Expedição conjunta IBAMA/USP resulta na confirmação de existência de nova espécie de peixe caverníco.
O IBAMA juntamente com a Universidade de São Paulo realizou no início do mês uma expedição voltada à localização de nova espécie de peixe cavernícola no município de Posse-GO.
O animal foi avistado pela primeira vez ao fim de 2005 pelo espeleólogo Luiz Ricardo da Silva e pela bióloga e espeleóloga Geovana Maria Vidal Rosa, numa expedição de rotina promovida pelo CECAV, Centro de Estudo Proteção e Manejo de Cavernas, órgão do IBAMA voltado à proteção dos ecossistemas cavernícolas.
A referida bióloga ao perceber a possibilidade de tratar-se de nova espécie de peixe cavernícola reportou o fato em relatório, anexando diversas fotos do peixe. Esse documento foi devidamente encaminhado à pesquisadora da USP Profª Eleonora Trajano, principal responsável pelo estudo de peixes cavernícolas na Universidade.
De imediato a pesquisadora interessou-se pelo material, demonstrando interesse em verificar "in loco" o habitat do animal. Assim sendo, uma equipe da USP formada por especialistas (não só em peixes, mas também em artrópodes), juntou-se à equipe do CECAV/IBAMA e no período de 26 de março a 03 de abril várias cavernas da região do nordeste goiano foram inspecionadas.
Coleta do peixe
Do total de cavernas visitadas, em três delas comprovou-se a ocorrência do animal. Alguns exemplares foram coletados e levados para identificação nos laboratórios da USP. Trata-se de um pequeno peixe despigmentado (em torno de 5cm) da ordem Siluriformes, família Callichthyidae, gênero ainda indeterminado, podendo ser Corydora ou Aspidora. Alguns exemplares do animal encontram-se totalmente desprovidos de olhos: prova inequívoca de especiação adaptativa para o ambiente cavernícola. Este peixe assume especial importância científica por ser o primeiro registro no Brasil de organismo da família Callichthyidae com adaptações troglomórficas, isto é, adaptações para vida em ambientes desprovidos de luz.
Em duas das três cavernas onde os exemplares da família Callichthyidae foram avistados, constatou-se a ocorrência de outra espécie de peixe cavernícola (um bagrinho) pertencente à Família Trichomycteridae, Gênero Ituglanis ou Trichomycterus, ainda a ser definido em estudos de laboratório, não devendo descartar-se a hipótese de também tratar-se de nova espécie animal.
O intercâmbio de informações entre o IBAMA/CECAV e a USP tem se mostrado produtivo, haja vista que há cerca de três anos outra espécie de peixe troglóbio foi identificado no município de Mambaí. Tratava-se de uma Espécie nova de bagrinho cavernícola (candiru) da família Trichomycteridae, gênero Ituglanis, ainda sob estudos para descrição em nível de espécie.
Desta forma, a região do nordeste goiano vem se firmando como a maior concentração de peixes cavernícolas do Brasil, uma vez que o peixe agora estudado deverá ser a 13ª espécie troglóbia (adaptada para a vida subterrânea) do Estado de Goiás e a 21ª do Brasil.
Segundo Augusto Motta, Coordenador do CECAV em Goiás, por ocasião desta expedição, foram localizadas pela equipe do CECAV mais sete novas cavernas, sendo que a maior delas possui 2 km de galerias subterrâneas.
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