quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Aniversário de 8 anos + Uma nova espécie de Apistogramma

Mais uma ano se passou, e o NATURE PLANET completa 8 anos no ar.
Mesmo offline por algum tempo, o blog retorna novamente para seguir seu propósito.

Pra você que pensou que não haveria comemoração de aniversário mais uma vez, aqui apresentamos mais uma matéria. E aguardem novidades em breve.


Uma nova espécie de Apistogramma é descrita pelos ictiólogos Ricardo Britzke, Claudio Oliveira e Sven Kullander na bacia do Rio Ampiyacu no Peru. Apistogramma ortegai se distingue de outras espécies do gênero pelas combinações: barra 7 conectada com a mácula na nadadeira caudal, presença de listras abdominais, membranas curtas na nadadeira dorsal  em ambos sexos, ausência de linhas verticais na nadadeira caudal e reduzido número de escamas pré-dorsal e pré-pélvica.  

Coloração em vida de Apistogramma ortegai

Apistogramma ortegai pertence ao grupo de espécies Apistogramma regani, diagnosticada pela presença de barras verticais, faixa lateral, listras na cabeça iniciando-se a partir da órbita (suborbital, preorbital, pós-orbital, supraorbital), mancha escura na nadadeira dorsal anterior, 3-4 fileiras de dentes na mandíbula, escamas com túbulos na linha lateral inferior, corpo relativamente alto, 1-4 rastros ceratobranquiais e ausência de mancha lateral. Todas as espécies do grupo Apistogramma regani possuem 4 poros infraorbitais e 5 poros dentais.

Etimologia. O nome é uma homenagem ao Professor Hernán Ortega Torres, ictiólogo do Museo de Historia Natural, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, Peru, em reconhecimento da sua grande dedicação e contribuição ao estudo dos peixes do Peru.
 
Distribuição e habitat. Apistogramma ortegai é conhecida de um pequeno córrego afluente (quebrada) do Rio Ampyiacu no município de Pebas. Todas as amostras foram coletadas ao longo da margem, com a maioria de sua área dentro de uma densa floresta de difícil acesso. O córrego tinha água limpa e ácida, pH 6.0, temperatura 26°C, e uma profundidade de 50 cm. O substrato era composto principalmente por areia e folhas, com um pouco de argila. Vegetação aquática não estava presente. Espécies coletadas juntamente com A. ortegai foram A. bitaeniata, Bujurquina peregrinabunda, Crenicichla sp., Cichlasoma amazonarum, Acestrocephalus sp., Astyanax bimaculatus, Characidium sp., Knodus sp., Leporinus sp. aff. friderici, Moenkhausia margitae, Moenkhausia oligolepsis, Pyrrhulina semifasciata, Ituglanis sp., Rhamdia sp., Gymnotus sp. Sternopygus macrurus
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  Localidade tipo de Apistogramma ortegai

Para saber mais:
Britzke, R., C. Oliveira & S. O. Kullander. 2014. Apistogramma ortegai (Teleostei: Cichlidae), a new species of cichlid fish from the Ampyiacu River in the Peruvian Amazon basin. Zootaxa, 3869: 409-419

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2014 ©

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Aniversário de 7 anos atrasado + Uma nova espécie de Killifish

Após uma longa data sem postagens, retornamos para comemorar o aniversário do ano anterior, quando o blog cumpriu 7 anos.




Para comemorar o sétimo ano, apresentamos a descrição de uma maravilhosa espécie de Killifish.
 
Uma nova espécie do gênero Maratecoara  é descrita pelos ictiólogos Dalton Nielsen, Mayler Martins e Ricardo Britzke na bacia do Rio Xingu.  


 Maratecoara gesmonei, ZUEC 7851, holótipo, macho, 23.4 mm SL.

Maratecoara gesmonei é encontrada em uma poça temporária em uma ilha fluvial no médio rio Xingu, estado do Pará, Brasil. Esta é a primeira ocorrência do gênero na drenagem do Rio Xingu, bacia Amazônica. A nova espécie difere de todas as congêneres pelo padrão único de cor com ausência de linhas horizontais e pequenas manchas laranjas escuras na porção antero-dorsal dos flancos (vs. 2-3 na M. lacortei, 3 em M. formosa e M. splendida), ou barras oblíquas laranjas (vs. 4-5 barras oblíquas laranja em M. formosa, 3-4 em M. splendida ou uma grande mancha em M. lacortei). Adicionalmente, a nova espécie pode ser diagnosticada de suas congêneres pela menor altura do corpo (23.7- 25.9% SL vs. 30.4-40.0% SL), menor altura pedúnculo caudal (13.0-15.5% SL vs. 17.1-21.6% SL) e pelo menor número de vértebras, 25-26 (vs. 27-28 em M. lacortei, 26-27 em M. formosa e 27 em M. splendida).


Etimologia.
Em homenagem a Gesmone Fernandes Godoy, o descobridor da espécies


 Maratecoara gesmonei, LBP 18387, paratipo, fêmea, 24.5 mm SL.


Distribuição geográfica.
Atualmente conhecida apenas na localidade tipo, uma poça temporária em uma ilha fluvial no médio rio Xingu, estado do Pará, Brasil.



Habitat. 
Poça anual relativamente grande coberta em sua maioria com densa floresta. A temperatura da água foi de 26,5 ° C a uma profundidade de 25 cm, enquanto na zona marginal da poça a uma profundidade de 5 cm tinha temperatura de 27,5 ° C. A profundidade média da poça foi de foi de 0,5 m, com áreas mais profundas com cerca de 1,20 m. Cor da água era escura e ácida, com pH 5,5. Outras espécies de peixes anuais coletados simpatricamente foram Pituna xinguensis e Plesiolebias Altamira. A poça estava começando a secar e os coletores também encontraram juvenis de Moenkhausia xinguensis, M. ceros, Jupiaba sp., Hyphessobrycon sp., Thayeria boehlkei; Serrassalmus sp., e Hoplias malabaricus. Outros animais aquáticos registrados no local eram girinos e caranguejos de água doceMaratecoara gesmonei sempre foi encontrada em áreas próximas a margem com troncos submersos nas proximidades, em cerca de 50 cm de profundidade, enquanto Pituna xinguensis foi encontrados em áreas mais rasas (cerca de 5 cm de profundidade) e Plesiolebias altamira em áreas mais profundas (cerca de 1 metro de profundidade).


 Localidade tipo de M. gesmonei

Para saber mais:
Nielsen, D.T.B., Martins, M. & Britzke, R. (2014): Description of a new species of annual fish, Maratecoara gesmonei (Cyprinodontiformes: Rivulidae) from the rio Xingu system, Amazon basin, Brazil. aqua, International Journal of Ichthyology, 20 (2): 87-96.


Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2014 ©