Inpaichthys kerri, Gery & Junk, 1977
Origem: Brazil, Amazonas, Rio Aripuanã.
Primeira importação: Alemanha, 1977, por Heiko Bleher.Descrição
Um pequeno e brilhantemente colorido tetra é aqui descrito, descoberto perto da estação do Núcleo Aripuanã, no norte do Mato Grosso, pela equipe de ictiologia durante recente expedição de coleta. É uma importante adição para a fauna amazônica, não somente por apresentar um novo e raro peixe, mas também por apresentar um colorido azulado tipo neon, que poderá torna-lo importante peixe de aquário, assim como os ''neons-tetras'' (Paracheirodon innesi e P. axerold)
Inpaichthys n. gen. (novo gênero)
Assim designado em homenagem ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Brasil
Espécie tipo: Inpaichthys kerri n. sp. (nova espécie)
Peixe tetragonopteríneo de pequeno tamanho, caracterizado como Hyphessobrycon (''sensu lato''), pela linha lateral incompleta e nadadeira caudal nua, mas único entre os Tetragonopterinae por possuir as seguintes características:
Boca subsuperior, dentes tricuspidados em duas séries muito irregulares no pré-maxilar; a série interna geralmente composta de somente dois dentes medianos em cada lado; maxilar dentado em metade de sua borda, geralemnte com 7 a 8 dentes tricuspidados a cônicos; suborbital grande, inteiro em contato com o canal preopercular; madadeira dorsal claramente atrás do meio do corpo e pedúnculo relativamente profundo.
Colorido peculiar, podendo parecer um carácter genérico, consistindo em uma larga e conspícua faixa longitudinal da mandíbula a nadadeira caudal, bastante decurvada em direção ao ventre do peixes. Em vida, a metade dorsal do corpo é azulada irrisdecente, brilhando como lâmpadas neon.
Discussão
Este novo gênero é difícil de situar.De acordo com sua organização geral e a despeito a ausência de glândula caudal, mostra estar próximo a certos gêneros de Glandulocaudinae, como dito acima podendo assemelhar-se a Coelurichthys tenius (hoje Mimagoniates lateralis), também um tetra azul o qual tem muito mais escamas e diferente dentição.
Inpaichthys também recorda Nematobrycon, pequeno tetra do nordeste neotropical (drenagem do Pacífico), pertencente ao grupo Hemibrycon dos Tetragonopterinae, caracterizado pela presença de um lóbulo mediano apontado e ausência de nadadeira adiposa. Os dois gêneros diferem algo consideravelmente em suas dentições.
Outras afinidades poderiam ser vistas com Hyphessobrycon melanopleurus Ellis, 1911, endêmico do rio Tiête, que também poderia ser um novo gênero e com Rachoviscus crassiceps Myers, 1926; também raro entre os Tetragonopterinae, situado próximo a Paragoniates. Ambas espécies tem uma dentição diferente de Inpaichthys n. gen.
Finalmente, há um outro raro e pequeno Tetra que aparenta ter dentição pré-maxilar semelhante ao do novo gênero: Bryconella pallidifrons Fowler, 1946; do alto Amazonas. Inpaichthys difere de Bryconella principalmente no hábito, coloração, maxilar denteado e estrutura dos postorbitais, e não parece pertencer a mesma linha filogenética.
Inpaichthys kerri n. sp.
Assim designado em homenagem ao Dr. Warwick Estevan Kerr, diretor do INPA
Notas sobre a localidade tipo
A estação do INPA foi implantada na cidade de Humboldt, Aripuanã, MT; acima das grandes cachoeiras de Dardanelas e Andorinhas, no alto rio Aripuanã, tributário do rio Madeira.
Dados ecológicos
Inpaichthys kerri vive nas áreas ensolaradas e de correnteza dos igarapés pertencentes ao sistema fluvial do Queimada, tributário do alto rio Aripuanã, que apresenta águas moles e ácidas.
Estes igarapés de floresta são habitados por uma rica e abundante fauna aquática. Parecem viver em associação com outro pequeno Tetra que apresenta uma faixa lateral reta, Hyphessobrycon cf. cachimbensis, Travassos, 1964; sendo bem menos abundante que o último, na proporção de 1/200. Conforme seu comportamento em aquário, Inpaichthys kerri é peixe de cardume, se alimentando principalmente na superfície, sendo sua principal dieta insetos caídos. Extremamente ativo, não é tímido e nem sensível ao transporte ou a mudanças de água. A exibição dos machos pode ocorrer junto ao fundo.
Para saber mais:
Curiosidades
Hoje a espécie não pertence mais a subfamília Tetragonopterinae, ele permanece em Incertae sedis na família Characidae.
Fotos
Minoru Nagayama
Agradecimentos
A Thiago Nilton Pereira por ceder o artigo original
Adaptado por Ricardo Britzke © Copyright 2009 ©
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