna difícil determinar o peixe em particular sem conhecer a origem dele. As espécies de Aspidoras são endêmicas de áreas não habitadas e restritas na maioria dos rios (Britto, 2000).



Aspidoras albator



Etimologia do gênero: Aspido = protetor; doras = corpo

Espécies:
Aspidoras albater     Nijssen & Isbrücker, 1976     
Aspidoras belenos     Britto, 1998        
Aspidoras brunneus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras carvalhoi     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras depinnai     Britto, 2000        
Aspidoras eurycephalus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras fuscoguttatus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras lakoi     Miranda Ribeiro, 1949        
Aspidoras maculosus     Nijssen & Isbrücker, 1976
Aspidoras menezesi     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras microgalaeus     Britto, 1998    
Aspidoras pauciradiatus     (Weitzman & Nijssen, 1970)        
Aspidoras poecilus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Aspidoras psammatides     Britto, Lima & Santos, 2005    
Aspidoras raimundi     (Steindachner, 1907)        
Aspidoras rochai     Ihering, 1907    
Aspidoras spilotus     Nijssen & Isbrücker, 1976    
Aspidoras taurus     Lima & Britto, 2001    
Aspidoras velites     Britto, Lima & Moreira, 2002        
Aspidoras virgulatus     Nijssen & Isbrücker, 1980

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Corydoras La Cépède, 1803

Um dos maiores gêneros da subfamília Corydoradinae. Foi estabelecido por La Cépède em 1803, baseado na descrição da espécie tipo Corydoras geoffroy, descrita de uma maneira muito confusa e inexata. O holótipo de C. geoffroy foi considerado perdido por Nijessen & Isbrücker (1980). Valenciennes (1840) foi o último autor que viu o holótipo e descreveu conspecificamente com Corydoras puctatus (Bloch, 1794). Somente recentemente Isbrücker consertou o problema declarando que Corydoras octocirrus (Ninjssen, 1970) poderia ser identificada como Corydoras geoffroy, designando um neótipo de C. geoffroy. Isto é importante, porque C. geffroy é a espécie tipo do gênero Corydoras.


Corydoras cf. elegans


Muitos estudos no gênero Corydoras tentaram organizar o polimorfismo encontrado nos membros do gênero. Existiram diversas descrições de novos gêneros, que foram mais tarde declarados sinônimos de Corydoras.
Gosline (1940) foi o primeiro aquarista a sugerir que diferentes espécies formavam grupos, que foi finalmente aceito por Ninjssen e Isbrücker (1980). Os grupos são: punctatus, barbatus, aeneus, elegans e acutus.


 
Corydoras aeneus


Com exceção do homogênio grupo acutus, todos os outros grupos provavelmente não são monofiléticos e compartilham poucas sinapomorfias. Os últimos trabalhos científicos (Reis, 1998; Britto, 2003) também comprovam que o gênero Corydoras é um agrupamento parafilético.

Corydoras geoffroy


Corydoras geoffroy, a espécie tipo do gênero, é um peixe que possui a forma da cabeça pontiaguda, um relativo espaço interorbital e uma placa óssea triangular na região frontal da cabeça. Essa forma é chamada de grupo acutus, encontrado nas diversas espécies de Corydoras stricto-sensu, podendo ser organizadas e distinguidas de todas as outras Corydoras.

Corydoras sterbay



Etimologia do gênero: Cory = capacete, doras = corpo

Especies:
Corydoras acrensis      Nijssen, 1972     
Corydoras acutus     Cope, 1872    
Corydoras adolfoi     Burgess, 1982    
Corydoras aeheus     (Gill, 1858)    
Corydoras agassizi     Steindachner, 1876        
Corydoras albolineatus     Knaack, 2004    
Corydoras amandajanea     Sands, 1995        
Corydoras amapaensis     Nijssen, 1972    
Corydoras ambiacus     Cope, 1872    
Corydoras amphibelus     Cope, 1872        
Corydoras approuaguensis     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras araguaiaensis     Sands, 1990        
Corydoras arcuatus     Elwin, 1938    
Corydoras areio     Knaack, 2000        
Corydoras armatus     (Günther, 1868)        
Corydoras atropersonatus     Weitzman & Nijssen, 1970    
Corydoras aurofrenatus     Eigenmann & Kennedy, 1903    
Corydoras axelrodi     Rössel, 1962    
Corydoras baderi     Geisler, 1969        
Corydoras bicolor     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras bifasciatus     Nijssen, 1972    
Corydoras bilineatus     Knaack, 2002        
Corydoras blochi     Nijssen, 1971    
Corydoras boehlkei     Nijssen & Isbrücker, 1982    
Corydoras boesemani     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras bondi     Gosline, 1940
Corydoras breei     Isbrücker & Nijssen, 1992        
Corydoras brevirostris     Fraser-Brunner, 1947   
Corydoras burgessi     Axelrod, 1987    
Corydoras carlae     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras caudimaculatus     Rössel, 1961    
Corydoras cervinus     Rössel, 1962        
Corydoras cochui     Myers & Weitzman, 1954    
Corydoras concolor     Weitzman, 1961        
Corydoras condiscipulus     Nijssen & Isbrücker, 1980    
Corydoras copei     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras coppenamensis     Nijssen, 1970        
Corydoras coriatae     Burgess, 1997        
Corydoras crimmeni     Grant, 1997        
Corydoras cruziensis     Knaack, 2002        
Corydoras crypticus     Sands, 1995        
Corydoras davidsandsi     Black, 1987        
Corydoras delphax     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras difluviatilis     Britto & Castro, 2002        
Corydoras diphyes     Axenrot & Kullander, 2003        
Corydoras duplicareus     Sands, 1995        
Corydoras ehrhardti     Steindachner, 1910        
Corydoras elegans     Steindachner, 1876    
Corydoras ellisae     Gosline, 1940        
Corydoras ephippifer     Nijssen, 1972    
Corydoras eques     Steindachner, 1876        
Corydoras esperanzae     Castro, 1987        
Corydoras evelynae     Rössel, 1963        
Corydoras filamentosus     Nijssen & Isbrücker, 1983    
Corydoras flaveolus     Ihering, 1911        
Corydoras fowleri     Böhlke, 1950        
Corydoras garbei     Ihering, 1911        
Corydoras geoffroy     Lacepède, 1803        
Corydoras geryi     Nijssen  Isbrücker, 1983        
Corydoras gomezi     Castro, 1986        
Corydoras gossei     Nijssen, 1972    
Corydoras gracilis     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Corydoras griseus     Holly, 1940    
Corydoras guapore     Knaack, 1961    
Corydoras guianensis     Nijssen, 1970        
Corydoras habrosus     Weitzman, 1960    
Corydoras haraldschultzi     Knaack, 1962    
Corydoras hastatus     Eigenmann & Eigenmann, 1888    
Corydoras heteromorphus     Nijssen, 1970        
Corydoras imitator     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras incolicana     Burgess, 1993    
Corydoras isbrueckeri     Knaack, 2004        
Corydoras julii     Steindachner, 1906    
Corydoras kanei     Grant, 1998        
Corydoras lacerdai     Hieronimus, 1995        
Corydoras lamberti     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras latus     Pearson, 1924        
Corydoras leopardus     Myers, 1933    
Corydoras leucomelas     Eigenmann & Allen, 1942    
Corydoras longipinnis     Knaack, 2007        
Corydoras loretoensis     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras loxozonus     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras maculifer     Nijssen & Isbrücker, 1971
Corydoras mamore     Knaak, 2002   
Corydoras melanistius     Regan, 1912    
Corydoras melanotaenia     Regan, 1912    
Corydoras melini     Lönnberg & Rendahl, 1930    
Corydoras metae     Eigenmann, 1914    
Corydoras micracanthus     Regan, 1912    
Corydoras multimaculatus     Steindachner, 1907    
Corydoras nanus     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras napoensis     Nijssen & Isbrücker, 1986        
Corydoras narcissus     Nijssen & Isbrücker, 1980        
Corydoras nattereri     Steindachner, 1876    
Corydoras negro     Knaack, 2004        
Corydoras nijsseni     Sands, 1989        
Corydoras noelkempffi     Knaack, 2004        
Corydoras oiapoquensis     Nijssen, 1972        
Corydoras ornatus     Nijssen & Isbrücker, 1976        
Corydoras orphnopterus     Weitzman & Nijssen, 1970    
Corydoras ortegai     Britto, Lima & Hidalgo, 2007        
Corydoras osteocarus     Böhlke, 1951        
Corydoras ourastigma     Nijssen, 1972        
Corydoras oxyrhynchus     Nijssen & Isbrücker, 1967    
Corydoras paleatus     (Jenyns, 1842)    
Corydoras panda     Nijssen & Isbrücker, 1971    
Corydoras pantanalensis     Knaack, 2001        
Corydoras paragua     Knaack, 2004        
Corydoras parallelus     Burgess, 1993        
Corydoras pastazensis     Weitzman, 1963    
Corydoras paucerna     Knaack, 2004        
Corydoras pinheiroi     Dinkelmeyer, 1995        
Corydoras polystictus     Regan, 1912        
Corydoras potaroensis     Myers, 1927        
Corydoras pulcher     Isbrücker & Nijssen, 1973    
Corydoras punctatus     (Bloch, 1794)   
Corydoras pygmaeus     Knaack, 1966    
Corydoras rabauti     La Monte, 1941    
Corydoras reticulatus     Fraser-Brunner, 1938    
Corydoras reynoldsi     Myers & Weitzman, 1960        
Corydoras robinae     Burgess, 1983    
Corydoras robustus     Nijssen Isbrücker, 1980        
Corydoras sanchesi     Nijssen & Isbrücker, 1967        
Corydoras saraareensis     Dinkelmeyer, 1995        
Corydoras saramaccensis     Nijssen, 1970        
Corydoras schwartzi     Rössel, 1963    
Corydoras semiaquilus     Weitzman, 1964        
Corydoras septentrionalis     Gosline, 1940        
Corydoras serratus     Sands, 1995        
Corydoras seussi     Dinkelmeyer, 1996        
Corydoras similis     Hieronimus, 1991        
Corydoras simulatus     Weitzman  Nijssen, 1970        
Corydoras sipaliwini     Hoedeman, 1965        
Corydoras sodalis     Nijssen & Isbrücker, 1986    
Corydoras solox     Nijssen & Isbrücker, 1983        
Corydoras spectabilis     Knaack, 1999   
Corydoras spilurus     Norman, 1926    
Corydoras steindachneri     Isbrücker
& Nijssen, 1973    
Corydoras stenocephalus     Eigenmann & Allen, 1942    
Corydoras sterbai     Knaack, 1962   
Corydoras surinamensis     Nijssen, 1970        
Corydoras sychri     Weitzman, 1960    
Corydoras treitlii     Steindachner, 1906    
Corydoras trilineatus     Cope, 1872    
Corydoras tukano     Britto & Lima, 2003        
Corydoras undulatus     Regan, 1912        
Corydoras virginiae     Burgess, 1993        
Corydoras vittatus     Nijssen, 1971        
Corydoras weitzmani     Nijssen, 1971    
Corydoras xinguensis     Nijssen, 1972    
Corydoras zygatus     Eigenmann & Allen, 1942




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Scleromystax  Günther, 1864

Originalmente foi estabelecido um subgênero de Callichthys por Günther (1864), e Eigenmann & Eigenmann (1888) transformaram Scleromystax em gênero. Na revisão de Callichthydae, Gosline (1940) sinonimizou Scleromystax em Corydoras. Recentemente Britto (2003) revalidou o gênero Scleromystax e o relacionou com o gênero Aspidoras dentro da tribo Aspidoradini na subfamília Corydoradinae.


Scleromystax barbatus


O gênero Scleromystax é reorganizado por Britto através de cinco sinapomorfias. Facilmentes reconhecidos pelo dimorfismo sexual, os machos adultos apresentam as nadadeiras peitorais alongadas quando comparado com as fêmeas. Os machos sexualmente ativos de algumas espécies (S. barbatus,S. macropterus, C112, C113), apresentam o rosto acima dos barbilhões cobertos com uma estrutura com inúmeros odontodes. Esses odontodes podem desaparecer fora da estação de acasalamento.
A espécie tipo do gênero é Scleromystax barbatus (Quoy & Gaimard, 1824). Britto (2003) lista 4 espécies membros do gênero (S. barbatus, S. macropterus, S. prionotos e uma espécie não descrita no estado de São Paulo identificada como C-number C112). Em 2005, é descrita uma espécie do estado da Bahia, Scleromystax salmacis (Britto & Reis, 2005), anteriormente conhecida como C-numbers C113.


Scleromystax macropterus

As espécies desse gênero são restritas a região de Mata Atlântica, do leste ao sudeste da costa brasileira (estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina), sendo consideradas endêmicas desse local.
Na atualidade, o desmatamento e a poluição desse biótopos, causam grande problemas a fauna endêmica dessas regiões. Um exemplo é Scleromystax macropterus que se encontra vulnerável a extinção.

Etimologia do gênero: Do grego Sclero que significa duro e do latin mystax que significa bigode.

Espécies:
Scleromystax barbatus      (Quoy & Gaimard, 1824)     
Scleromystax macropterus     (Regan, 1913)
Scleromystax prionotos     (Nijssen & Isbrücker, 1980)    
Scleromystax salmacis     Britto & Reis, 2005        


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C-Numbers

Criado pela revista Die Aquarien- und Terrarienzeitschrift – Datz, o C-numbers é um sistema de classificação usado por aquaristas e biólogos, para referir-se a espécies de Corydoradinae que não estão descritas taxonômicamente. Após serem classificados cientificamente, perdem o C-numbers e ganham o nome binomial.


 Corydoras hastatus

Embora útil para as espécies não classificadas, sua base é feita através de fotografias, gerando confusão na identificação de espécies muito parecidas, podendo acontecer de duas ou mais espécies serem classificadas no mesmo C-numbers, devido similaridade na morfologia externa e coloração, tratando-se portanto de uma referência passível de erros.





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Referências:
  • Britto, M. R. 1998. Two new species of the genus Aspi- doras from Central Brazil. Ichthyological Exploration of Freshwaters, 8:359-368. 
  • Britto, M. R. . Aspidoras depinnai (Siluriformes: Callichthyidae): a new species from Northeastern Brazil. Copeia, v. 2000, n. 4, p. 1048-1055, 2000.
  • Britto, M. R. and R.M.C. Castro. 2002. A new cory- doradine catfish (Siluriformes: Callichthyidae) from the upper Parana and Sao Francisco: the sister-group of Bro- chis and most of Corydoras species. Copeia. 1006- 1015
  • Britto, M. R. . Phylogeny of the subfamily Corydoradinae Hoedeman, 1952 (Siluriformes: Callichthyidae), with a definition of its genera.. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia, Philadelphia, v. 153, n. 1, p. 119-154, 2003.
  • Britto, M. R.  and F. C. T. Lima  2003 Corydoras tukano, a new species of corydoradine catfish from the rio Tiquié, upper rio Negro basin, Brazil (Ostariophysi: Siluriformes: Callichthyidae). Neotropical Ichthyology v. 1 (no. 2): 83-91.
  • Fuller, I.A.M. and Evers H.G., 2005. Identifying Corydoradinae Catfish. Verlag A.C.S. GmbH. Hardcover, 384 pages.
  • Nijssen, H. and I. J. H. Isbrucker. 1976. The South Amer- ican plated catfish genus Aspidoras R. von Ihering, 1907, with descriptions of nine new species from Brazil (Pisces, Siluriformes, Callichthyidae). Bijdragen tot de Dierkunde. 46:107-131.
  • Nijssen, H. and I. J. H. Isbriicker. 1980. A review of the genus Corydoras Lacepede, 1803 (Pisces, Siluriformes, Callichthyidae). Bijdrague Dierkunde, 50:190-220.
  • Reis, R. E. 1998a. Anatomy and phylogenetic analysis of the neotropical callichthyid catfishes (Ostariophysi, Si- luriformes). Zoological Journal of the Linnaean Society, 124:105-168.
  • C-numbers 
  • Fishbase 

Fotos: 
Cschoy
Frank Faloone
Rafael Akama
Ricardo Britzke
Sal.Paradise

Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Após perereca, um peixe no caminho do PAC

A construção do Arco Metropolitano, em Seropédica, considerada uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio, poderá sofrer atraso depois da nova descoberta de biólogos, que identificaram no local uma espécie ameaçada e rara de peixe, o Notholebias minimus. Na semana passada, as obras já haviam sido interrompidas depois da localização de uma espécie de perereca ameaçada de extinção.

Exemplar de Notholebias minimus

 Segundo o biólogo Sérgio Potsch de Carvalho e Silva, responsável pelo laboratório de répteis e anfíbios da UFRJ, o peixinho - assim como a perereca Physalaemus soaresi, são uma exclusividade do brejo da Floresta Nacional Mário Xavier. Parte dos 77 quilômetros do arco ocupa 1,6% (cerca de 80 mil metros quadrados) da floresta. A perereca foi descoberta na década de 60, e pesquisas mostram que ela não existe em nenhuma outra área a não ser naquela reserva específica. Com o peixinho, conhecido como killifish, acontece o mesmo. A mata em si não tem grande importância científica, mas tem um significado imenso como habitat dessas espécies - explicou Potsch.

 
 Exemplar de Physalaemus soaresi 

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou na semana passada que a solução para não interromper as obras do PAC seria a instalação de placas de ferro separando o canteiro de obras do habitat da perereca. Técnicos da Secretaria estadual de Obras, do Ibama e do Instituto Chico Mendes estão discutindo o assunto para preservar a Physalaemus soaresi e dar continuidade às obras do Arco Metropolitano. O biólogo Potsch acredita que a construção do muro de metal cercando o brejo, com ações servindo de "bichoduto", proposto pelo governo para salvar as pererecas, é uma medida paliativa. Ele disse não saber que tipo de interferência a cerca pode representar para os animais.

Fonte: O Globo

Fotos: Cyro de Luna