sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um caracídeo raro e pouco conhecido

O gênero Rachoviscus foi proposto por Myers em 1926 para abrigar a espécie tipo R. crassiceps.

A descrição da espécie foi baseada na análise de dois exemplares provenientes dos arredores do Rio de Janeiro, que foram transportados para a Alemanha por Arthur Rachow via comércio de peixes ornamentais para aquarismo.

Weitzman & Cruz (1981) não concoradam com a hipótese de que o material utilizado por Myers na descrição seja proveniente do Rio de Janeiro, pois esta espécie nunca mais foi encontrada nos riachos costeiros deste Estado. A hipótese mais aceita é de que a localidade-tipo seja o sul da cidade de Paranaguá, no estado do Paraná, pois os autores utilizaram novos exemplares capturados nessa região para a redefinição da localidade tipo de R. crassiceps.


Rachoviscus crassiceps

Os mesmos autores descrevem ainda uma segunda espécie para o gênero, R. graciliceps, na região costeira da Bahia, a aproximadamente 1 km ao norte da cidade de Prado - BA, a qual é facilmente distinguida de R. crassiceps. Os primeiros registros de R. graciliceps na natureza datam de 1977, segundo os autores.

Segundo Abilhoa, Bastos & Wegbecher (2007), a principal dieta de R. crassiceps inclui microcrustáceos, insetos aquáticos e terrestres, algas, matéria orgânica e aracnídeos, sendo que os indivíduos maiores se alimentam principalmente de insetos terrestres, insetos imaturos aquáticos (larvas e pupas) e algas filamentosas; enquanto que os indivíduos menores alimentaam-se basicamente de insetos imaturos aquáticos e microcrustáceos. Embora não se tenha estudos alimentares de R. graciliceps, com certeza esta espécie também possui os mesmos hábitos alimentares.


Rachoviscus graciliceps

Ambas espécies vivem riachos de água escura com cor de chá, sendo encontrados somente em ambientes preservados. Se destacam pelo belo colorido com tons de vermelho no corpo e de amarelo sobre as nadadeiras, despertando os interesses de aquaristas de todo o mundo, mas mesmo em cativeiro são considerados raros.

Desde 2005 se encontram na lista vermelha de fauna ameaçada do IBAMA, por serem bem vulneráveis às alterações ambientais, como a destruição de seus habitats em decorrência dos processos de ocupação humana.


Referência Bibliográficas

Abilhoa, V. ; Bastos, L. P. ; Wegbecher, F. X. Feeding habits of Rachoviscus crassiceps (Teleostei: Characidae) in a coastal Atlantic rainforest stream, southern Brazil. Ichthyological Exploration of Freshwaters, v. 18, p. 227-232, 2007.

Machado, A. B. M. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo s espécies quase ameaçadas e deficientes em dados/ A. B. M. Machado, C. S. Martins & G. M. Drummond. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 160p.

Myers, G. S. Eine neue Characinidengattung der Unterfamilie Cheirodontinae aus Rio de Janeiro, Brasilien. Blätter für Aquarien- und Terrarien-Kunde. Stuttgart. v. 37 (no. 24): 1-2, 1926.
Sarmento-Soares, L. M., MARTINS-PINHEIRO, R. F. Rachoviscus graciliceps (Characidae: Incertae Sedis) sobrevivente nos pequenos riachos do extremo sul da Bahia, Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia, v. 85, p. 4-5, 2006.
Weitzman, S. H.; Cruz, C. A. G. The South American fish genus Rachoviscus, with a description of a new species (Teleostei: Characidae). Proceedings of the Biological Society of Washington v. 93 (no. 4): 997-1015, 1981.
Fotos:

Frank Teigler
Peter and Martin Hoffmann

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©

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