segunda-feira, 21 de junho de 2010

O gênero Mikrogeophagus

Um gênero que até algumas décadas atrás era muito confuso. A princípio, a espécie tipo do gênero, Mikrogeophagus ramirezi, foi descrita por Myers & Harry em 1948 como Apistogramma ramirezi. O mesmo por diferir do gênero Apistogramma por caracteres ecológicos e morfológicos, sempre causou discussão onde seria melhor alocado, em Apistogramma, Microgeophagus ou Papiliochromis

 Mikrogeophagus ramirezi var. ouro

A situação foi discutida por Robins & Bailey em 1982, chegando a conclusão que Mikrogeophagus era o nome válido para o gênero, por ter sido usado por Axelrod em 1971 no segundo livro sobre Peixes de Aquário e Criação, como a espécie tipo por monotipia de Apistogramma ramirezi. No mesmo livro, Axelrod considera Pseudoapistogramma  Axelrod 1971 como "nomen nudem", assim como Pseudogeophagus Hoedeman 1974. Kullander em 1977 ao revisar as espécies Apistogramma ramireziCrenicara altispinosa, cria um novo gênero baseado em caracteres diagnósticos, o qual é provavelmente relacionado com os gêneros Geophagus e Biotodoma,  gerando a nova combinação Papiliochromis ramirezi e Papiliochromis altispinosus respectivamente. 

 Mikrogeophagus ramirezi var. German Blue

 Mas Mikrogeophagus foi usado pela primeira vez por Frey em 1957,  em seu livro "Das Aquariun von A by Z" indicando a espécie conhecida até então como Apistogramma ramirezi como Mikrogeophagus ramirezi, sendo esta a espécie tipo por monotipia. 
A pergunta era então se esse nome seria válido. Alguns consideraram uma proposta provisória e conseqüentemente não admissível perante as regras de nomenclatura zoológica e outros consideraram sem sombra de dúvidas um nome válido que designava mesmo uma espécie incluída. Este provavelmente foi um daqueles problemas taxonômicos que não podem ser estabelecidos exceto com as regras da ICZN.
Após essa grande confusão, o nome válido do gênero tornou-se Mikrogeophagus, sendo a espécie tipo, Mikrogeophagus ramirezi. Atualmente são duas espécies válidas para o gênero.

 Mikrogeophagus altispinosus

Etimologia: O nome deriva do grego, onde Mikros = pequeno; geo = terra e phagus = comedor, que significa pequeno comedor de terra.

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Mikrogeophagus ramirezi (Myers & Harry)

Microgeophagus ramirezi (Myers & Harry, 1948)
Papiliochromis ramirezi (Myers & Harry, 1948) ;
Apistogramma ramirezi Myers & Harry,1948;
Mikrogeophagus ramirezi Frey, 1959;
Microgeophagus ramirezi Scheel, 1971;
Geophagus Ramirezi Frey, 1971 .

Mikrogeophagus ramirezi forma selvagem

A espécie foi descrita por George Myers e Harry em 1948 na extinta Aquarium Magazine, onde Myers era o editor.
É encontrada na bacia do Rio Orinoco, nas planícies da Venezuela  (río Guarico, Guariquito, Palenque, Amapa)  e nas planícies da Colômbia (Rio Meta). Em 1946 Axelrod trouxe os primeiros exemplares para os Estados Unidos. Posteriormente, se iniciou a exportação de exemplares do Rio Apure, na Venezuela no ano de 1947, e em 1948 começou a exportação para a Europa.

Morfologia: Corpo mais largo lateralmente, com dorso e ventre arredondados. Nadadeira dorsal mais longa no início e no final desta, com os três primeiros raios de coloração negra.  Nos exemplares machos o final das nadadeiras são mais compridas. Faixa negra que passa através dos olhos. Corpo amarelo com  pontos azuis irisdescente por todo o corpo. Mácula ovalada negra no meio do corpo que se extende verticalmente na base da nadadeira anal. 

Diferenças Sexuais: Os machos são maiores que as fêmeas (7 cm vs. 5 cm).  Seus raios da nadadeira dorsal são maiores do que da fêmeas. A fêmea apresenta ventre mais ovalado com coloração rosada.

Etimologia: O nome Ramirezi é em homenagem a coletor da espécie Manoel Vicente Ramirez.

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Mikrogeophagus altispinosus (Haseman, 1911)

Crenicara altispinosa (Haseman, 1911) 
Microgeophagus altispinosus  (Haseman, 1911)
Papiliochromis altispinosus (Haseman, 1911)

Mikrogeophagus altispinosus

A espécie foi descrita originalmete por Haseman em 1911, sendo sua localidade tipo o Rio Mamoré em San Joaquin, Província de Beni, Bolívia. Em seu habitat natural a espécie ocorre em córregos e em associações de água doce permanentes.
Ocorre nas drenagens do rio Mamoré na Bolívia e Guaporé no Brasil. O morfótipo encontrado na bacia do Rio Guaporé é particularmente diferente da forma encontrada na localidade tipo, sendo conhecida como Mikrogeophagus sp. " Zweifleck/Two-patch".
A espécie foi exportada pela primeira vez para a Alemanha no ano de 1980, e em seguida para os EUA, tornando-se muito popular no hobby a partir dessa data.

Mikrogeophagus altispinosus (Mikrogeophagus sp. " Zweifleck/Two-patch")

Dimorfismo sexual: Os machos são maiores do que fêmeas e mais coloridos (5 cm vs. 3 cm). As fêmeas são mais amarelas no peito.

Etimología: do Latim alt = alto e spino = espinho, que significa nadadeira de espinhos altos.


Referências:
Robins, C. R. and R. M. Bailey, 1982, "The status on the generic names Microgeophagus, Pseudogeophagus, and Papiliochromis (Pisces: Cichlidae)", "Copeia" 1982 (1): pp. 208- 210. 
Kullander, S.O. 1977. Papiliochromis gen.n., a new genus of South American cichlid fish. Zool. Scr. 6: 253-254.
Californian Academy Science 

Fotos:
Benny NG
Ck Yeo
Rodrigo Machini

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke © Copyright 2010 ©

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