terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma nova espécie de Hemigrammus

Uma nova espécie do gênero Hemigrammus é descrita de afluentes do igarapé Juruti Grande e do rio Arapiuns, baixo rio Amazonas, Estado do Pará, Brasil. Descrita pelos ictiólogos Flávio Lima, Wolmar Wosiaki e Cristiane Ramos como Hemigrammus arua, a nova espécie pode ser facilmente diagnosticada de todos seus congêneres, exceto H. stictus (Durbin), por possuir uma única, grande mancha umeral que se estende da quinta ou sexta escamas à margem posterior da oitava à décima escama da linha lateral. Ela pode ser distinguida de H. stictus por possuir uma extensão da mancha umeral pronunciada e anteriormente orientada, o que lhe confere uma forma de vírgula invertida e por possuir um padrão de colorido distinto em vida.


Coloração em vida: Corpo com coloração marrom da cor de terra. Área opercular, ossos faciais e área abdominal dourada esverdeada brilhante até a base da nadadeira peitoral. Área ventral abaixo da base da nadadeira peitoral prateada. Nadadeiras dorsais, adiposas, caudais, e anais de coloração alaranjado-avermelhadas intenso. Nadadeiras pélvicas amareladas e nadadeiras peitorais translúcidas.


Dimorfismo sexual: Não detectado. Ganchos ósseos na nadadeira anal e pélvicas nos machos maduros não foram encontrados, uma das características mais comuns entre os caracídeos.

Distribuição geográfica: Encontrado no alto rio Arapiuns (rio Branco e rio Aruã), bacia do rio Tapajós


Notas ecológicas: Os espécimes de Hemigrammus arua foram coletados em áreas marginais rasas, com abundantes macrófitas aquáticas, emergentes e não emergentes. Foram encontrados no intestino dos mesmos, larvas de inseto (formas aquáticas e terrestres), insetos e vegetal.

Etimologia. Arua faz alusão a localidade tipo do espécime, um substantivo na justaposição.


Para saber mais: LIMA, F. C. T. ; WOSIACKI, W. B. ; RAMOS, C. Hemigrammus arua, a new species of characid (Characiformes: Characidae) from the lower Amazon basin, Brazil. Neotropical Ichthyology, v. 7, p. 153-160, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Nova espécie de Moenkhausia

Uma nova espécie do gênero Moenkhausia é descrita no rio Sepotuba, bacia do rio Paraguai, Brasil. Descrita pelos ictiólogos brasileiros Ricardo Benine, Tatiane Mariguela e Cláudio de Oliveira, a nova espécie foi denominada Moenkhausia forestii. Essa nova espécie é diagnosticada de seus congêneres por caracteres relacionados ao padrão de colorido do corpo, número de escamas da linha lateral, grau de desenvolvimento dos poros sensoriais na linha lateral e número de séries de escamas acima e abaixo da linha lateral.
Uma análise molecular usando sequências parciais do gene mitocondrial Citocromo Oxidase I de espécimes representativos da nova espécie e espécimes pertencentes a espécies morfologicamente similares demonstrou que M. forestii é facilmente diferenciada por sua elevada distância genética e por sua posição na hipótese filogenética obtida pelo método de máxima parcimônia. A análise de três amostras de M. oligolepis também revelou que estas apresentam distâncias genéticas elevadas e pertencem a grupos monofiléticos distintos, sugerindo que esta espécie corresponda a um complexo de espécies e não uma única espécie.


Coloração: Prata escuro a amarelado (dependendo do grau de retenção da guanina). Cromatóforos escuros concentram-se na margem das escamas, tendo como resultado o padrão reticulado conspícuo. Região dorsal mais escura do que flancos. Região umeral com a mancha triângular. Poucos cromatóforos escuros dispersos nos infraorbitais e opérculo. Listra fina e escura que estende ao longo da metade posterior do corpo. Nadadeira caudal com uma mancha escura. Pedúnculo caudal com muitos pigmentos escuros dispersos, tendo como resultado uma mancha conspícua e uma área mais clara antes. Nadadeira dorsal com a pigmentação escura dispersa, concentrada mais na metade anterior. Nadadeira anal com pigmentação escura dispersa.


Distribuição geográfica: Moenkhausia forestii é encontrada no rio Sepotuba. Este é um tributário do alto Paraguaí.


Etimologia: Forestii, epíteto específico, em honra a Fausto Foresti, por suas contribuições para o conhecimento da genética de peixes.

Dimorfismo sexual: Ganchos ósseos nas nadadeira anal nos machos.



Para saber mais: Benine, R.C.; Mariguela, T.C.; Oliveira, C. New species of Moenkhausia Eigenmann, 1903 (Characiformes: Characidae) with comments on the Moenkhausia oligolepis species complex. Neotropical Ichthyology, v. 7, n. 2, 2009.

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um caracídeo raro e pouco conhecido

O gênero Rachoviscus foi proposto por Myers em 1926 para abrigar a espécie tipo R. crassiceps.
A descrição da espécie foi baseada na análise de dois exemplares provenientes dos arredores do Rio de Janeiro, que foram transportados para a Alemanha por Arthur Rachow via comércio de peixes ornamentais para aquarismo.

Weitzman & Cruz (1981) não concoradam com a hipótese de que o material utilizado por Myers na descrição seja proveniente do Rio de Janeiro, pois esta espécie nunca mais foi encontrada nos riachos costeiros deste Estado. A hipótese mais aceita é de que a localidade-tipo seja o sul da cidade de Paranaguá, no estado do Paraná, pois os autores utilizaram novos exemplares capturados nessa região para a redefinição da localidade tipo de R. crassiceps.


Rachoviscus crassiceps

Os mesmos autores descrevem ainda uma segunda espécie para o gênero, R. graciliceps, na região costeira da Bahia, a aproximadamente 1 km ao norte da cidade de Prado - BA, a qual é facilmente distinguida de R. crassiceps. Os primeiros registros de R. graciliceps na natureza datam de 1977, segundo os autores.

Segundo Abilhoa, Bastos & Wegbecher (2007), a principal dieta de R. crassiceps inclui microcrustáceos, insetos aquáticos e terrestres, algas, matéria orgânica e aracnídeos, sendo que os indivíduos maiores se alimentam principalmente de insetos terrestres, insetos imaturos aquáticos (larvas e pupas) e algas filamentosas; enquanto que os indivíduos menores alimentaam-se basicamente de insetos imaturos aquáticos e microcrustáceos. Embora não se tenha estudos alimentares de R. graciliceps, com certeza esta espécie também possui os mesmos hábitos alimentares.


Rachoviscus graciliceps

Ambas espécies vivem riachos de água escura com cor de chá, sendo encontrados somente em ambientes preservados. Se destacam pelo belo colorido com tons de vermelho no corpo e de amarelo sobre as nadadeiras, despertando os interesses de aquaristas de todo o mundo, mas mesmo em cativeiro são considerados raros.

Desde 2005 se encontram na lista vermelha de fauna ameaçada do IBAMA, por serem bem vulneráveis às alterações ambientais, como a destruição de seus habitats em decorrência dos processos de ocupação humana.


Referência Bibliográficas

Abilhoa, V. ; Bastos, L. P. ; Wegbecher, F. X. Feeding habits of Rachoviscus crassiceps (Teleostei: Characidae) in a coastal Atlantic rainforest stream, southern Brazil. Ichthyological Exploration of Freshwaters, v. 18, p. 227-232, 2007.

Machado, A. B. M. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo s espécies quase ameaçadas e deficientes em dados/ A. B. M. Machado, C. S. Martins & G. M. Drummond. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 160p.

Myers, G. S. Eine neue Characinidengattung der Unterfamilie Cheirodontinae aus Rio de Janeiro, Brasilien. Blätter für Aquarien- und Terrarien-Kunde. Stuttgart. v. 37 (no. 24): 1-2, 1926.
Sarmento-Soares, L. M., MARTINS-PINHEIRO, R. F. Rachoviscus graciliceps (Characidae: Incertae Sedis) sobrevivente nos pequenos riachos do extremo sul da Bahia, Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia, v. 85, p. 4-5, 2006.
Weitzman, S. H.; Cruz, C. A. G. The South American fish genus Rachoviscus, with a description of a new species (Teleostei: Characidae). Proceedings of the Biological Society of Washington v. 93 (no. 4): 997-1015, 1981.
Fotos:

Frank Teigler
Peter and Martin Hoffmann

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nova espécie de peixe na Bacia do rio Jequitinhonha


Biólogos da CEMIG descobriram na bacia do rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma nova espécie de peixe. O animal é um tipo de piau descoberto no córrego Vacaria, no município de Padre Carvalho. A descoberta é fruto do monitoramento realizado pela equipe de ictiofauna como parte das ações ambientais da usina.
O piau (gênero Leporinus) tem pequeno porte, cerca de 10 cm, e possui como característica marcante a presença de bolas escuras grandes e médias distribuídas ao longo do corpo.



Leporinus sp.

O trabalho da equipe de peixes, desenvolvido sob a coordenação do Programa Peixe Vivo da Cemig, acontece na área do reservatório da usina. As ações buscam monitorar o reservatório e seu entorno e descobrir áreas de reprodução dos peixes antes e depois da barragem e nos principais afluentes do Jequitinhonha.

As atividades de estudo de peixes são desenvolvidas no rio Jequitinhonha desde a localidade de Terra Branca, no município de Bocaiúva, acima do reservatório. Ocorre também em áreas do reservatório, como Malhada, em José Gonçalves de Minas, e em cursos d’ água que deságuam ainda em localidades como o córrego Vacaria e a próximo à comunidade do Jatobá, em Coronel Murta.
De acordo com o biólogo Francisco Andrade Neto as campanhas realizadas na região vai compor um banco de dados importante. – Com ele, poderemos identificar os locais de ocorrência dos peixes, sua dieta, hábitos reprodutivos e a variedade existente. Tudo isso facilitará a identificação da densidade de peixes e a definição de medidas de preservação, acredita.





ESPÉCIE
Segundo Francisco Andrade, o piau encontrado agora provavelmente tem distribuição restrita. – Nas seis vezes em que nós capturamos esse peixe, foi sempre na mesma região do Vacaria, no município do Padre Carvalho, salienta. No entanto, o biólogo ressalta a importância da descoberta, uma vez que a ictiofauna nativa ainda é pouco estudada.
No rio Jequitinhonha ocorre 35 espécies de peixes descritas, entre ele o gênero “leporinus”, que inclui o piau encontrado. Há quatro grupos de piau conhecidos. Nesses grupos, existem seis espécies restritas à bacia Amazônica e rio Orenoco e outra é endêmica da Bacia do São Francisco. A descoberta será confirmada cientificamente, trabalho que vem sendo feito por pesquisadores da Fundação Biodiversitas.



Fonte: O Norte de Minas